WOM Reviews – Head Of Jeddore / Ghost Iris / Solution 13 / Smokeheads / The Five Hundred / Death Perception / Holding Absence / Beleth
WOM Reviews – Head Of Jeddore / Ghost Iris / Solution 13 / Smokeheads / The Five Hundred / Death Perception / Holding Absence / Beleth
Head Of Jeddore – “How To Slaughter A Lamb”
2021 – Edição de Autor
Não é por ter tido já uma ou duas ocasiões em que os comunicados de imprensa me mandam ir à procura de gambuzinos que eu eu fico desconfiado. É por já ter tido bastantes ocasiões e quando vejo comparações com Mr.Bungle, System Of A Down e Melvins, o sentimento é de incredulidade mas dura pouco tempo. Compreende-se perfeitamente as comparações, primeiro a nível vocal, com uma voz versátil mas também a lembrar tanto Serj Tankian como Mike Patton. Musicalmente a coisa não é tão imediata com os nomes em questão mas é interessante para que nos deixe presos. Não é um regresso ao nu metal mas uma mistura muito válida entre o universo mais vasto do alternativo, com peso metal em cima. Os Head Of Jeddore, que falta acrescentar que é um projecto de Greg Dawson (dos Olde e Grale), foram uma excelente surpresa que intrigam tanto quanto cativam. A música precisa de coisas assim.
8.5/10
Fernando Ferreira
Ghost Iris – “Comatose”
2021 – Long Branch
Depois de uma pausa do comentário de música, volto com uma nova abordagem da coisa: analisar apenas a música e deixar de parte todos os seus tons característicos como nacionalidade e subgénero (no sentido estrito). Vi a luz do Senhor e a partir de agora opto pelo mergulho no escuro. Começo este novo caminho com os Ghost Iris, uma banda que hoje oferece aos meus ouvidos o álbum Comatose. O som inicial deste álbum pode ser algo enganador; de início pensei até que seria um trabalho de death metal mais alternativo que se introduzia através de riffs pesaditos e tensos. Contudo, com o passar dos segundos, a sua sonoridade acabou por se revelar como sendo uma dedicada aos tons mais melódicos do metalcore. Isto acontece porque em várias das faixas, a “orquestra” tende a se guiar pelo voz limpa ocasional que procede a melodizar grande parte do restante contexto musical, tornando por vezes um nadita “chorão”. Ora, o facto de ser mais ou menos “chorão” não é tanto uma crítica ao álbum como o é em relação ao género musical em si. A verdade é que Comatose consegue ser um trabalho pesado, mas ao mesmo tempo leve de se ouvir enquanto mantem também qualidade suficiente para agarrar o interessa do ouvinte. O bicho que mais se meteu debaixo da pele, no meu caso, foi mesmo a da voz limpa, já que para mim é demasiado limpa, mas como já se sabe, essa é uma questão de gostos individuais.
8/10
Matias Melim
Ossaert – “Bedehuis”
2021 – WormHoleDeath
Fiquei curioso em tentar perceber porque é que a primeira impressão foi de que estaria perante uma banda old school apesar da sua tonalidade groove e moderna – que não é reflectida na produção, que felizmente preserva uma toada orgânica. A resposta mais simples é por se tratar de uma banda que já tem uma carreira que começou há mais de duas décadas atrás. Tudo bem, tiveram um hiato de dezassete anos após terem lançado o álbum de estreia auto-intitulado e este é o álbum de regresso, mas nota-se que a metadologia de trabalho não é de agora. Passando por cima dessa primeira abordagem, mais do que encontrar elementos datados, encontramos grandes músicas, com melodia e peso, algures entre o heavy/thrash, o alternativo e o groove. Não soa à música da moda de agora mas é a prova que independentemente do estilo, se soar bem, vai soar bem em qualquer altura.
