Filhos do Metal – Por Onde Anda O Metal
Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Na história do Rock sempre houve diversas fusões de géneros que resultaram em subgéneros, ou até em verdadeiras descobertas de sucessos comerciais que acabaram por marcar gerações. A busca pela originalidade, as influências musicais, o ambiente social e a criatividade de alguns músicos são as causas dessas obras musicais e líricas. O Thrash Metal, por exemplo, resulta de um cruzamento entre o Heavy Metal, o Hardcore e o Punk, numa tentativa de acelerar o ritmo mais melódico das bandas mais conhecidas, como aquelas que incluíam a New Wave Of British Heavy Metal. Mais tarde, no final da década de 80, princípio dos anos 90 surge o Grunge, género que dominou quase por completo o espetro Rock pesado durante alguns anos. O estilo é caracterizado por uma miscelânea de influências Punk, Metal, Rock, Indie, sempre de uma forma desprendida e algo “desleixada” na atitude. Outro exemplo é o cruzamento do Heavy Metal, Death Metal e Rock Gótico, algo que juntou a agressividade e o peso com os ambientes obscuros e depressivos. Também o Nu Metal teve bastante popularidade em determinado período. Este subgénero arriscou o cruzamento entre o peso das guitarras do Metal com o balanço e ritmos Hip-Hop e ainda alguma componente quase industrial. Muitos mais cruzamentos e fusões de géneros aconteceram e acontecem no fluir da criação musical ao longo dos anos. O curioso é perceber como as bandas e músicos se adaptaram a este turbilhão constante de mudanças. Também é pertinente entender o que se passa atualmente, principalmente no nosso país. Quais serão as movimentações produtivas da atualidade?
Evolução, transformação ou até modas temporárias, a verdade é que houve sempre períodos em que algum género teve preponderância sobre os restantes. Se por um lado há exemplos de uma fidelidade, quase cega, a uma sonoridade, como o caso de uns AC/DC, por outro há mudanças radicais como por exemplo uns Anathema (foi o que me lembrei assim de repente). As bandas com carreiras longas atravessaram várias décadas de mudanças. Houve algumas que tentaram adaptar-se à onda do momento, outras sofreram influência direta do ambiente musical reinante. Outras bandas apenas quiseram mudar por cansaço. A idade e a maturidade dos músicos também contribuem para algumas alterações de rumo na composição. Os exemplos são imensos. Metallica fez uma transição de um Thrash agressivo para uma sonoridade com influências Hard Rock, Country, Blues, por altura dos álbuns “Load” e “Re-Load”. Paradise Lost começou por destilar um Death/Doom Metal pesadão no início da carreira, para aliviar a carga e integrar sonoridades góticas e até quase Pop no álbum “Host”. Numa perspetiva mais conservadora ou fiel, se preferirem, os Overkill mantiveram até hoje um som Thrash Metal poderoso, alicerçado numa constante fidelidade às raízes, mesmo depois de 20 álbuns de originais editados. Estes são apenas alguns exemplos internacionais.
Atualmente, parece-me difícil identificar um género que domine sobre os outros, refiro-me ao espetro do Rock pesado. Até mesmo em Portugal surgem imensas edições novas, com influências diversas, mas nada se destaca como hegemónico. Há algumas fusões que merecem atenção e que talvez estejam mais patentes, mas sem serem evidentemente rumos de grande destaque comercial. O Metalcore, Deathcore, com Groove e Thrash à mistura parecem ser preferência de algumas bandas mais recentes. Por exemplo os Inhuman Architects, Downfall of Mankind ou Hórus, apresentam propostas que se perfilam dentro desta linha estilística. Uma vertente mais sulista também ganhou relevância. Falo do Stoner, Doom, Southern Rock, um pote de influências com uma sonoridade arrastada e pesada com influências nos anos 70. Exemplos de bandas portuguesas: Miss Lava, Men Eater, Dollar Llama ou Pé Roto. Há ainda alguns projetos a incorporar elementos progressivos na sonoridade. Em Portugal há cada vez mais bandas que se espraiam por diversos subgéneros e fusões dentro do Heavy Metal. A possibilidade de uma onda que venha a dominar e a ser influenciadora para gerações futuras não parece estar no horizonte. Volto a referir que seria interessante assistir a uma aposta num género bem português, que cruzasse géneros quase antagónicos. Um dos exemplos felizes atualmente são os Sinistro, com o seu Post-Metal, Sludge, que vai beber à fonte inspiradora do Fado. Foram essas componentes mais “exóticas” que atraírem as editoras independentes internacionais para as propostas iniciais dos já mencionados Sinistro ou de uns Moonspell no início de carreira discográfica. Parece impensável que seja possível criar uma onda comercialmente viável com epicentro em Portugal, mas quem sabe?! Os subgéneros de grande sucesso, só ganharam relevância porque comercialmente foram interessantes para as editoras. Também porque muitas bandas saltaram para o comboio, aumentando a quantidade de propostas a praticar uma determinada sonoridade. É assim que o mercado funciona, quando uma banda tem sucesso, as editoras procuram assinar contrato com outras semelhante, aproveitando o balanço para rentabilizar o investimento. Em Portugal parece ser tempo dos cantautores!
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