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Filhos do Metal – União

Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Deparei-me com a inevitável folha branca de Word no ecrã do computador. O que escrever? Qual o tema para este mês? – O Heavy Metal em Portugal. Mas isso é muito abrangente! Pois que seja. Há muito para explorar. Aliás é isso que tem sido exposto nas crónicas Filhos do Metal aqui na World of Metal Magazine. O Heavy Metal em Portugal tem atualmente uma grande vitalidade. Imensas bandas de diversos subgéneros; editoras e distribuidoras; festivais de Norte a Sul do país; clubes, bares e salas para concertos; algumas entidades promotoras dedicadas ao género; um universo digital dedicado aos sons pesados; venda online de merchandising e discos, assim como lojas físicas; um evento de prémios exclusivamente dedicado aos melhores de Metal em Portugal; livros e até diversas teses de mestrado com a temática em redor do Metal; entre outras atividades. No entanto, fica a sensação de dispersão, falta de união, uma comunidade. Na verdade, existe um meio, que para alguns ainda é underground. Também já existe um mercado, pequeno, mas crescente. Então o que falta? Articulação, divulgação, união, com o objetivo de prosperar. Já falei sobre a falta de divulgação numa crónica anterior, vou debruçar-me sobre outro aspeto, a organização.

Há bons exemplos de parcerias com sucesso, que refletem um princípio de articulação entre setores deste pequeno mercado. Logo à partida, existem pequenas editoras que se unem para editar alguns discos. Já não é novidade observar o selo de duas ou mais editoras na contracapa de algumas edições discográficas. Um exemplo disso é o novo álbum de estúdio dos Disaffected “Spiritual Humanized Technology”, com os selos Larvae Records e Firecum Records. Ao vivo, é frequente as bandas juntarem-se para organizar concertos com cartazes mais completos com 2, 3 ou mais bandas. Dessa forma conseguem uma audiência mais numerosa e cartazes mais apelativos. Os festivais oferecem espaços para bancas de discos e merchandising, dinamizando o mercado e gerando receitas para ambos os lados. Estes são alguns exemplos positivos de como incrementar o Heavy Metal, no sentido de desenvolver o mercado. A iniciativa do Caminhos Metálicos em promover um evento de atribuição de prémios, com a denominação de “Prémios Adamastor”, é uma atividade demonstrativa de congregação do meio metálico. Então se há tantas iniciativas a acontecer, um pouco por todo o país, o que falta? Falta dar um salto qualitativo. Falta uma maior profissionalização, sendo necessário um crescimento do mercado para que tal aconteça. E falta que apareçam mais pessoas (players no mercado) que trabalhem com as bandas, os managers e os agentes. Gente que faça acontecer e que consiga agitar ainda mais as águas, mas com a devida qualidade e profissionalismo. Neste contexto, poder-se-á facilmente afirmar que o mercado é demasiado pequeno para que estas atividades sejam rentáveis. É verdade! Mas tem de se começar por algum lado. Afinal, em Portugal, já existem profissionais exclusivamente dedicados ao Metal. Promotores de concertos, donos de lojas e outros que alargando o espetro de intervenção, incluem o Heavy Metal, numa atitude inteligente de gestão. Veja-se a Rastilho Records, que é uma editora essencialmente de sonoridades pesadas (e não só), mas com a distribuição mais abrangente, a Rastilho consegue rentabilizar a atividade. A Prime Artists, cujo responsável foi alvo de uma crónica Filhos do Metal, cresceu e é hoje uma promotora com dimensão no mercado nacional dos concertos. Estes são apenas alguns exemplos.

Apesar disso, a perceção (para utilizar um termo muito em voga na sociedade) de que algo ainda está por fazer, mantém-se. Faltam elos de ligação e agitadores, no bom sentido. Há muitas bandas a navegar nestes mares, sem terem um rumo certo. Falta quem oriente e organize, os managers, os gestores de carreira e agentes dinâmicos. Há aqui uma lacuna que carece de preenchimento, mesmo que seja por “amor à camisola”. Há espaço para organizações que congreguem este meio e unam todos os participantes numa força comum. Houve uma iniciativa bastante interessante e meritória que de alguma forma parece agora estagnada, mas não deixa de ter valor. Refiro-me a um site com uma base de dados, que reúne listas de editoras, festivais, magazines e muito mais intitulada Grey Shelter (https://greyshelter.wixsite.com/greyshelter/). Há um blog que reúne muito do que foi a cena underground do passado até ao princípio dos anos 90 – Portugal 80s Metal (https://portugal80smetal.blogspot.com/). Há ainda o fórum Metal Underground (https://www.metalunderground.pt/) com diversas temáticas a serem debatidas acerca do meio Metal. Muitos outros existem, mas na maioria com pouca atividade ou aventuras já terminadas. Esperemos que num futuro próximo o cenário seja ainda mais dinâmico, mas, acima de tudo, mais organizado e unido.


 

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One thought on “Filhos do Metal – União

  • É sim senhor uma excelente analise e são focados muitos pontos verdadeiros e reais.
    Achei giro salientares a GreyShelter, sim uma ideia muito importante e estava a reunir muita informação , mas seu responsável foi “subterrado” pela vida profissional e pessoal .
    Também chamou-me a atenção o fórum, que eu por acaso usava ha anos atras.. mas acho que aquele formato e meio de comunicação também deixou de ser interessante e ja nem tem grande atividade. A malta agora é só instagram ,facebook ….

    Próxima pagina em branco 🙂 e se tiveres paciência partilha teu conhecimento e opinião sobre radio nos dias de hoje !!!! Acho que também ja uma minoria perde seu tempo a ouvir.
    O SpotyFarto é o Papa-audiencias 🙂 as poucas pessoas que ouço dizer “ouvi esta musica” .. “descubri este som” …. não o diz a sitar radio… mas sintonizou no spotyfarto . Eu pessoalmente não uso e não sou adepto. SOU OLD SCHOOL

    Continua com teu bom trabalho .. mas acima de tudo a partilha da tua opinião e conhecimento.

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