Review

WOM Reviews – Russkaja / Sarpa / Vosbúð / Kornmo

Russkaja – “Turbo Polka Party”

2023 – Napalm

É engraçado pensarmos como crescemos com filmes norte-americanos que gozavam com a polka (Weird Al Yankovic incluído) e depois damos por nós, trinta anos depois, a curtir milhões este “Turbo Polka Party”, cuja fórmula poderá muito ser incluída naquele tipo de música que mostramos a outros apenas pela piada e que eventualmente acaba por perder essa mesma piada – porque qualquer anedota contada mais do que duas vezes perde a graça. Bem, isto é a teoria, na prática a coisa é outra. Este é um álbum para dançar, um álbum que podemos encaixar no folk pelo exotismo da sonoridade, mas que também tem muito de ska, sempre regado a metal. Imaginem um Kusturica menos excêntrico e com muito mais peso e poderão ficar com uma boa ideia do potencial dos Russkaja, algo que se estende à versão dos Wham, “Last Christmas”.

8.5/10
Fernando Ferreira


Sarpa – “Mauta Tala”

2023 – Edição de Autor

EP para abrir o apetite para 2023. One-Man Band norte-americana que nos traz um death metal enegrecido de proporções épicas. Proporções épicas por ser composto por dois longos temas e com apenas um curto interlúdio a separar os dois. O conceito para o EP seria o conceito dos opostos, Sol e Lua, Ordem e Caos, Bem e Mal. Como tal, o primeiro é “Tohu Wa Bohu” que é uma violenta e caótica descarga de metal extremo, sendo que o espaço para respirar surge com a atmosférica “Necropoleis Of The Nebulous Deserts” que vai desaguar até à bela “It Looms”, que apesar de ter os seus momentos extremos, não deixa de funcionar como paradoxo em relação ao tema de abertura. Um EP surpreendente que nos chama atenção para este projecto.

8/10
Fernando Ferreira


Vosbúð – “Heklujá”

2023 – Wolfspell

Por vezes a melhor música é aquela que encontramos de forma casual, inesperada, especialmente numa altura em que limitamos – de forma voluntária – a nossa área de influência. Quando tomamos contacto com um género, a tendência é de tentar absorver o máximo possível deste de forma a nos sentirmos “em casa”. As melodias que nos embalam, as vocalizações que nos acalmam, as estruturas que nos hipnotizam, tudo tem um porquê, e tudo tem um sentido. Deste modo, o leque reduz-se, facilitando a nossa escolha. Eu, pessoalmente, tenho um modo de abordar a música, e foi um desses pontos que me fez arriscar estes finlandeses. Formados em 2019, este é o 2.º trabalho editado pela banda, e também o 2.º álbum, aos quais a banda associou a designação Volcanic Black Metal. Adorável como as melodias nos conseguem transportar para momentos quase visuais. Bem, essa é uma das belezas da Música, essa capacidade que nos dá de “fugirmos” deste local, e viajar…

O som da banda não foge do Black Metal Atmosférico, com as habituais mudanças de ritmo e ambiente. Ainda assim, quando as transições são bem executadas, arrisco dizer que nenhum de nós se cansa de as ouvir. “Heklujá” é composto por 5 músicas, num total de 63 minutos, sendo que a duração das músicas oscila entre os 5 minutos e os 17 minutos. A primeira música tem 17 minutos, o que me deixou de pé atrás. “Iniciar um álbum com uma música de 17 minutos? Pessoal corajoso”. Mas, inesperadamente, resultou. Não considero que a dupla arraste as músicas até um ponto de rutura, um ponto onde as mesmas deixam de soar bem, por assim dizer. São atmosferas muito bem conseguidas, bastante agradáveis, melodias que em dados momentos fogem do Black Metal para outras sonoridades, regressando à essência sem terem perdido uma grama de peso. Há algum Post Black Metal, sim; mas no Black Metal Atmosférico o limiar é bastate ténue, valendo-nos dos músicos para que a fusão resulte. “Aska Sigursael” é um instrumental – intermezzo, quiçá – que funciona muito bem, e ao qual vocalizações não fariam dano algum; mas é bonito ver como os músicos construiram aqui uma ponte, quase, entre os dois momentos (música 1 e 2 & música 4 e 5). A “2.ª parte” do álbum relembra-me Enslaved já numa fase assumidamente Progressiva, sendo que aqui não haja linhas melódicas Viking – whatever that means – mas sim mais na linha de Black Metal mais majestoso e pomposo. Vemod comes to mind, por exemplo. Aquelas orquestrações imensas, glorificantes… dificil de explicar quando não se tem o domínio do instrumento, somente das emoções. Hoje estive a reouvir Wolves in the Throne Room, outra banda que constrói melodias e atmosferas muito particulares. No caso do Norte-americanos, essas melodias remetem-nos para paisagens montanhosas, chuvosas, de tons vermelho, castanho e laranja; estes finlandeses transportam-nos para paisagens nevadas, serenas, quentes e efervescentes. São, obviamente, distintas; são, também, muito similares naquilo que transmitem.

7/10
Daniel Pinheiro


Kornmo – “Vandring”

2023 – Apollon Records Prog

Projecto norueguês que se centra na dupla Odd-Roar Bakken e Nils Larsen, que já eram companheiros na banda Morild e depois do fim dessa entidade, resolveram continuar num novo projecto. Temos logo à cabeça a identificação com a sonoridade que tocam, rock progressivo vintage a ir beber por completo à década de oitenta. A produção é também ela (ou pelo menos soa) vintage o que dá um ar datado à sonoridade. Musicalmente é muito interessante e dá ares de longas jams que é pura diversão para quem gosta de viagens progressivas. Infelizmente por vezes sente-se que essas viagens são inconsequentes o que poderá torna cansativa a audição. Os fanáticos pela sonoridade talvez não tenham esse problema.

6/10
Fernando Ferreira


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