Predominance #12 – Ihsahn / Static X / Bog Monkey / Deadly Carnage / Zyklon
Jorge Pereira é um amante de música pesada e de cinema. Colabora com a World Of Metal e tem o seu próprio covil de reviews – Espelho Distópico. Predominance será a sua coluna mensal onde nos vai trazer reviews todos os meses.
Ihsahn – “Ihsahn” – A dissolução dos lendários Emperor ficou caracterizada como o encerramento de um ciclo, contudo um novo ciclo se iniciou, todos os membros da banda mais tarde ou mais cedo acabaram por se envolver noutros projectos sendo que o mais célebre foi o do seu vocalista Ihsahn que em nome próprio estreou-se com ‘The Adversary’ em 2006. Quase vinte anos depois e com mais seis álbuns no cardápio o assoberbado Ihsahn chega a 2024 com o seu oitavo trabalho de originais com o título homónimo ‘Ihsahn’. ‘Ihsahn’ é mais um marco de consistência e sofisticação na interessante carreira a solo de Ihsahn. As sonoridades de ‘Ihsahn’ agrupam influências que vão desde o Black Metal ao Avant-garde passando pelo Progressivo e pelo Sinfónico tudo “soldado” de uma forma dinâmica e perfeccionista relevando todo o talento e visão do seu autor. Temas como ‘The Promethean Spark’, ‘Pilgrimage To Oblivion’ e ‘Twice Born’ entrega-nos uma incrível e inesperada duplicidade entre vertiginosas acelerações suportadas pela destreza técnica abruptamente refreadas por segmentos onde sobressai um dramatismo quase teatral alicerçado numa aura minimalista e familiar. (8.5/10)
Static X – “Project Regeneration: Vol.2” – O regresso de uma das bandas mais emblemáticas do início do milénio em terras Norte-Americanas era desta feita mais do que esperado, falo dos “Industrialistas” Static-X que decidiram continuar a homenagem ao seu icónico fundador e líder (Wayne Static) com ‘Project Regeneration: Vol. 2’. A comparação além de inevitável pode mesmo ser considerada necessária, ‘Project Regeneration: Vol. 2’ supera o seu antecessor ‘Project Regeneration: Vol. 1’? Na minha opinião a resposta tende para um não pouco conclusivo, ou seja, talvez até esteja numa fasquia ligeiramente abaixo ainda que a essência sonora dos Static-X continue inabalável além de que o costume em álbuns que de alguma forma são uma parte dois do seu predecessor é que os seus temas acabem por ser vistos como os mais fracos que sobraram da parte um o que não me parece que se possa aplicar de todo a este ‘Project Regeneration: Vol. 2’. Aliás faixas como ‘Zombie’, ‘Kamikaze’, ‘Black Star’, ‘Grover Yoda Data 14’ou ‘Take Control’ provam que a qualidade dos Static-X não se esfumou, a sua insólita abordagem ao Industrial /Electrónico contínua pulsante, enérgica e dinâmica como sempre mesmo com a incontornável ausência de Wayne. O futuro é incerto para o quarteto que conta agora com Edsel Dope (Xer0) nas vocalizações, todavia incerto pode neste caso ser sinónimo de promissor. (7.5/10)
Bog Monkey – “Hollow” – É no mínimo curiosa a descrição dos Norte-Americanos Bog Monkey feita por eles próprios, algo como «três indivíduos numa barulhenta banda de Rock fazendo macacadas em Atlanta». Fundados em 2020 no estado (eleitoralmente decisivo) da Georgia os Bog Monkey mostram uma interessante e invejável abnegação não só pela popularidade como pelas mais recentes tendências da musica mais pesada. ‘Hollow‘, o álbum de estreia da banda mostra-nos ao que vieram os Bog Monkey, uma clara aposta numa bem calibrada mescla de Doom/Sludge/Stoner assente numa atmosfera de “garagem” onde o foco parece estar em sonoridades bem cruas e estridentes sem qualquer preocupação acerca de opiniões alheias. ‘Hollow‘ certamente que ainda está longe de ser um álbum perfeito contudo temas como ‘Crow’, ‘Trip’ ou ‘Soma’ são bons presságios do que este provocador trio nos poderá trazer a curto prazo. (7.5/10)
Deadly Carnage – “Endless Blue” – Evolução musical tem sido o mote, com uma carreira de praticamente vinte anos os Italianos Deadly Carnage têm apresentado um interessante desenvolvimento sonoro culminando no seu último álbum de originais ‘Endless Blue’. Se numa primeira fase da sua carreira a aposta dos Deadly Carnage passava essencialmente pelo Black Metal, a banda tem cada vez mais optado por um trajecto que incorpora influências como o Post-Metal, Post Black Metal, Doom Metal e Blackgaze. Se liricamente ‘Endless Blue’ é apresentado como um álbum conceptual inspirado por lendas e mitos do folclore Japonês musicalmente esse fio condutor deixa muito a desejar, não só pela discrepância entre a qualidade dos temas mas principalmente pela falta de uniformização entre eles. Se é notória uma abordagem intensa e enérgica em temas como ‘Mononoke’ já noutros como ‘Blue Womb’ o desígnio é quase exclusivamente o Blackgaze. Estes são apenas dois exemplos duma constante mudança de perspectiva que marca a toada de ‘Endless Blue’, um álbum conceptual não tem necessariamente de ter temas instrumentalmente similares entre si mas convém que seja evidente alguma “cola” entre eles. (7/10)
Zyklon – “World Ov Worms” – Talvez inspirado pela review ao novo Ihsahn a minha escolha na review retro recaiu sobre uma banda também ela forjada nas cinzas dos incontornáveis Emperor, os Zyklon. Na verdade o início dos Zyklon aconteceu uns anos antes (1995) sob o desígnio Zyklon-B contando com a participação de Frost e Ihsahn (curiosamente), todavia cerca de quatro anos depois a banda foi reformulada e passou a contar com dois importantes membros dos recentemente dissolutos Emperor, nada mais, nada menos do que Trym e Samoth. Numa altura em que o Avant-garde começava a conquistar terreno particularmente dentro do Black Metal Norueguês ‘World Ov Worms’ (o álbum de estreia da banda) caiu que nem uma bomba. Uma incessante e imparável maquina trituradora, uma continua e impiedosa força de centrifugação de proporções titânicas, um nível de destruição talvez só à altura do poder de fogo de bandas como Anaal Nathrakh ou Myrkskog. ‘World Ov Worms’ mostra uns Zyklon sedentos de devastação guiados por um Black Metal seco, inumano, implacável, aqui e ali com umas nuances onde se destaca a influência do Industrial. Destaco as formidáveis ‘Hammer Revelation’, ‘Chaos Deathcult’ e ‘Storm Detonation’, faixas que ainda hoje deixam saudades do fabuloso poderio bélico dos Zyklon. (8.5/10)
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