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Filhos do Metal – Mercado Metálico

Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Há muito que ouço a expressão “Não há Mercado!”, quando se fala do Heavy Metal em Portugal, mais concretamente das bandas portuguesas. A mesma é utilizada amiúde pelo público consumidor, músicos, jornalistas e até por “entendidos” na matéria. A fraca expressividade das vendas de álbuns de bandas portuguesas, ou a parca afluência aos concertos das mesmas bandas, justifica tal manifestação de pesar. Mas será que esta realidade é fruto da tal escassez de Mercado? Quero acreditar que não.

Há muitos anos atrás o meu professor de Marketing perguntou à turma o que significava Mercado. Muitas foram as respostas diferentes, assim como muitas sãos as definições que se podem encontrar atualmente na internet. O significado de Mercado também evoluiu com o tempo, devido à invasão do mundo virtual e das estruturas digitais. Por isso, deixo ao critério de cada um a busca pelo verdadeiro significado. Mas a mim interessa-me explorar a conjugação do termo Mercado com o termo Marketing. Não foi à toa que um professor daquela cadeira colocou tal questão. Ora o Marketing é fundamental para o desenvolvimento do Mercado, ou até para a criação do mesmo. Sem campanhas de divulgação de um produto, este terá maior dificuldade de sucesso junto dos potenciais consumidores. E com esta última frase já disse tudo! Não há falta de Mercado! Há falta de divulgação. Isso já nós sabemos há muito tempo.

Se não houvesse mercado bandas como os Metallica, AC/DC, Iron Maiden, Guns N’Roses, não atingiam o primeiro lugar das vendas de álbuns em Portugal, nem enchiam estádios.  Se não houvesse mercado, as lojas de venda de discos não tinham secções dedicadas ao Hard Rock/Heavy Metal. Se não houvesse mercado, não existiam dezenas de festivais em Portugal dedicados exclusivamente aos sons pesados. E acima de tudo, se não houvesse mercado, bandas como RAMP, Tarantula, Ibéria e principalmente Moonspell não tinham vendido milhares de álbuns, nem tinham estado nos tops de vendas. Tudo isto sem a atenção dos meios de comunicação de massas, generalistas ou mainstream, como queiram chamar. A verdade é que os consumidores de Heavy Metal são um público dedicado e fiel e são em grande número. Infelizmente também é verdade que as bandas portuguesas, na sua maioria, não atingem vendas significativas quer de álbuns, quer de bilhetes para concertos ou até nos meios digitais. No entanto, esse facto não se deve à falta de Mercado. Há dois fatores a ter consideração. Primeiro, não podemos querer que 500 bandas de Heavy Metal Portuguesas, dos mais diversos subgéneros tenham sucesso. Isso irá acontecer a uma minoria. Segundo, nem com Milagres (Metaleiros) se atinge o sucesso se ninguém divulgar as bandas. Mesmo com a divulgação através dos meios existentes que se dedicam a este género, há uma limitação a um nicho de Mercado.

Posto isto, a conclusão é simples – necessitamos de mais trabalho na conquista de espaço para divulgação. Acredito que chegará o dia em que o Heavy Metal feito em Portugal estará em grande destaque nos meios de comunicação social. Claro que já aconteceu com os mesmos de sempre! Eles têm sido os nossos porta-estandarte. Pode parecer repetitivo mencionar sempre o nome da banda, mas os Moonspell já demonstraram que é possível. Outros estão a seguir o mesmo caminho, o que levará cada vez mais divulgadores a ter que dar atenção ao Heavy Metal made in Portugal. Nenhum outro estilo musical teve o privilégio de conseguir bandas em digressão por todo o mundo, salvo o Fado. O Mercado existe, é preciso conquistá-lo.


 

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