Álbum do Mês – Março 2022
Parece que ainda ontem estavamos na mudança do ano algo desconfiados de 2022 e agora já temos alguns concertos em cima e muita boa música para Março. Nomes conhecidos, regressos ansiados e excelentes surpresas é uma boa forma de definir aquilo que temos reservado para este mês, por isso aproveitem estas vinte propostas porque são de topo mesmo.
20 – Ravenfield – “Pain”
Alster
Segundo álbum desta banda que até tinha bastante para nos passar ao lado. No entanto, quando os indicadores nos dão sinais para passar à frente, é a música que faz toda a diferença. Mas vamos a clarificar antes que se torne ainda mais confuso. A capa deste “Pain” não é propriamente eficaz ou chamativa. Ao ouvirmos a sua música, até podemos ficar pouco impressionados com o facto de tocarem rock/metal gótico à boa maneira da transição de milénio, mas são as músicas (“Killer” e “Monster” são bons exemplos) que se conseguem salientar e prender quando o resto não é feito de forma particularmente eficaz. “Pain” é sólido, é sóbrio não se prendendo a exageros que o género por vezes se vê envolvido e é uma aposta certeira para quem gosta do bom som pesado gótico e tem saudades de ouvir um álbum sem gimmicks, apenas com excelente música.
8.5/10
Fernando Ferreira
19 – Lalu – “Paint The Sky”
Frontiers Music
Para nós este álbum foi uma verdadeira surpresa. Ajuda a perceber que a banda tem dois álbuns editados e que o segundo já data de 2013, por isso é natural que agora surja como um nome novo. Primeiro, aquilo que se salienta é mesmo o facto da sonoridade que tanto é clássica dentro do progressivo – sobretudo pela abordagem vocal que faz muito lembrar Jon Anderson – como moderna. Por falar nisso, o vocalista é Damian Wilson, um velho conhecido dos fãs do estilo que já passou por projectos e bandas como Arena, Threshold e Star One entre outros e que tem aqui o seu primeiro trabalho com a banda. Musicalmente Yes é uma referência mas como disse atrás, temos uma roupagem moderna que ao contrário do que podem julgar enquadra-se perfeitamente com as músicas de cariz mais clássico. Até podemos dizer que é mesmo esta mistura que torna este álbum tão diferente e tão interessante ao mesmo tempo. Sem dúvida uma surpresa a descobrir para os fãs do rock progressivo.
8.5/10
Fernando Ferreira
18 – Hangman’s Chair – “A Loner”
Nuclear Blast
Não sei se será das saudades ou de um certo vazio deixado, mas muitas vezes ao ouvir este álbum dos franceses Hangman’s Chair pensei nos Type O’Negative. E isso até nem é muito positivo para qualquer banda – ser associada a outra – mas neste caso até nem penso que seja prejudicial porque há algo que afasta a comparação por completo. A voz. E sem querer entrar em pontos de comparação, porque não se pode comparar o incomparável, o registo de Cédric Toufouti é totalmente diferente da do Peter Steele e assim também nos traz uma ambiência bastante diferente. Uma aura mais sensível, mais etérea que junto com um espírito doom e melancólico faz com que este álbum tenha especial impacto para quem procura música que tenha poder emocional acrescido. A banda já tem mais de quinze anos de carreira mas para nós é como se fosse nova – apesar das semelhanças citadas atrás – e o seu poder é tal e qual ao daquela pessoa que acabámos de conhecer mas que parece que já os conhecemos desde sempre. Um melancólico novo velho amigo.
8.5/10
Fernando Ferreira
17 – Norna – “Star Is Way Way Is Eye”
Vinter
O fim do mundo. Sei que não é a primeira vez que vou evocar esta sensação apocalíptica e de não certeza que não será a última mas continua a ser a melhor maneira de descrever um certo tipo de som. O álbum de estreia dos Norna (uma nova entidade colaborativa com membros dos The Old Wind, Olten e Of Breach) é post metal corrosivo cheio de fagulhas sludge que a cada segundo que passa se vão tornando mais densas. É um álbum completamente desprovido de esperança e com uma capacidade para enxergar um pouco de escuridão mesmo que se esteja completamente cego de luz. O desespero acaba por ser contagiante e omnipresente ao longo destes mais de quarenta minutos e não é fácil conviver com esse tipo de sentimento durante muito tempo. Mas também é difícil (impossível!) ignorá-lo quando ressoa interiormente e quando tudo o que vemos à nossa volta também definha lentamente. Portanto, perfeito para um dia de sol – para o tornar mais dinâmico, claro.
