Especial Iberian True Black Metal Fest: Entrevista – Beastanger
No passado dia 8 de Abril, o porto foi invadido pelo black metal, fruto da primeira edição do Iberian True Black Metal Fest, organizado pela True Black Metal Spain: Media & Promotion. O cartaz reuniu dois nomes nacionais (Espectro e Beastanger) e três bandas espanholas (Balmog, Hate Legions e Lóstregos) num cartaz bastante forte dentro do espectro do underground do black metal.
A segunda banda da noite foram os Beastanger, donos de um poderoso som death/black metal de fazer abalar um prédio. Devoção às artes negras e ao som mais extremo do metal são apenas algumas das suas características. Na mesma noite em que arrasaram o Metalpoint tivemos uma conversa esclarecedora com a banda do Porto.
WOM – Primeiro vamos fazer uma pergunta relacionada com o álbum novo em comparação com o antigo. Beastanger está na estrada desde 2009 com seu primeiro trabalho o “Genesis (unholy)”. Este álbum possui elementos de Death e Black metal, remete-nos para um cenário apocalíptico onde as hostes celestiais são destruídas através da invocação das forças pagãs.É feito de maneira gradual, passando por letras em português e temas em latim. No novo álbum “In the Eye of the Crow” parece haver uma maior potência demonstrando maior ódio e desespero. Consideram que existe uma evolução entre os dois álbums?
Beastanger – Houve uma grande evolução tanto a nível lírico como a nível instrumental. Ou seja, o “Genesis” foi feito há muitos anos e o “Crow” ainda está a acabar de ser feito. Nós como músicos melhoramos imenso. Há uma evolução a nível da composição, a nível lírico, tudo. Neste álbum, também tentamos pôr mais uma veia pessoal. Enquanto o “Genesis” é mais um tema fictício, o “Crow” é algo mais pessoal, mais sentido, algo mais pessoal que nos diz mais alguma coisa. Mais humano. Isso acaba por se traduzir na música. Acabamos por nos identificar mais com aquilo e tentar com que soe ainda melhor do que com aquilo que era suposto. Há mais prazer a fazer. O único membro da banda fundador é o Luis, portanto para falar do último trabalho ninguém melhor do que ele. Mas da minha interpretação do último trabalho é algo mais black, mais fictício, mais pessoal, enquanto que aquilo que eu vejo no novo trabalho, no álbum que estamos a construir algo mais humano, muito mais introspectivo. Há um ponto de viragem de um trabalho para o outro.
WOM – Para este novo álbum, vocês tiveram quais influências? O que é que fez essa viragem neste novo álbum? Influência nihilista?
Beastanger – Eu acho que não há uma influência concreta.É óbvio que se tu começares a ouvir música clássica amanhã, isso vai influenciar o teu estilo de composição e o “Crow” já está a ser composto aos bocadinhos. Há já alguns anos. Então vamos tendo várias influências conforme aquilo que vamos ouvindo. Mas tentamos sempre manter a base do trabalho: algo mais introspectivo, mais melódico, algo que nos toque mais. Também, também. Agora o que eu sinto sobretudo é que respondendo à pergunta, há um ponto de viragem enquanto que o outro trabalho era mais cru, mais Black, mais ficção. Este aqui a nível de riffs e tudo tem uma construção diferente:as próprias letras, um som mais introspectivo.Ou seja, letras mais humanas relacionadas com coisas que sentimos e menos ficção.
WOM – Em relação à cena do Black Metal Ibérica especialmente em Portugal.No que é que ela é diferente, em relação, às outras cenas europeias?
Beastanger – O Black Metal, pelo menos em Portugal, considero-o um bocado diferente. Todas têm algo que as faz distinguir uma das outras. Pelo menos as bandas de Black Metal conhecidas. Têm uma melodia própria que as faz destacar do resto.Em Espanha já não sei. Não estou muito dentro.
WOM – Acham que existe uma sonoridade específica no Norte do País?
Beastanger – Não! Cada banda tem a sua maneira de tocar, de compôr.Destacam-se por isso.Se tu ouvires Irae, sabes que é Irae.Se ouvires Corpus Christii sabes que é Corpus Christii.Não tens dúvidas.
WOM – Então tem um carácter mais pessoal do que nacional?
Beastanger – A sonoridade do Black Metal pode variar um pouco de região para região. Mas acima disso acho que varia de vivência para vivência. Se nós descartarmos um bocado aquele Black Metal mais cru e mais fictício (pelo menos eu falo por mim); eu sou um bocado suspeito, eu gosto de outros estilos para além de Black, mas mesmo dentro do Black gosto de algumas vertentes.Gosto de ouvir Depressive Black, como Black mais
agressivo, como um Black mais introspectivo, mais humano. Se bem que a região influencie imenso.Se nós formos ver o Black Metal norueguês e por aí fora, a nível cultural está lá presente, há lá qualquer coisa. Mas, acho que acima disso tem a ver com o que os membros querem fazer, se é algo mais introspectivo, se é algo mais depressivo, se é algo mais agressivo…
WOM – A agenda de concertos em Portugal, Espanha o que é que vocês têm planeado?
Beastanger – Este é o último que temos planeado. Andamos a apresentar uma mistura de músicas tanto do álbum que ainda não saíu como de várias músicas que temos do álbum do Genesis. Por enquanto a seguir a este concerto não temos nenhum planeado.Mas… Nós parámos durante 2 anos porque o Zargos teve um problema de saúde e voltamos agora.Tocamos agora para aí uns 8 concertos, 10. E neste momento não temos nada definido temos bastantes concertos planeados, alguns para Espanha. Mas ainda nada em concreto. A nossa missão é marcar estes concertos sobretudo para dizer Beastanger está de volta! Nós estamos aqui, não acabamos!Mostrar o que temos para trás e o que estamos a fazer. Para o pessoal saber que Beastanger não deixou de existir. E tentamos trabalhar o álbum juntamente com estes concertos. Vamos ainda dar alguns concertos. Mas, acima disso a preocupação é trabalhar no álbum.Estes concertos são só para dizer Beastanger está vivo, não acabou.Nós estamos cá!
WOM – A marcar presença.
Beastanger – Exactamente!
WOM – A médio e a longo prazo, têm algum plano no sentido de continuar a lançar álbuns, ou esperam explorar durante mais tempo o “Crow”?
Beastanger – Não.Neste momento a prioridade é mesmo lançar o álbum, temos que o acabar. Temos metade já perfeitamente ensaiado que são as músicas que estamos a tocar ao vivo e falta a outra metade.Falta começar a ensaiá-las e dar alguns retoques, aperfeiçoar. O objectivo neste momento é mesmo esse. Ensaiar, as músicas e gravar. E partir o mais rápido possível para concertos.
Entrevista e fotos por Jhoni Vieceli
Transcrição, tradução e edição das fotos por Sónia de Almeida Lopes Molarinho Carmo
Agradecimentos à True Black Metal Spain: Media & Promotion e Lord Mazarbul
Reportagem do evento Iberian True Black Metal Fest estará disponível na edição de Junho da World Of Metal
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