Review

WOM Reviews – Carcass / Hexorcist / Devolution / Lvcifyre / Enforce / Edenic Past / Wrath Division / Hexitium

WOM Reviews – Faustian Pact / Lake Baikal / Ossaert / Deadspawn /
Beast Of Revelation / Fosch / Aspidium / The Spirit

Carcass – “Torn Arteries”

2021 – Nuclear Blast

Confesso que tive receio deste disco. Já se sabe que auqnato mais tempo passa entre discos, mais a expectativa sobe mas confesso que nem foi por isso. Nem foi por ter visto a capa a priori – e como nota tenho que referir que apesar do esquema de cores atípico, está genial. Foi mesmo por ter achado o EP “Despicable” lançado no ano passado demasiado banal e sem brilho. Será que era assim que os Carcass se iriam apresentar no próximo disco? Felizmente não. O impacto não é o mesmo porque grande parte do elemento de surpresa já se foi em 2013. Não há surpresa mas é engraçado ver que temos aqui algumas incursões pelo legado de “Swansong” – aquele riff da “Dance Of Ixtab” parece que poderia ter sido lançado em 1996. Essa surpresa seria importante para agarrar imediatamente os fãs mas não há qualquer motivo para receio, porque todos gostam da fase “Heartwork” e sobretudo gostaram de “Surgical Steel”, esta é uma sequela lógica e com alta qualidade. Está tudo cá e quanto mais se ouve, mais percepção se tem disso mesmo. Sem dúvida que é um álbum desafiante porque não vai agradar os cépticos (e os que desistem logo) mas tem tudo para ser um álbum que mate a fome aos fãs. A nossa matou. Depois de repetir o prato, mas matou.

8.5/10
Fernando Ferreira

Hexorcist – “Evil Reaping Faith”

2021 – Memento Mori / Unholy Prophecies / Godz ov War Productions

Intro solene com a melodia da banda sonora do “The Shining” (se não é, é mesmo algo muito parecido) e death metal podre a rasgar. Para já, quando chegamos a este ponto já se está bastante empolgado. O nome da banda é um bom trocadilho, enquanto a capa é daquelas coisas capaz de prender a nossa atenção por horas. E quando se chega ao som não estamos desiludidos. Impossível ficar desiludido com este death metal clássico. Sim, soa bastante a qualquer coisa que tenha surgido entre 1989 e 1991 – sendo que a principal referência até é Morbid Angel, principalmente pelos solos de guitarra bem ao jeito de Trey Azagthoth. Quem gosta de death metal, vai ficar rendido a esta estreia.

8.5/10
Fernando Ferreira

Devolution – “Consumer”

2021 – Edição de Autor

Mais uma estreia bombástica no reino do death/black metal. Os Devolution chegam-nos de França e vêm com a ganga toda. À flor da pele. “Consumer” vai buscar o espírito old school do death metal mas junta-lhe aqueles riffs em tremolo picking que ficam sempre tão bem. As letras são em francês mas sinceramente não é algo que se note, e como tal não dá para verificar se a blasfémia chega até lá mas também só precisamos mesmo da música para sermos felizes. O gutural é bastante clássico, mais profundo a lembrar as propostas old school vintas da Europa e dá um bom contraste com as melodias que vão surgindo do ataque das guitarras. É um álbum que surpreende pela eficácia sem grandes inovações.

8.5/10
Fernando Ferreira

Lvcifyre – “The Broken Seal”

2021 – NoEvDia /Dark Descent

Impressionante descarga blasfema. O nível de qualidade dos Lucifyre por isso não se pode dizer que isto foi uma completa surpresa. E não é, mas é sempre impressionante verificar a autêntica muralha de guitarras e blastbeats que acompanha a banda britânica. Unidimensional no ambiente mas bastante versátil nas dinâmicas das suas composições – ainda mais do que aquilo que se pode esperar – este conjunto de temas é sem dúvida um novo patamar de brutalidade. Por muito que se julgue que hoje em dia não é nada de especial, é importante referir que mais difícil de que trazer brutalidade musical é trazer brutalidade musical eficaz. “The Broken Seal” é cavernoso mas também deixa muito espaço para as ambiências tornaram-se uma parte activa da banda, uma faceta que os britânicos têm vindo a aperfeiçoar, atingindo aqui um novo pico máximo.

