WOM Reviews – Krisiun / Baest / Cosmic Putrefaction / Inhuman Condition

Setembro 21, 2022 Fernando Ferreira

Krisiun – “Mortem Solis

2022 – Century Media

Na altura em que acompanhava o underground brasileiro mais de perto, lembro-me da sensação generalizada (no underground, claro) em que os Krisiun eram os sucessores de Sepultura na tarefa de levar o Brasil pelo mundo metálico. Nunca chegaram a ser tão grandes quanto a mítica banda brasileira porque também nunca quiseram sair do seu reduto underground. Death metal blasfemo e técnico sempre foi a sua forma de expressão e daí também não saíram, mudando apenas mais ou menos inspiração. E sendo essas as expectativas que tínhamos para “Mortem Solis”, é muito bom ver que elas são perfeitamente correspondidas, ou seja, temos os Krisiun no seu melhor a fazer aquilo que fazem melhor: death metal. Dinâmico, acrescente-se porque esse foi por vezes alguns dos problemas encontrados no seu som. Os temas trazem variações cativantes num excelente trabalho de guitarra que só peca por sabermos não poderá ser reproduzido na íntegra ao vivo apenas com uma guitarra. Detalhes. “Mortem Solis” é um dos trabalhos mais interessantes da já longa carreira da banda e traz muitas malhas para serem debitadas em níveis de volume elevados.

9/10
Fernando Ferreira

Baest – “Justitia”

2022 – Century Media

Os Baest têm provado, lançamento após lançamento, que são uma das mais excitantes propostas do novo death metal europeu e “Justitia” não apresenta nenhum ponto contrário. Ainda mais, sendo “apenas” um EP acaba por ter o impacto (e a duração – tem a mesma que o álbum de estreia “Danse Macabre”) que um álbum. Basta pegarmos na entrada fulgurante do tema-título a lembrar os tempos de “Domination” dos Morbid Angel ou no festim épico e metálico de “Ecclesia” num daqueles temas viciantes que sabemos que não vamos largar. Já há algum tempo que não ficávamos tão entusiasmados com um EP por parte de uma banda a quem já nos habituámos a dar atenção apenas aos álbuns. Underground ainda é o que era.

9/10
Fernando Ferreira

Cosmic Putrefaction – “Crepuscular Dirge for the Blessed Ones”

2022 – Profound Lore

Existem trabalhos e/ou bandas que nos deixam insatisfeitos em relação ao rótulo mesmo sabendo que apesar de ser algo muito pouco usual, não há outro termo que descreva melhor. Não há se não quisermos começar a inventar rótulos como psychadelica cosmic ambient death metal ou algo do género. E esta rótulo não foi inventado ao calhas, já que serve bem para identificar aquilo que podemos encontrar em “Crepuscular Dirge for the Blessed Ones”. Terceiro álbum em três anos mas este é aquele nos parece ter algo extra. Algo que até será (provavelmente) mais atractivo aos fãs de coisas mais experimentais do que aos consumidores habituais de death metal. Há um sentimento de hipnose que percorre todo este trabalho, mesmo nos momentos mais in-your-face – que apesar do que disse atrás, ainda são bastantes. Um trabalho intrigante e invulgar para o estilo mas nem por isso menos bom. Aliás, muito pelo contrário

8.5/10
Fernando Ferreira

Inhuman Condition – “Fearsick”

2022 – Listenable Insanity

Depois de um excelente álbum de estreia, “Rat God”, inesperradamente – pelo menos para mim – aqui está o segundo álbum pouco mais de um ano depois. E, infelizmente, desde o início, que parece que falta qualquer coisa. Talvez as expectativas estivessem altas demais em relação à estreia, mas parece que falta a chama da criatividade que a estreia tinha e que tanto nos maravilhou. Sem ser um mau disco, “Fearsick” sente-se como um trabalho seguro, sem grandes rasgos individuais e sem grandes momentos memoráveis. Os fãs de death metal (sobretudo de “Leprosy”, “Cause Of Death” e “From Beyond”) poderão sentir-se à vontade mas para quem ficou impressionado com “Rat God”, este álbum acaba por soar a pouco e até desinspirado. Faltam malhas que agarrem, riffs que marquem. É para os fãs de death metal mas também não para todos. Apenas para aqueles que têm tanta saudade da década de oitenta e noventa que acabam por gostar de tudo o que os lembre remotamente desse período.

6/10
Fernando Ferreira