O Álbum do MêsReview

Álbum do Mês – Outubro 2021

Álbum do Mês – Outubro 2021

As estações passam mas nunca o Outono e Outubro souberam a Verão para os apreciadores de música. Em Portugal as restrições finalmente caem e é altura de voltar a ver casas cheias para os concertos da música que tanto queremos e gostamos. Obviamente que as preocupações pela saúde pública continuam mas pelo menos agora há um bocado mais de esperança no horizonte para toda uma indústria que tem prendido a respiração por um tempo inesperado e até recorde. A nossa forma de comemorar? Mais vinte álbusnde qualidade inagualável para a posteridade.

20 – Cosmic Burial – “… To The Past”

Purity Through Fire

Este tipo de coisa até parece que já não se usa mas por um lado ainda bem que de vez em quando se é surpreendido assim. Do que raio estou a falar? Não, não perderam nenhum parágrafo perdido. Cosmic Burial é um projecto, uma one-man band por parte de V.V. de Nachtig e Valosta Varjoon. Não conhecem nenhum destes nomes? Não tem importância, são recentes embora já bastante activos. Assim como este projecto que lança agora o segundo álbum depois da estreia no ano passado. Música instrumental que apesar da estética do black metal na imagem, em termos sonoros até está mais perto do pós-rock. Mais ainda que do pós-metal pelos andamentos mais compassados e pelo peso das músicas em si. E resulta. Resulta principalmente por ser instrumental e por estar bem construído apesar das limitações em que se percebe que existiram na concepção e gravação do trabalho. Se não fossem essas limitações, provavelmente nem teria o mesmo encanto. Uma excelente surpresa principalmente para quem gosta de pós rock. Vale a pena.

8.5/10
Fernando Ferreira

19 – Wraith – “Undo The Chains”

Redefining Darkness

Há algo transcendente no som dos Wraith e eu sei que estas palavras poderão encantar quem chegou apenas aqui agora e que poderá desencantar depois de ouvirem a sua música, alegando “é apenas black/thrash ligeiramente javardo”. É para aprenderem. Esta vida é muito mais do que valorizar coisas limpas até à exaustão que preenchem o olho e depois esvaziam a alma. Não é dizer que “Undo The Chains” é um álbum cheio de uma mensagem altamente profunda que vale a pena a perpetuar a sete ventos. O que é de valor aqui é mesmo a sua música e como a mesma transpira e respire heavy metal tal como o mesmo deve soar: ameaçador, sem tretas e com bons solos – não me canso de repetir e apelar em como este último componente tem que estar sempre presente num disco de metal que se preze. Terceiro álbum e uma colecção de temas que apetece fazer headbang do início ao fim. Como não gostar?

8.5/10
Fernando Ferreira

18 – Addiktio – “Anthem For The Year 2020”

Indie Recordings

As dissonâncias é algo que poderá trazer uma maior ambiência a uma música e existem muitas bandas que usam essa ferramenta. No entanto confesso que tenho alguma dificuldade em absorver aquele efeito de guitarra que faz com que o som seja dissonante. Desconhecendo ao certo qual é o efeito ao certo (na minha parca experiência, o que me recordo era algo próximo de um pitch shifter), nunca me soou bem. E curiosamente é uma abordagem que sempre encontrei mais em bandas instrumentais e próximas do pós-rock. Quando o tema-título começa com um groove mais moderno e com aquele som, eu perdi logo a pica toda. No entanto, e em abono deste talentoso trio, essa abordagem não é repetida até à exaustão ao longo do álbum. Aliás, o resto do álbum é tão bom que até me fez conseguir voltar diversas vezes ao tema em questão e conseguir cativar-me – o que é bastante difícil de acontecer! Ou seja, mais que tentar soar bem ou mal, cada som, cada escolha na música (músicas, todas, do álbum) faz sentido e está lá para conseguir atingir um objectivo específico. Algo fundamental principalmente para uma banda instrumental que não tanta forma de expressão como uma banda com um vocalista. E essa suposta falta é algo que nunca se sente ao longo deste álbum. As diversas texturas e temas vão muito para além da demonstração gratuita de habilidaes mas pela importância de apresentar temas que estabelecem acima de tudo ambientes. Ambientes aos quais é muito fácil ficar viciado.

