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Filhos do Metal – A Maturidade do Heavy Metal Português

Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Surpresa ou talvez não, o álbum “Maledictus” dos estreantes Seventh Storm entrou em grande no mercado nacional, atingindo de rompante o segundo lugar da tabela de vendas em Portugal. É evidente que o sucesso dos Moonspell fez com que a expetativa fosse muita acerca da nova banda de Mike Gaspar, depois da saída do baterista da sua banda de sempre. Acresce ainda o facto de o álbum ser editado por uma editora recente, mas com um leque de artistas de peso como os exemplos de: Helloween, Amorphis, Meshuggah, Opeth, U.D.O., entre muitos outros. A Atomic Fire Records é um projeto de gente que veio da Nuclear Blast, o que significa experiência, para além de uma estrutura com dimensão internacional. No nosso país, por exemplo, é a Warner que coloca “Maledictus” nas lojas. Todas estas forças asseguram um posicionamento forte para os Seventh Storm, mas não retiram o mérito a uma banda nova e repleta de interesse. O álbum de estreia foi pensado com um objetivo claro – reunir um leque de músicas que refletisse os gostos e influências de quem o compôs. Nota-se um cuidado em evidenciar cada instrumento, cada pormenor nos arranjos. Nota-se acima de tudo a portugalidade, numa intenção declarada de mostrar um lado nostálgico, negro, saudosista, tão típico da cultura portuguesa. Se dúvidas houvesse, basta referir que “Saudade” foi o título escolhido para a música de apresentação de “Maledictus”.

As letras são da autoria de Rez e Mike Gaspar. A produção é do próprio Mike com o auxílio de Ricardo Fernandes e José Castanheira em diferentes músicas. A mistura e masterização ficou a cargo de Tue Madsen. Há participações interessantes como é o caso de Ricardo Gordo a tocar Guitarra Portuguesa e a voz de Patrícia Andrade (ex-Sinistro) nos temas “Sarpanait” e “Gods Of Babylon”. Todo este trabalho é apresentado de forma digna com uma capa desenhada por Vitor Costa, editado nas já habituais versões de “luxo” em vinil e CD. Antes da data anunciada para o lançamento do Álbum houve bastante promoção. Mas mais importante é o facto das críticas serem positivas, ou seja, a banda e sua música foram bem recebidas um pouco por todo o lado.

Há sem dúvida, motivos de orgulho para todos aqueles, que como eu, há muitos anos aguardavam por este momento. Pela primeira vez um álbum de estreia de uma banda Portuguesa de Heavy Metal atinge a tabela de vendas de discos nacionais. É um feito incrível e que se quer repetível. Já antes outras bandas tinham estado nos tops, mas não com um álbum de estreia e não desta forma. A verdade é que fica demonstrado que o Heavy Metal em Portugal atingiu a maturidade. Esta é uma época em que os meios de comunicação não dão qualquer espaço ao Metal, aliás a música que vai passando na televisão e na rádio é aquilo que sabemos, nem vale a pena gastar linhas a mencionar. Este é um marco importante para o Heavy Metal em Portugal. A resiliência, persistência, trabalho de alguns músicos está a dar os seus frutos. Seventh Storm é uma banda nova fundada por um músico que atingiu sucesso noutra. É um exemplo de que vale a pena acreditar. Mike Gaspar não baixou os braços e rapidamente ressurgiu com uma banda com músicos portugueses, a fazer Metal Português, que despertou o interesse internacional. Os Seventh Storm podem ainda ter de encontrar uma identidade própria, para além desta primeira abordagem, quase em jeito de homenagem ao Metal dos anos 80 e 90. No entanto, são já um instrumento de mudança. O Heavy Metal em Portugal não voltará a ser o mesmo!


 

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