8.5/10
Fernando Ferreira

Enforce – “Deep Blue”

2021 – Edição de Autor

Os Enforce são uma banda australiana já com algum historial. Hoje o trabalho que vos damos a conhecer tem o título de Deep Blue que é o quarto álbum da banda desde a sua formação em 1996. O álbum começa com uma sonoridade de cadência interessante e bastante viciante na onda do heavy metal clássico, contudo acaba por se desenvolver naquele que é o estilo conhecido da banda: o death metal melódico. Neste trabalho, o estilo melódico é relativamente ténue e deixa-se domar pela agressividade mais clássica da banda, algo que demonstra a sua dupla identidade: um esforço que tanto se dá num estilo de death metal mais desenvolvido como num estilo por vezes mais minimalista em tons mais clássicos que vão buscar bastante ao heavy. Fora esse aspeto, é um álbum que demonstra qualidade em todas as suas vertentes ganhando comigo particular apreço através do trabalho de guitarra.

8/10
Matias Melim

Edenic Past – “Red Amarcord”

2020/2021 – Sentient Ruin Laboratories

A cavernosidade sempre foi apreciada aqui nestes cantos, com algumas flutuações quer do tempo em que a mesma se apresenta quer por parte de quem. A cavernosidade experimental é aquela que causa mais desafios, principalmente quando a mesma traz alguns elementos que retiram dinâmica ao trabalho. Falo neste caso concreto da voz – em modo slam/brutal death metal mas sem pig squeals (o que também não iria encaixar) – e da bateria, principalmente o som da tarola que tem aquela tonalidade lata de tomate pêssego enlatado. Felizmente não é geral e há momentos onde passa despercebida. O lado positivo vem mesmo por ser uma autêntico hino à fritaria. É esquesito, é peculiar e tem um ambiente desconfortável. Não será suficiente para convencer este escriba a embarcar muitas mais vezes nesta viagem alucinada, mas poderá definitivamente interessar a quem gosta de viver perante a iminência do abismo.

6/10 
Fernando Ferreira

Wrath Division – “Barbed Wire Veins”

2021 – Godz Ov War Productions

Excelente logo, exclente capa e o título a conduzir. Logo o entusiasmo é crescente que é em parte acalmado pela música. Não que a música em si seja calma, longe disso. É de uma javardice metálica de fazer o tinhoso saltar de alegria. Black/death do mais badalhoco que possa haver. No entanto, passando por esse encanto inicial, fica muito pouco. Nada mais que apenas que um minimalismo na composição onde o metal mais primitivo circula à sua vontade. Tem sempre o seu encanto como disse atrás, mas é passageiro e não perdura. Principalmente pela falta de ganchos, de um riff, de uma passagem que seja que nos mostre algo de diferente, algo memorável. Não acontece. Não é mau, há quem procure exactamente isso. Portanto, se sois uma dessas pessoas que procura por violência gratuita, estão no sítio certo. Se não são… arrepiai caminho, que este beco escuro não é para vós.

6/10
Fernando Ferreira

Hexitium – “Sorcery Of Revenge”

2021 – Miasma Of Barbarity

Um ano depois, os Hexitium regressam com o seu álbum de estreia e voltam, sem grandes surpresas, com aquela sonoridade cavernosa que já tinha marcado o EP lançado no ano passado. Sonoridade minimalista e podre – dá ideia que a banda está a tocar na casa ao lado do estúdio de gravação e isto foi o que se conseguiu captar – mas que consegue criar o ambiente. “O” ambiente, aquele que é capaz de fazer magia. Não vou mentir, a falta de condições da gravação não chega para me cativar mas as mesmas conseguem criar um efeito hipnótico, como se fosse inadvertidamente black metal ambiente. Não se conhece grandes informações sobre a banda nem sobre a residência ao lado do estúdio onde gravaram mas haverá muitos interessados em absorver isto sem curiosidade para tais questões tolas.

5/10
Fernando Ferreira

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