8/10
Fernando Ferreira
Smokeheads – “Never Prick My Pickles”
2021 – Wormholedeath
Título de trabalho caricato… mas um som com capacidade de superar esse e qualquer outro obstáculo. A produção é cheia mas a música não se aproveita disso para explorar essas vantagens até à exaustão. Aliás, a versatilidade e a musicalidade é mesmo um ponto forte, a começar com a voz de David Z.. Com uma toada alternativa, existem alguns lugares comuns que nos levam até ao início do milénio quando o nu metal estava a tornar-se um negócio lucrativo um pouco por todo o mundo, mas sem nauseas por pensarmos na pobreza e miséria para o metal mais tradicional. Essas preocupações não surgem aqui. Quatro temas é curto para ter uma ideia definitiva mas definitivamente que se fica interessado em ouvir mais em breve.
8/10
Fernando Ferreira
The Five Hundred – “A World On Fire”
2021 – Long Branch
Esta capa é uma coisa fantástica. É tudo o que uma capa deve ser para cativar a atenção dos potenciais fãs, mesmo que hoje em dia apareça em quadrados minúsculos do Spotify ou plataformas parecidas (lembram-se quando reclamavamos com o tamanho da arte num CD?) Claro que o fundamental é a música e “World On Fire” destina-se para quem gosta de propostas que juntam a agressividade e a melodia nas mesmas canções, com aquela fórmula mais que conhecida do metalcore. O que há partida, confesso que poderá ser desencorajador, mas o facto de ter embarcado directamente para este estilo e conseguir fazer a diferença é o grande triunfo. Bons riffs, bons solos quando surgem e as melodias dos refrões, apesar de previsíveis, são eficazes. No final, não demora muito para entrar no ritmo do álbum de estreia. Com a expectativa de que num futuro próximo possam libertar-se desses mesmos lugares comuns.
7/10
Fernando Ferreira
Death Perception – “Ashes”
2021 – WormHoleDeath
Apesar de ser o terceiro álbum de originais dos Death Perception não conhecia o som da banda canadiana. O mesmo não é esplenderosamente original e nem sei até que ponto é uma continuação ou renovação daquilo que tinham feito anteriormente – afinal ainda tiveram cinco anos em silêncio. O que não têm em originalidade, compensam por tocar um death/thrash metal cheio de raiva, tão proporcional ao groove que gostam de usar. Felizmente também são fãs de dar bom uso a leads de guitarra que dão um colorido adicional. “Ashes” é um álbum que poderá passar ao lado tendo em conta o número elevado de edições que felizmente continuam a saltar cá para fora todos os meses, no entanto, se por acaso do destino pegarem nele, vai-vos trazer bons momentos de diversão.
7/10
Fernando Ferreira
Holding Absence – “The Greatest Mistake Of My Life”
2021 – Sharptone Records
Os Holding Absence já nos tinham sido apresentados com a dupla de singles “Birdcage” e “Gravity” e “The Greatest Mistake Of My Life” não é mais do que aquilo que esperávamos: uma mistura entre a melodia pop e algum peso que se traduz num conjunto de temas que entram facilmente. Talvez não permaneçam muito tempo devido à proximidade com uma série de lugares comuns com aquilo que já foi feito antes, curiosamente na década de oitenta. Seja como for, é fácil perceber o apelo que poderá ter entre os fãs de música mais mainstream. Numa altura diferente, até talvez passasse nas rádios. Temas como “Beyond Belief” têm um enorme potencial para tal.
7/10
Fernando Ferreira
Beleth – “Silent Genesis”
2021 – Wormholedeath
Da Austrália com peso. Peso moderno e, surpreendentemente cru. Os Beleth apresentam-se ao mundo com o álbum “Silent Genesis” e com uma sonoridade bem groove mas também a ir buscar muitas vitaminas ao death metal. É a combinação do tradicional e do novo (ou não tão velho, vá) que encontramos ao longo destes oito temas. De certa forma é um som familiar que surge numa roupagem mais extrema e crua. Uma fórmula que pelo menos refresca a coisa minimamente – algo que se agradece profundamente perante uma série de propostas semelhantes. Por enquanto dá-se o benefício da dúvida mas seria interessante ver os Beleth evoluírem para além deste quarto pequeno onde estão medidos. As músicas são boas e o potencial é óbvio, veremos o que fazem com ele.
6.5/10
Fernando Ferreir