8.5/10
Fernando Ferreira
16 – Spirits Of Fire – “Embrace The Unknown”
Frontiers Music
Segundo álbum da super banda de heavy metal Spirits Of Fire que regressa com uma nova voz após a confirmação do abandono de Tim “Ripper” Owens. Assim no seu lugar temos Fabio Lione (ex-Rhapsody e actualmente nos Angra) que apresenta-se ao serviço numa banda com um som mais tradicional dentro do heavy metal (e numa abordagem mais americana que europeia) que mantém os restantes músicos sendo eles Chris Caffery (dos Savatage e Trans-Siberian Orchestra), Steve Di Giorgio (de cento e quinhentas bandas onde destacamos Testament) e Mark Zonder (da Graham Bonnet Band entre muitas outras também). Mudança de vocalista é sempre complicada principalmente para suceder a alguém como Tim Owens, mas Fabio Lione também é um enorme vocalista que funciona muito neste contexto – chega até a ser refrescante esta abordagem mais crua. Apenas em “Out In The Rain” temos esse elemento mais pouposo onde Lione está como peixe na água. De resto, os temas que temos aqui é de verdadeiro heavy metal americano que tem músculo (secção rítmica de luxo) e enorme feeling (Caffery não dá hipótese nos solos) que nos faz pensar que por muito que estejamos fartos de super bandas, de álbuns assim não dá para enjoar, ainda que tenhamos mais de uma hora de música.
8.5/10
Fernando Ferreira
15 – The Ferrymen – “One More River To Cross”
Frontiers Music
Já se perde a conta ao número de projectos que a Frontiers tem, não já? Este é um dos seus mais duradouros e que reúne três monstros do heavy/power metal mundial. Mike Terrana dispensa apresentações quer pelo seu mau feitio quer pelo seu inegável talento e longa carreira e projectos onde está envolvido. Magnus Karlsson também está em muitas bandas e é um músico multi-instrumentista, compositor e produtor altamente requisitado que aqui encarrega-se das teclas, baixo e guitarras. Por fim na voz Ronnie Romero, uma das grandes vozes do hard’n’heavy tradicional que está presente em bandas como Lords Of Black e Rainbow. Com uma equipa assim e depois de dois bons álbuns, é natural ter as expectativas lá em cima. Não ficamos desiludidos. Peso e bom gosto sem esquecer melodia que está longe de ser óbvia, “One More River To Cross” é um álbum que soa clássico sem soar a mais do mesmo. Quantos podem dizer o mesmo.
9/10
Fernando Ferreira
14 – Corrupter – “Descent Into Madness”
Godz Ov War Productions
Este álbum de, ao que tudo indica, estreia, por parte dos Corrupter é daqueles que deixa logo uma marca à primeira. Cavernoso como o death metal insiste não ser mais actualmente mas com uma capacidade para criar melodias que parece que são sinfónicas e orquestrais. Atenção, para clarificar tudo para os que vão já fugir a sete pés ao ler “sinfónicas e orquestrais” – o que temos aqui é guitarras, baixo, bateria e voz. Apenas. No entanto, os riffs conseguem ir buscar uma magnitude tão grande que toda uma orquestra parece que está a tocar lá atrás. E não é bonito, para os ouvidos ávidos de coisas melódicas. É podre, é sujo e bastante poderoso. “Descent Into Madness” é death metal francês que parece que veio das entranhas da Suécia se esta tivesse ido para a Inglaterra numa tarde de sol de 1989. Violento, bruto e mau. Tal como se gosta. Digam lá que uma orquestra a soar assim não é de impor respeito?
9/10
Fernando Ferreira
13 – Capricorn – “For The Restless”
Wild Kingdom
Que grande rock temos aqui. O som dos Capricorn pode não parecer nada demais nos termos de hoje onde a imagem sonante e moderna, com música a acompanhar e que muitas vezes não tem grande conteúdo. Longe de ser descartável, apesar deste álbum ser bastante curto – menos de meia hora – este é um rock boa onda sem ser propriamente retro. É aquele tipo de som que não envelhece e que cada vez que se ouve fica melhor. Há por aqui um certo espírito AC/DC sem estar propriamente focado no hard rock influenciado pelo rock’n’roll assim como a referência a Tom Petty faz todo o sentido. O disco indicado para as pessoas que gostam das coisas prazeirosas e para quem acha que o rock não está morto, nunca esteve e nunca estará.
