Machine Head: 18 Anos de “Blackening”
Por Afonso Mendes
18 anos do “Blackening” e após tantos anos, é razoável dizer-se que este é o momento definitivo da carreira dos Machine Head. Isto não tira mérito nenhum ao resto da sua discografia, mas o “Blackening” serviu como o momento de realização da banda para o que realmente pretendia fazer. Um thrash/groove com traços melódicos e por vezes progressivos.
O ponto principal do álbum são as músicas mais longas. Nota-se uma preocupação da banda em fazer músicas que fluíssem de forma natural, puxando diferentes elementos e estéticas sonoras, mas sendo sempre coesas. Um álbum com uma mistura eclética, no qual a força motriz é a vontade partilhada por quatro membros de criar o melhor álbum possível. Abrir o álbum com a “Clenching the Fists of Dissent” é o murro na mesa definitivo que a banda precisava. 10 minutos de música, no qual cerca de 2 são uma introdução lenta e gradual, no qual a banda leva o ouvinte numa viagem. Este é talvez o melhor exemplo das composições complexas presentes no álbum, onde há muitos exemplos de seções merecedoras de serem destaque, tais como os hooks e a bridge melódica, mas sobretudo a forma como todas estas partes coexistem dentro da mesma música.
Além de músicas longas, há também espaço para músicas mais curtas e igualmente impactantes, tal como a “Now I Lay Thee Down” e a “Beautiful Mourning”, que oscilam entre os riffs rápidos com as melodias trabalhadas. Há muita variedade, não só dentro do álbum como dentro das próprias músicas. Isto poderia ser um problema, uma vez que poderia tornar-se fatigante de se ouvir músicas. A ironia do “Blackening” é o facto da indulgência da banda ter sido uma mais-valia, o catalisador das músicas sob a forma de multipartes. Ambição é algo que deve ser lidado sempre com cuidado, pois pode levar a excessos exagerados. Com isto em mente, ainda mais surpreendente é o facto dos Machine Head terem conseguido concretizar uma visão ambiciosa, mas de forma prudente e com respeito pelo público. São sempre músicas que recompensam o ouvinte, quer seja pelos seus builds graduais (“A Farewell to Arms”) ou pela sua crescente intensidade misturada com riffs pesados, mantendo o interesse na música sempre prevalente (“Wolves”).
18 anos depois, o “Blackening” continua a ser um álbum de destaque do metal dos anos 2000. É daqueles trabalhos cujo legado vai perdurar e continuar a fazer-se sentir com a mesma força e relevância de quando foi lançado. É uma pena que Phil Demmel e Dave McClain tenham saído dos Machine Head, pois se há exemplo da sua criatividade e capacidade de melhorar o som da banda, é este álbum.
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