Review

WOM Reviews – Vetus Supulcrum / Cavernancia / High Castle Teleorkstra / Lu Silver

Vetus Supulcrum – “A Shroud Of Desolation”

2022 – Signal Rex

Agora isto é que é dungeon synth. Apesar de adorar o estilo, uma das minhas maiores críticas é a pobreza do som e muitas vezes da criatividade. Não podemos dizer que o som aqui seja ultra sofisticado – nem é suposto o ser. É, todavia, um trabalho em que existe um excelente sentido de estética e criatividade para do pouco, fazer muito. Algo que para mim está na base do que um bom trabalho de dungeon synth deve ser. Majestoso e com um ambiente que nos transporta para um reino místico, este é um dos melhores álbuns de dungeon synth dos últimos anos, algo que também já seria expectável por parte deste projecto e do homem por trás dele – Maurice De Jonge (dos Gnaw Their Tongues) e de montes de outras bandas e projectos.

9/10
Fernando Ferreira


Cavernancia – “Manto”

2022 – Regulator 

Novo álbum de Cavernancia, o projecto ambient/drone de Pedro Roque, do qual já tivemos a oportunidade de ver e ouvir ao vivo. Trata-se de um trabalho onde o termo ambient/drone é elevado a um novo patamar, tudo pela simplicidade e pela sua fluidez. Como que queremos forçar a parar o tempo e a nossa vida e apenas ficamos a contemplar o que resta do dia no primeiro sítio – que por acaso até é na zona industrial de uma cidade – e nos deixamos ir entre pensamentos e a arte da contemplação daquilo que sempre esteve presente e nunca prestámos atenção. É esse exercício que nos é apresentado (ou pelo menos é a forma como o sentimos) e é magistral na forma como nos afecta. Uma viagem mais mundana que mística mas que consegue ainda nos fazer transcender.

9/10
Fernando Ferreira


High Castle Teleorkstra – “The Egg That Never Opened”

2022 – Art As Catharsis 

Sem dúvida a música mais janada que ouvimos em 2022. Eu sei, ainda não acabou, mas ainda assim. Aliás, sem dúvida que a música mais janada que ouvimos nos últimos anos. Aliás, que vamos ouvir nos próximos anos! Uma mistura tal que por vezes se sente como demasiado, como se estivessemos a captar os ensaios de duas bandas diferentes ao mesmo tempo. E essas duas bandas tocavam de tudo um pouco. Ele é jazz, ele é música tradicional francesa, ele é synth à la Goblin, ele é art prog. Eu sei lá o quê mais! Imaginem uns Mr. Bungle a tocar covers de Fantômas a pensar nas bandas sonoras de filmes de David Lynch e Quentin Tarantino mas sempre com o cuidado de soar audível. Sim, apesar de toda esta estranheza, o que temos aqui é um álbum que não irrita, não choca e pede para ouvir mais. O que é surpreendentemente bom. Tudo bem, não é um disco para tocar todos os dias mas quando tocar vai absorver toda a nossa atenção. Que raio de álbum! Que grande banda!

8.5/10
Fernando Ferreira


Lu Silver – “Luneliness”

2022 – Go Down

Curioso pelo título e nem foi isso que me capturou – também estranho seria se fosse. “Luneliness” não só é um título inteligente como totalmente apropriado para o título do segundo álbum a solo de Lu Silver. Reza a história de que este trabalho foi escrito no Inverno de 2020, depois da pandemia já estar desconfortavelmente instalada na vida de todos. Um trabalho acústico e intimista que serve de exorcismo para todos os seus demónios. Mas o seu maior ponto forte é a forma como também serve para exorcisar os nossos. A solidão, o desencanto, a melancolia, está tudo aqui. De uma forma que oscila entre o mais literal e o mais discreto. Alguns pontos em comum com Americana e country mas não de forma vincada, faz com que exista uma forte alma folk nestes temas que vão bem mais além da forma e nos tocam pelo conteúdo.

8.5/10
Fernando Ferreira


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