9/10
Fernando Ferreira
12 – Girish & The Chronicles – “Hail To The Heroes”
Frontiers Music
Este é o hard rock que mais impacto tem para estes lados. Sim, a capa é manhosa, o som não apresenta nada de novo e o nome… bem, o nome não lembra o diabo mas sem dúvida que a música está tão boa que tudo o resto parece (e é!) acessório. “Hail To The Heroes” é o terceiro álbum dos indianos e tem tudo para agradar quem gosta do bom e velho hard’n’heavy. Principalmente aquela inocência que parece que já abandonou o estilo em detrimento de uma fórmula que deve ser preenchida. Não é algo que se sinta que há por aqui. “Apenas” amor ao estilo, amor à música. Tal como qualquer um de nós tem. Excelente surpresa!
9/10
Fernando Ferreira
11 – Brood Of Hatred – “The Golden Age”
Gruesome
A Gruesome Records tem-se revelado incansável na sua pontaria para grandes propostas. A mais recente que nos chegou foi este projecto tunisino, uma one-man band que tem em “Golden Age” o seu terceiro trabalho. E tem também a particularidade de ser o primeiro e único álbum até agora que apareceu no Álbum do Mês de Março em dois anos específicos. E isso tem fácil explicação. Inicialmente para ser lançado pela Brucia Records, esse lançamento acabou por ser arquivado até agora a Gruesome a fazer o devido serviço público. Um álbum de death metal peculiar e de (forte) cariz progressivo. E isto com apenas trinta e cinco minutos de duração no seu todo – ou seja, não é preciso ter temas com dez minutos ou álbuns com setenta para se ser progressivo. Um ritmo frenético e constante com melodias intrincadas onde a melodia é contraposta pela brutalidade, que neste caso aparece bem evidenciada (sobretudo) na voz. Um álbum que apesar de curto não será de fácil absorção e interiorização mas é a sua estranheza que nos consegue converter após algumas (poucas) passagens.
9/10
Fernando Ferreira
10 – Caedeous – “Obscurus Perpetua”
Edição de Autor
Regresso dos Caedeous, projecto liderado por Paulo J. Mendes, com o seu segundo álbum. A primeira impressão é mesmo que isto está a soar muito bem. Em relação a uma produção mais estranha da estreia, aqui temos um equilíbrio maior entre os diversos instrumentos e com as guitarras a ficarem mais presentes na mistura final em relação aos teclados embora ainda sejam estes que dominam as atenções por completo. As vocalizações são outro ponto de destaque, com D.M. (dos Helioss e Celestial Swarm) a dividir o protagonismo com a soprano Josephine W.H.. Para os amantes do black metal sinfónico, este é sem dúvida um dos lançamentos do ano, onde se sente uma maturação de uma identidade própria sem esquecer os pontos chave que o estilo onde se insere tem. Uma evolução palpável e que também se sente longe de estar terminada, apesar do sólido passo aqui dado.
9/10
Fernando Ferreira
9 – Suckerpunch – “Redneck Gasoline
Edição de Autor
Assim até sabe bem. Não conhecemos a banda de lado nenhum, entra em contacto connosco devido ao lançamento do seu álbum (até ver apenas de forma digital) e depois é um rockão gingão cheio de energia sleazy e até com algum blues à mistura. Os Suckerpunch são como uma metamorfose dos ZZ Top se estes surgissem com mais garra nas guitarras e não tão southern mas ainda o suficiente para se sentir o aroma a deserto do Texas. Ah e a banda é dinamarquesa, portanto, a surpresa ainda é maior. É um álbum que todos os fãs de rock vão gostar. Sem modernices a descaracterizar a coisa mas com um poderoso e cheio e com um feeling que só quem gosta do bom e velho rock é que vai apreciar. O bom e velho rock que nunca fica velho com o passar dos anos. Apenas fica ainda mais bom.
9/10
Fernando Ferreira
8 – Kandia – “Quaternary”
Frontiers
Este era já um álbum bastante aguardado. Os Kandia são o exemplo da banda talentosa portuguesa que luta pela sua música e que depois muito lutar começa a ver os frutos do seu trabalho a surgirem. Terceiro álbum que surge nove anos depois do segundo mas que surge com poder tal que para muitos será como o primeiro. A base estilística é diversa o suficiente para ser coberta pelo rótulo alternativo, rótulo que não serve para explicar a sua identidade. Aliás, tal como o talento dos seus músicos, principalmente de Nya, que está com um vozeirão daqueles que garante não só força e garra como também sensibilidade, sem entrar em estereótipos que são comuns nas bandas onde temos uma frontwoman. Pesado, negro mas também melódico e catchy sem nunca soar gratuito e meloso, “Quaternary” corresponde ao terceiro álbum que define a carreira de uma banda. Depois deste, as expectativas estão no teto.
