Filhos do Metal – Acontecimentos Determinantes Pt.2
Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Toda e qualquer ação no âmbito do Heavy Metal em Portugal teve importância para a exposição e desenvolvimento da sonoridade, por mais insignificante que possa parecer. A gravação de uma demo da banda mais underground que nunca chegou a atuar ao vivo; a realização de um concerto para 5 pessoas num bar; um programa de rádio; uma fanzine com 2 edições; enfim, tudo teve o seu mérito. Pela projeção, pelo impacto, pela qualidade ou pela influência no futuro, houve acontecimentos que se destacaram ao longo dos anos.
Lança-Chamas – Os programas de rádio tiveram uma influência fundamental na divulgação dos sons pesados. O Lança-Chamas foi, sem dúvida, o mais determinante. Logo à partida pelo facto de ser emitido a nível nacional pela Rádio Comercial, quando não existiam as rádios online. António Sérgio teve a audácia e o talento de dar a conhecer imensas bandas nacionais e internacionais. Divulgou o Metal mais mainstream, bem como o que se passava no underground. Acompanhado por Paulo Fernandes, Gustavo Vidal e ainda António Freitas, o Lança-Chamas espalhou “As Sete Vidas do Heavy Metal” por Portugal entre 1983 e 1992.
“V12” dos V12 e “Kingdom Of Lusitania” dos Tarantula – Na Primavera de 1990 a Polygram/Polydor surpreendeu tudo e todos com as primeiras edições de bandas de Heavy Metal Português através de uma multinacional. Apesar das edições se limitarem ao território nacional, faltando a devida exportação, foi um passo de gigante. Esta editora viria a repetir a dose em 1992. De notar que por essa altura a editora tinha a imposição das bandas terem líricas em português, o que aconteceu com V12. Já os Tarantula não cederam e a Polygram limitou-se a produzir e distribuir o “Kingdom Of Lusitania”.
“Thoughts” dos RAMP – Pela primeira vez uma banda de Thrash Metal, com líricas em inglês, conseguiu uma edição através de uma multinacional, a Polygram. Os RAMP rasgaram os preconceitos, ultrapassarem as barreiras e conseguiram um feito notável. “Thoughts” foi lançado em 1992 como um miniálbum, que mais tarde veio a ser reeditado em formato CD, já com mais três temas originais. A importância e influência deste álbum em todo o panorama do Metal nacional foi inegável. Ainda em 1992, a Polygram editou “Ecstasy” dos Hard Rockers Joker.
“The Birth Of A Tragedy” – O ano de 1992 foi realmente preponderante para uma cena metálica muito underground. A editora independente MTM teve o arrojo de lançar para o mercado uma coletânea em duplo vinil gatefold, à semelhança de edições internacionais como a “Metal Massacre” ou “Speed Kills”. Edições estas que foram marcantes e lançaram bandas que se tornaram ícones do Metal mundial. “The Birth Of A Tragedy” contém 19 bandas portuguesas, das quais ainda hoje estão ativas: Thormenthor, Disaffected, Sacred Sin, Web e Decayed. Não esquecendo os Morbid God que foram a primeira encarnação dos Moonspell.
“Wolfheart” dos Moonspell – Um dos acontecimentos mais extraordinários foi o facto dos Moonspell terem conseguido a assinatura de um contrato internacional, para vários álbuns, com a Century Media Records, uma das mais prestigiadas independentes na área do Heavy Metal. É certo que a banda já antes tinha editado um single e um EP além-fronteiras, mas nada que se comparasse com a Century Media, cujo primeiro lançamento foi o álbum “Wolfheart” em 1995. Desde então a história dos Moonspell é já algo de impressionante. A banda é hoje uma das mais distintas da cena metálica mundial, designadamente dentro do subgénero Gothic Metal. As portas abriram-se para que outras bandas pudessem sair. Não tem sido fácil, nem frequente, mas voltou a acontecer. Um dos casos que se seguiu de imediato foram os Heavenwood que editaram o álbum “Diva” em 1996 pela alemã Massacre Records.
Ainda no que respeita a contratos com grandes editoras independentes internacionais, houve acontecimentos recentes que vieram engrandecer o Metal nacional.
GAEREA – A banda misteriosa, que não revela a identidade dos seus elementos, assinou contrato com a francesa Season Of Mist. “Limbo” e “Mirage” são, até agora, os álbuns já editados. Mas também já antes tinham lançado um EP e um álbum através de editoras estrangeiras. O percurso dos GAEREA está a ser traçado de forma coesa, com digressões por vários países e a angariar prestígio na cena Metálica, com um som denso e avassalador.
Mas não ficamos por aqui…
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