8.5/10
Fernando Ferreira

17 – Flesia – “Trost”

Art Of Propaganda

When a band with a career spanning more than 15 years appears to us with an album, we get the idea that there is one of two hypotheses. Either we have been in a state of animated suspension as Captain America, or said band re-surfaces renewed regarding its sound. Or none of those alternatives, and we do so much and have the illusion that nothing goes by us. Karg are one of these cases, in which their 7th album reveals itself with eighty minutes of melancholic melodies and a voice that wouldn’t be greatly displaced of something akin to depressive black metal. In fact, black metal is indeed the starting point of the Austrian band that came from a more atmospheric appearance before coming across to the “post” side that’s manifested in this work. Due to the fact that the shorter tracks have a duration of around 7 minutes, it might be a work that finds it hard to please, even more so for those who expect something more aggressive, but the fans of post-metal or post-black metal will be positively surprised with this album.

9/10
Fernando Ferreira

16 – Mario Rossi Band – “Heavy”

Edição de Autor

Blues, baby, yeah! O feeling com que o guitarrista brasileiro nos traz com este “Heavy” é fantástico e contagiante. Por blues, entende-se logo que não temos nada de moderno ou de “modas”. Até podemos dizer de forma arrogante que já tudo foi feito dentro do estilo e que a maior parte dos seus mestres e inovadores já não estão entre nós. No entanto, eu sempre entendi o blues como mais uma sensação e um sentimento do que um género musical com mais ou menos espaço para inovar. A cada pessoa, a cada interpréte e até a cada fã, existe uma forma nova de apreciar o género. “Heavy” é isso mesmo sete temas que evocam outros temas mas que essencialmente evoca aquele sentimento primordial – com um pouco de sofisticação em relação ao dito sentimento – do blues, com um pouco de ritmos mais uptempo mas no geral é um puro disco de blues rock como manda a tradição. A haver uma influência apontada que me faça bastante sentido, terei que dizer que Alvin Lee/Ten Years After é aquela que me parece mais próxima do som de Mário que é um guitarrista fantástico e cheio de feeling. Daqueles discos que vos vai surpreender, para quem gosta de blues.

8.5/10
Fernando Ferreira

15 – Loose Sutures – “A Gasp With Sharp Teeth And Other Tales”

Electric Valley

Esta é uma banda recém-criada (2019) que tem como objectivo trazer aquele feeling primordial da década de setenta. O feeling do “fuzz”. O “fuzz” é a antítese natural da música moderna. Supõe um feeling orgânico, supõe espaço para respirar nas composições e supõe uma liberdade e groove que está longe de ser matemática. Aliás, a sua forma perfeita de manifestação passa mesmo por momentos imperfeitos. É esse o ambiente primordial destes temas que até nos surgem separados por dois lados. Disse no início que é uma banda recente mas este é já o seu segundo trabalho, o que provam que não andam por aqui a brincar. E neste segundo álbum tiveram uma mudança considerável no alinhamento, com a saída do guitarrista/vocalista Gianpaolo Cherchi e com a entrada  Giuseppe Hussain para a mesma posição/função. Sente-.se quie a banda ganhou irreverência sem perder parte da sua sensibilidade. E apesar de sair apenas em Outubro é a companhia ideal para tardes de calor e apatia – sentença de quem anda a ouvir isto desde Outubro.

8.5/10
Fernando Ferreira

14 – Triacanthos – “Apotheosis

Purity Through Fire

Haverá algo de novo a uma banda de black metal a apresentar hoje, em 2021, que já não tenha sido pensado, feito, ouvido anteriormente? Dificilmente. E esse foi o pensamento que, cinicamente, infiltrou-se nas primeiras passagens pela estreia dos norte-americanos Triacanthos. Mas conforme a arrogância de quem já ouviu demasiada música numa vida só vai desvanescendo, fica apenas pelo amor a um género que foi um dos mais importantes para a introdução à música extrema. E dentro desse sentimento, não há como negar que esse amor é fácil de reconhecer na música que temos em “Apotheosis”, seja pelos riffs em tremolo picking, seja pelo ambiente negro e próprio do estilo que é esperado. E é fácil, com humildade, reconhecer que seja qual for o ano em que seja lançado e independentemente de ser o primeiro ou o décimo trabalho, é um álbum fenomenal.