9/10
Fernando Ferreira
7 – Last Piss Before Death – “Last Piss Before Death
Raging Planet
A primeira vez que ouvimos os Last Piss Before Death foi em cima de um palco e houve uma boa impressão deixada mesmo sem que perdurasse na memória. Entretanto veio a pandemia e tudo ficou em pausa. Com este álbum auto-intitulado de estreia, agora já não há mais desculpas para que o seu som fique na memória. A banda tinha como intenção juntar ao thrash o groove old school – e como tal eu penso em propostas quase crossover como Pro-Pain – e se esse objectivo parece ser algo banal e algo batido, o resultado sónico deixa-nos convencido exactamente do contrário. Este é um trabalho diversificado e punjante, que combate os lugares comuns esperados com malhas fortes que deixam-nos reféns dos instintos metálicos mais primários – ou seja, abanar o carolo. Um vício que vai-se instalar mesmo naqueles que podem abordar este álbum com desconfiança.
9/10
Fernando Ferreira
6 – Dawnrider – “The Fourth Dawn”
Alma Mater
Finalmente, o tão aguardado regresso dos Dawnrider. Esta quarta vinda já estava prometida há algum tempo mas por efeitos maléficos da pandemia, apenas agora se pode concretizar, oito anos após a terceira. E em nada se distancia daquilo que esperávamos e desejávamos. Doom metal com aquele cheirinho tradicional (onde tanto podem caber coisas como Manila Road ou Saint Vitus) que tanto se sentia falta. Com um som orgânico e clássico – ou não tivesse sido misturado e masterizado por Tony Reed (dos Mos Generator e produtor de álbuns de bandas como Saint Vitus) “The Fourth Dawn” é um daqueles álbuns que dá muito gozo ouvir para quem gosta de sentir como a simplicidade do heavy metal é perfeita. Primeiro por ser tudo menos simples e segundo porque é esse paradoxo, como tantos outros, que nos faz ficar presos e sentir os arrepios de pele. Baixo, bateria, guitarras, teclados (numa tonalidade bem subtil e vintage que trazem uma classe reforçada às canções) e voz é apenas o que precisamos para ficarmos rendidos a temas como “Order Of Dawn” e “The Final Call”. Doom metal no seu melhor!
9/10
Fernando Ferreira
5 – Hath – “All That Was Promised”
Willowtip
Que potência sonora traz este segundo álbum dos norte-americanos Hath. Diversas coisas que me fizeram ficar irremediavelmente apaixonado por este trabalho. Primeiro, a apresentação. Logo à cabeça esta capa seduz e atrai irremediavelmente quem gosta de ver a sua (boa) música associada a excelente arte. No fundo é tudo arte, certo? Complementando-se uma à outra. Segundo, a música é imediata mas não é imediatamente indecifrável, ou seja, temos uma amálgama de géneros – onde o death metal e black estão à cabeça – que se fundem para apresentar algo refrescante. Há uma aura toda ela especial, mística e até, porque não dizê-la, sinistra. Um poder que vai para além das velhas (mas sempre eficazes) fórmulas metálicas do death/black metal. Podemos dizer que é o elemento progressivo – algo que é preciso ter sempre um bocado de cuidado de afirmar mas é um termo que surge associado à banda e julgo que não é mesmo por acaso – mas na verdade não interessa, o que interessa é que tudo o que foi prometido pela banda, está aqui cumprido. Enorme álbum!
9/10
Fernando Ferreira
4 – Corpsegrinder – “Corpsegrinder”
Perseverance Music Group
Podemos pensar cinicamente sobre o que interessa ao mundo (principalmente o mundo da música extgrema) do interesse num álbum a solo de George “Corpsegrinder” Fisher? Não em demérito do vocalista mas porque os Cannibal Corpse já fazem death metal tão marcante e de forma tão vincada que não vemos o simpático vocalista a fazer outra coisa que não… death metal, claro está. A esses descrentes da possibilidade de haver várias formas interessantes de fazer death metal, podemos dizer que este álbum de estreia a solo é um grande álbum de death metal e que sem fugir ao estilo é marcadamente diferente dos Cannibal Corpse. Para já, há um maior groove, uma maior aproximação aos valores tradicionais do géneros dos quais os Cannibal Corpse se foram afastando progressivamente com a evolução da sua identidade musical. E por tradicional refiro-me a um lado mais thrash tal como no início do género nos seus inícios. Para contrabalançar, a produção é moderna e bem pujante, fazendo uma mistura perfeita para um álbum de meia hora que cumpre na perfeição aquilo a que se comprometeu.
