WOM Reviews – When The Deadbolt Breaks / Dirge / Mothman And The Thunderbirds / Shrouded In Darkness
WOM Reviews – When The Deadbolt Breaks / Dirge / Mothman And The Thunderbirds / Shrouded In Darkness
When The Deadbolt Breaks – “As Hope Valley Burns: Eulogy”
2021 – Electric Talon
Níveis de intensidade altíssimos em formato sludge que são interrompidos e/ou conjugados por aquele groove saboroso do doom metal. Longe de ser um disco previsível, os níveis de dinâmica da sua música são elevadíssimos. Conseguem apresentar vários ambientes e ir do mais barulhento e lamacento até ao mais atmosférico e esotérico. Aliás, a tal atmosfera que vai-se metamorfoseando ao longo destes cinco temas, é quase uma personagem central sublminar que opera a partir das sombras, com o seu efeito a sentir-se bastante ao longo destes quarenta minutos. Um álbum surpreendentemente rico e versátil. E recomendado, claro.
8.5/10
Fernando Ferreira
Dirge – “Vanishing Point”
2021 – Division
Com um cardápio de sete álbuns de originais os franceses Dirge decidiram em 2019 por um ponto final da sua longa carreira de 25 anos, no entanto dois anos depois e de forma algo inesperada a banda lança uma compilação em formato de álbum triplo onde se podem ouvir faixas nunca lançadas de toda a sua carreira por ordem cronológica. Com o apropriado nome de ‘Vanishing Point’, a compilação começa com um primeiro disco de oito faixas onde se vai percebendo sem muita dificuldade a evolução musical dos Dirge. Um compósito de Industrial e Sludge Metal claramente alusivo aos álbuns ‘Souls At Zero’ e ‘Enemy Of The Sun’ dos icónicos Neurosis sobressai e de que maneira nos primeiros três temas, todavia com o desenrolar deste primeiro disco vai-se notando a inclusão do Doom Metal e do Atmospheric Sludge e a primazia que ambos foram gradualmente ganhando na mescla de sonoridades dos Dirge, destaque para o tema ‘A Short Term Effect’ uma exótica e surpreendente cover dos incontornáveis The Cure. Nos nove temas do segundo disco os Dirge explanam toda a sua fase mais adulta apostando fortemente num Post-Metal decalcado do Atmospheric Sludge moldado com mestria e muito para além das delimitações pré-definidas pelos Neurosis, também eles claramente noutra fase evolutiva. ‘Distance’, ‘Carrion Shrine’ e ‘Incendiary Dreams’ fazem desde segundo disco o ponto mais alto de ‘Vanishing Point’ onde se pode absorver toda a incrível dissonância e emotividade do Post-Metal, qual onda austera, imponente e mastodôntica. ‘Vanishing Point’ termina com um terceiro disco composto apenas por duas longas faixas gravadas ao vivo, ‘Epicentre’ e ‘The Endless’, ambas reguladas por uma estrutura distintamente ambiental e melódica dominada essencialmente por uma familiar parceria entre o Doom e o Post-Metal.
8/10
Jorge Pereira
Mothman And The Thunderbirds – “Into The Hollow”
2021 – Edição de Autor
Directamente de Philadelphia, Pensilvânia chega-nos o ambicioso projecto pessoal de Alex Parkinson, Mothman and The Thunderbirds. ‘Into the Hollow’ saiu no passado mês de Maio e é a estreia absoluta da banda, com uma componente conceptual inspirada numa amálgama de temas que vão desde teorias da conspiração passando por preocupações ambientais até lendas de folclore “os” Mothman and The Thunderbirds acenam afirmativamente quando catalogados como uma banda de Sludge/Stoner embora ‘Into the Hollow’ nos deixe algumas dúvidas acerca disso. Se o quarteto inicial de faixas de ‘Into the Hollow’ explora uma criativa e fascinante duplicidade entre um Stoner rápido e efusivo e um Sludge Metal suculento, sujo e desprendido, os temas que se seguem destroem por completo a mais ínfima hipótese de existência de um possível fio condutor, pois o declarado Punk de ‘The Simpsons = Real Footage’, o Heavy Metal Clássico de ‘Agarthan Riders’ ou o vulgar Folk de ‘Cloud Giant’ não se coadunam de todo com essência sonora do álbum a acabam por deixar uma sensação de não pertença completamente desnecessária. Se em termos criativos e técnicos Alex Parkinson merece rasgados elogios, têm de haver melhorias no que à concepção de um álbum diz respeito, de modo a evitar a prejudicial esquizofrenia sonora latente em ‘Into the Hollow’.
7/10
Jorge Pereira
Shrouded In Darkness – “Abyssum Abyssus Invocat”
2021 – Kvlt und Kaos Productions
Trabalho de estreia dos suecos Shrouded In Darkness que trazem consigo um doom metal cavernoso – contagiado ligeiramente por death metal. É um trabalho que não oferece concessões e não facilita a vida a ninguém. Principalmente a quem não for fã do estilo. A abordagem crua da banda também não ajuda. Os teclados (orgão) e o baixo distorcido estão na frente na mistura e isso apesar de ser um factor de diferenciação e lhes dar uma sonoridade única, também é algo que torna este álbum demasiado cansativo, com um ambiente omnipresente e pesado do início ao fim. Para quem gosta de algo unidimensional, então veio mesmo ao sítio correcto e vai gostar da estreia dos Shrouded In Darkness.
6/10
Fernando Ferreira