9/10
Fernando Ferreira

13 – Bull Brigade – “Il Fuoco Non Si E Spento”

Demon Run Amok

Já aqui referi a importância da simplicidade, e aparecem sempre novos exemplos que me surpreendem. Neste caso concreto, os italianos Bull Brigade que com o seu terceiro álbum conseguiram-me conquistar apesar de terem uma característica que não sou propriamente fã – cantam em italiano. Nada contra a língua em si mas é sempre difícil entrar principalmente quando num estilo onde as letras são sempre importantes. No entanto, e apesar de desconhecer por completo aquilo que cantam, a sua música é mesmo fantástica. Punk rock melódico e cheio de ganchos com refrões e melodias orelhudas que é muito fácil de cantarolar, nem que se seja de Mercúrio. E não é o caso de termos duas ou três músicas que se destacam e que fazem o resto das apresentações. Não, este é mesmo um álbum muito forte capaz de convencer alguém com o mesmo tipo de preconceitos que o demonstrado atrás. Boa onda, grande som!

9/10
Fernando Ferreira

12 – Stheno – “Wardance”

7 Degrees Records/Chaos & Hell Productions

Para quem já se tinha esquecido da existência deles, aqui estão os Stheno, banda grega que tem uma abordagem muito própria ao black metal, com uma dose elevada de testosterona metálica na forma de grindcore. Podemos pensar num nome como Anaal Nathrakh e em termos de riffs até que não estamos muito longe. A principal diferença é que aqui não temos aquela textura industrial e uma sonoridade muito mais orgânica. Não tem mais de vinte e cinco minutos mas o poder aqui contido também não poderia durar muito mais para além dessa duração, isto sem introduzir outras coisas pelo meio para diluir. Puro e bruto, sem concessões, ou seja vício.

9/10
Fernando Ferreira

11 – The Stone Eye – “South Of The Sun”

Eclipse

A melhor arma continua a ser a simplicidade. E não é uma arma tão fácil de usar como possa parecer à primeira. Isto também não quer dizer que não fiquemos irremediavelmente atraídos por algo mais complexo e fora da caixa mas numa altura em que tudo ou é banal ou é complicado, é sempre refrescante encontrar música simples mas altamente eficaz. É o caso dos norte-americanos The Stone Eye e deste “South Of The Sun” que agarra logo à primeira com o seu stoner e aditivos. Os aditivos é também algo bom, termos música que não encaixa completamente num rótulo, o que demonstra personalidade e originalidade (dentro de limites). O comunicado de imprensa refere que a música dos The Stone Eye é como se estivessemos uma entidade metade Frank Zappa, metade Kurt Cobain que fizesse música para os Queens Of The Stone Age e Alice In Chains. Não é algo que concorde mas Alice In Chains foi um nome que surgiu em mente, principalmente devido às melodias vocais. Seja como for, este álbum é puro prazer rock. Stoner, alternativo, mas definitivamente rock.

9/10
Fernando Ferreira

10 – Withering Soul – “Last Contact”

Mortal Music

Dizem os tempos modernos que quanto mais longe das atenções (ou agora, dos feeds) dos fãs, mais depressa se é esquecido. Apesar de saber que é dolorosamente verdade, são graças a bandas como os Withering Soul que espero que isso seja uma excepção à regra. Tiveram seis anos sem lançar nenhum trabalho mas voltam com este “Last Contact” que é uma bomba daquelas que merece que seja reconhecida e apreciada não só pelos seus fãs mas por todos os outros que ainda não os conhecem. E este será o trabalho ideal para fazer essa apresentação. Mistura entre death e black metal, com um pouco de melodia à mistura mas sem nada que os coloque em patamares demasiado reconhecíveis com o que foi feito no passado. É um álbum que passa a correr e que nos leva com ele, largando-nos depois à nossa sorte, meio atarantados. Para ouvir do início ao fim, um grande trabalho.