9/10
Fernando Ferreira
3 – Allegaeon – “Damnum”
Metal Blade
O ano vai correr bem. Só pode, afinal estamos perante o novo álbum dos Allegaeon, que é sempre uma referência na arte de juntar a componente melódica e a componente técnica. Juntar as duas e em grandes temas. Então já se sabe que o entusiasmo é mais que muito quando estamos perante de mais de uma hora de nova música. Há muito que mastigar e muito a absorver – processo que poderá estender-se por muito mais tempo que o necessário para ter esta pequena análise escrita. Não obstante, a satisfação vai crescendo de tema para tema, conforme se constata de que mais do que mudanças estilísticas e de tentar meter um quadrado numa roda só para estilo, a funcionalidade é sempre o ponto mais importante. E por funcionalidade temos a forma como os temas soam impactantes. Apesar da longa duração (continuamos a falar de death metal mas a banda também já nos habituou a este formato) este é um álbum que se ouve muito bem e que não custa nada voltar ao início depois de chegar ao final. Mas primeiro tem que se parar para respirar porque tanta excelência junta, por tanto tempo, também nos tira energias.
9/10
Fernando Ferreira
2 – Messa – “Close”
Svart
Não escondemos de ninguém a admiração por esta banda italiana. O seu álbum de estreia “Belfry”coincidiu com o lançamento da World Of Metal no formato zine, o seu segundo “Feast For Water” não desiludiu – muito pelo contrário – a impressão deixada anteriormente, solidificando a sua forma muito peculiar de fazer doom metal. Peculiar e própria, onde as emoções são sempre o alvo. Normalmente usando como principal trunfo a fantástica voz de Sara que tem uma eficácia total. Essa fórmula não desapareceu de “Close” mas ainda assim sente-se que este terceiro álbum é um verdadeiro passo em frente e de expansão do som da banda sem efectivamente revolucionar o quer que seja. As melodias continuam a ser hipnóticas principalmente quando descaem para algo mais oriental (“Pilgrim” é um bom exemplo disso mesmo). “Close” é também mais ambicioso na duração, ultrapassando a marca de uma hora mas nunca chegando a ser aborrecido apesar de estarmos a falar de doom. Nesse aspecto até é bastante dinâmico, nunca deixando de sair fora da caixa (então quando entra em cena o saxofone… as defesas ficam completamente em baixo) e de conseguir surpreender pela positiva. Tendo uma carreira relativamente curta, não é difícil sentir este como o seu ponto mais alto, mas isso em vez de fazer desconsiderar o que está para trás, até nos faz mais apreciar (e querer apreciar novamente) o que ficou para trás.
9/10
Fernando Ferreira
1 – Amorphis – “Halo”
Atomic Fire
Ultimamente só nos damos conta da passagem do tempo quando surge um novo álbum de uma banda de eleição e nos apercebemos de que em relação ao anterior trabalho já passaram, neste caso dos Amorphis, quatro anos. “Queen Of Time” foi um álbum quase universavelmente aclamado pelo que as expectativas eram enormes. Podemos dizer que os Amorphis, desde que Tomi Joutsen entrou como vocalista, conseguiram tanto revitalizar a sua carreira como também encontrar uma zona de conforto criativa que lhes tem trazido muitos frutos. Agora não só conseguem dar um passinho dentro dessa zona de conforto como também ampliá-la um bocado mais. “Halo” é melódico e pesado como se esperaria mas também é mais pesado e orquestral como se calhar nunca foi antes nos últimos vinte anos. E isso faz com que este seja um dos seus álbuns mais refrescantes dos últimos tempos e também um dos mais viciantes. É impossível ouvir este álbum apenas uma vez e é impossível não o ouvir de seguida. Quando a tendência da música é voltada cada vez mais para os singles e não álbuns, sabe tão bem encontrar uma banda clássica a fazer ver (e sentir) como a magia de um álbum é incomparável! Deste álbum sobretudo.
9/10
Fernando Ferreira
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