Filhos do Metal – Estádios
Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Talvez não seja de espantar, mas achei surpreendente ver o anúncio de uma digressão, que inclui atuações em estádios, com os System Of A Down, Queens Of The Stone Age e Acid Bath. Dei por mim a pensar qual será a banda portuguesa de Metal a conseguir atingir esse patamar um dia, no futuro. Ou será que isso nunca vai acontecer? É certo que os System Of A Down atingiram um elevado estatuto, mas não lançam um álbum de originais completo há 20 anos e contam apenas com cinco álbuns de originais na carreira. Por isso é surpreendente. Por outro lado, já não é surpresa os Iron Maiden lançarem-se em mais uma grande digressão mundial de estádios e grandes arenas, passando por Portugal em julho de 2026. Não sendo muitas as bandas que conseguem juntar dezenas de milhares de pessoas num recinto, a verdade é que há nomes no espetro da música pesada, que atingiram esse nível. Exemplos: Iron Maiden, Metallica, Rammstein. Também nomes mais associados ao Hard Rock como: AC/DC, Guns N’Roses, Def Leppard, Kiss, Bon Jovi, entre outros (poucos). E ainda uns parentes no género, os Linkin Park, Korn e Limp Bizkit. Mas afinal qual o principal motivo para realizar este tipo de evento? As bandas têm tanto sucesso e atraem tanto público que só um estádio pode acolher o número de pessoas que compra bilhetes. Por questões financeiras é mais rentável uma digressão em estádios e grandes arenas. O estatuto permite a atuação em recintos de grandes dimensões e por consequência ainda ganham dimensão no mercado. Qualquer das hipóteses é plausível, assim como todas juntas.
A experiência de um concerto de estádio permite usufruir de megaproduções, com meios audiovisuais de grande porte capazes de impactar sonora e visualmente. Os artistas podem expor a sua música complementada por um grande aparato cénico, o que possibilita elevar a capacidade de surpreender. Veja-se o exemplo dos Rammstein e todo o aparato pirotécnico da última digressão, que passou pelo Estádio da Luz. No entanto, também é verdade que para o público é uma experiência mais impessoal. Há um maior afastamento do palco. Para quem está mais longe vê o concerto pelos ecrãs e quase não vê os músicos em palco. A música quase que fica em segundo plano. Principalmente porque trata-se essencialmente de um negócio para alimentar os músicos e centenas de pessoas que trabalham para que os espetáculos aconteçam. Há ainda, cada vez mais, uma miríade de atividades complementares para angariar mais dinheiro, oferecendo opções aos fãs. Diversos escalões de bilheteira. Bancadas de merchandising diversificado, cada vez com uma oferta maior de itens. Exposições com parafernália das bandas. Ocasiões de meet and greet a preços proibitivos, com diferentes possibilidades e exclusividade. Tudo isto resulta em milhões de receita e alcançam milhões de fãs. É o mercado da música no seu mais alto pico financeiro.
Então e nós aqui no nosso pequeno país, junto a um imenso oceano? Já recebemos diversas digressões desde o primeiro concerto em estádio – o dos Police, no estádio do Restelo, em Lisboa, no dia 2 de setembro de 1980. Tivemos também as aventuras dos nacionais GNR e Xutos e Pontapés, mas em concertos únicos. Um dia haverá uma banda portuguesa de Metal a atuar em estádio, em nome próprio, e até podemos antever quem será. Enquanto isso não acontece, aplaudamos as bandas que têm espalhado o nome de Portugal pelo mundo em digressões de sucesso em nome próprio ou como suporte. Moonspell. Gaerea, Sinistro e outros nomes que tanto nos orgulham.
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