9/10
Fernando Ferreira

9 – Burning Tongue – “Prisoner’s Cinema”

Aqualamb

Uma banda para se afirmar hoje em dia, desde o início, tem que entrar a matar. Há cento e quinhentas bandas, há muita gente a tentar agarrar a atenção do ouvinte/potencial fã, nem que seja por três segundos (ou menos). Então cada um tem que fazer a sua parte, ou seja, tem que deitar tudo cá para fora e fazer o melhor possível. É aquilo que os norte-americanos Burning Tongue fazem, com um som que podemos encaixar dentro do hardcore mas ao qual o dotam com um travo metálico que é muito bem recebido principalmente a estes ouvidos. O início de uma bela amizade onde, pela amostra, poderemos encontrar sempre aquilo que procurámos, uma forma genuína de descarregar a raiva. Poderão haver muitas bandas do mesmo estilo dos Burning Tongue mas não há ninguém a soar como eles.

9/10
Fernando Ferreira

8 – Whitechapel – “Kin

Metal Blade

Regresso dos Whitechapel, que não chegando acabar o ciclo de concertos de apoio a “The Valley” (devido ao que todos sabemos), decidiu começar logo a trabalhar na sua sequela. “Kin” é, logo à partida, ainda mais ambicioso e abrangente do que a sua primeira parte. A forma como conseguem escapar aos lugares comuns do deathcore– que também todos já sabemos bem quais são – e entrar por caminhos progressivos, metalcore ou até death metal melódico, sem ter intenções de assumir qualquer uma destas facetas, é entusiasmante. Temas como “History Is  Silent” fazem pensar em Opeth sem ser rip off e sem que isso nos distraia da história ou da música que faz parte da sua identidade. Aliás, como um todo, este é um álbum que prende tem à história que está a ser contada como à música que consegue cativar e surpreender – para quem esperava mais do mesmo pelo menos.

9/10
Fernando Ferreira

7 – Desalmado – “Mass Mental Devolution”

Gruesome

Regresso muito aguardado, pelo menos por mim, dos brasileiros Desalmado. A banda não só é uma das mais interessantes propostas de death/grind como também é composta por músicos/pessoas cinco estrelas, com os pés assentes no chão. Boa personalidade nem sempre significa boa música mas no caso dos Desalmado e principalmente após o trabalho anterior (que já data de 2018), as expectativas estavam em alta. E não foram estilhaçadas. Ou melhor se o foram, foi pela positiva, porque “Mass Mental Devolution” apresenta a banda a um nível ainda mais elevado do que se antecipava. Um álbum dinâmico, intenso (a pender mais para death metal é certo, mas ainda assim bem acutilante) e sempre com uma consciência lírica que vai directo ao ponto – aquela “Esmague os Fascistas” é acutilante! Facilmente o melhor álbum da banda, o mais maduro e um que deixa a fasquia bem elevada.

9/10
Fernando Ferreira

6 – Morte Incandescente – “Vala Comum”

Signal Rex

Há algo de muito especial em Morte Incandescente. Algo muito superior às pessoas que o constituem (Nocturnus Horrendus dos Corpus Christii, entre outros, e Irae dos Vulturius, entre outros), à estética que escolheram ou aos trabalhos lançados e o espaço conquistado no cena e underground do black metal. É uma mística muito própria que povoam num universo que é restrito e que tem uma filosofia que reforça mesmo esse sentido de exclusividade. A única expectativa que tinha era ver como essa mística seria reapresentada, partindo do príncipio que a mesma estaria presente. E sim, está presente e a representação dos Morte Incandescente em 2021 é o que se antecipava: black metal tão directo quanto minimalista mas sem que isso signifique baixar os valores de produção. Se querem mostrar a alguém o que é black metal, são álbuns como este que ilustram o quadro de forma perfeita, onde as letras em português são uma mais valia. A destacar um tema a um álbum que tem de se ouvido por inteiro, terá de ser “O Uivo Da Noite”, directo e com um feeling mais metal tradicional e que até mete pelo meio harmónica.

9/10
Fernando Ferreira

5 – Wang Wen – “100,000 Whys”

Pelagic

Há o prog rock, há o post-rock, bandas-sonoras  e há a música instrumental. E depois existem os Wang Wen que a cada álbum sabemos que não vão surpreender na forma – basicamente anda sempre à volta dos quatro pilares citados atrás – mas que vão sempre sacar umas melodias que nos vão dar conta ao miolo. Aliás, até pode-se sentir, de alguma forma incrivel, que a música não está a bater, mas eis que surge um momento em que tudo é colocado a zeros e vamos ter que reavaliar aquilo que pensámos. Foi o que aconteceu aqui. Mais de uma hora de música com capacidade de evocar imagens que vimos na tela do filme da nossa vida – aquele que passa à frente dos nossos olhos – e quen nos faz sentido reclamarmos como nossa. Muitas vezes logo à primeira audição. “100,000 Whys” poderá evocar muita dúvida no seu título mas a sua música continua a dar-nos certezas, ainda mais do que seria expectável. Excelente obviamente.

9/10
Fernando Ferreira

4 – Xenosis – “Paralled Existence”

Edição de Autor

Quais são as probabilidades de ter duas bandas com o mesmo nome e que ambas tocam death metal progressivo? Estes são os americanos (os mais activos) que lançam agora o seu quarto álbum de originais, um trabalho que tem de ser, obrigatoriamente, bem recebido por todos os que gostam de death metal progressivo e técnico. O primeiro ponto da lista e o mais importante de todos não deverá ser a complexidade dos temas ou a exibição técnica dos seus músicos mas o equilíbrio entre esses elementos e a qualidade das músicas. E nesse aspecto “Paralled Existence” dá um fantástico espectáculo. Não esconde os tiques e os lugares comuns próprios do género mas também serve um bom conjunto de canções, ainda que as mesmas não seja fáceis de interiorizar – é assumidamente death metal progressivo e técnico, porque é que haveria de ser fácil de interiorizar. É um álbum que dá gosto entrar e absorver lentamente, com cada audição a trazer cada vez mais e maiores recompensas.

9/10
Fernando Ferreira

3 – Elimination – “Echoes Of The Abyss”

Edição de Autor

Dez anos depois e com um EP (e um interregno) pelo meio, aqui está o terceiro álbum dos britânicos Elimination. E que jarda! Daquelas que nos faz ficar a pensar “de onde é que isto veio?” Pois é, thrash metal com extremo bom gosto e com uma dose superior de dinâmicas. Sobretudo a nível instrumental. Curiosamente, e apesar de dividirmos as coisas entre o que é tradicional ou moderno, os Eliminatio conseguem dar uma no cravo e outra na ferradura. Soam poderosos, quase groove mas as suas músicas acabam por ir beber ao thrash metal de início da década de noventa. Surpreendem, pela positiva, sobretudo nos solos de guitarra e no trabalho de guitarras em geral. Uma banda regressar nem sempre acerta à primeira, mas podemos dizer que neste caso tem que se dar razão ao ditado, “quem sabe não esquece.”

9/10 
Fernando Ferreira

2 – Shy, Low – “Behind The Sun”

Pelagic

Impressionante, simplesmente impressionante como a música instrumental, quando bem feita  bem tratada, consegue gritar mais alto do que mil vozes em uníssono. Ao quinto álbum, não existem aqui muitas surpresas em relação ao pós-rock cinematográfico mas existe também muito mais do que “apenas” pós-rock – e estou inteiramente de acordo com o que diz o comunicado de imprensa a esse respeito. Há uma maior sensação de peso e dinâmicas que fazem com que nos sintamos no cinema à espera que as imagens sejam tão impactantes como aquilo que a música está a sugerir. “Snake Behind The Sun” é o quinto álbum de originais e a estreia da banda pela Pelagic. Diria que dificilmente se teria uma estreia melhor do que este álbum que sai já disparado para a lista dos melhores trabalhos de 2021.

9/10
Fernando Ferreira

1 – Wazzara – “Cycles”

Edição de Autor

Será possível amor à primeira vista? Ou audição. Muitas vezes aqui falei do sentimento mas é algo tão idílico que é fácil convencer-nos que se trata de que se trata de algo real. E é. 2021, álbum de estreia dos suiços dos Wazzara e assim que ouço a voz, conjugado com um pós-metal inteligente e muito arraçado de black e doom metal, fico imediatamente sem defesas. A voz de Barbara Brawand (também conhecida como “Babs”) tem um forte feeling folk etéreo mas ela também se sai muito bem num estilo mais agressivo (que pende para o black metal). Todos estes diferentes elementos resultam bem, especialmente, pelos temas em si, que são enigmático, místicos e, claro, hipnótico. “Cycles” é uma das grandes estreias do ano e um álbum ao qual dificilmente vamos esquecer.

9.5/10
Fernando Ferreira

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