Review

Máquina do Tempo – Hell’s Guardian / Karonte – Bloody Brotherhood / Braunkohlebagger / Mountain Dust / Pantera / Grave Digger / High Radiation / ZZ Top

Hell’s Guardian – “As Above So Below”


2018 – Record Union

Ainda de volta de 2018, vamos repescar este segundo trabalho dos italianos Hell’s Guardian que apresentam death metal melódico à la Amon Amarth sem lhe seguir exactamente as pisadas e apresentando um pouco mais de melodia e dinâmicas através das vocalizações limpas e dos arranjos de teclados. Um tema como “Jester Smile” é um excelente exemplo do seu poderia. Não desilude quem anda triste por todo o death metal melódico hoje em dia ser confundido com arraçados de metalcore. Ainda existem muitos seguidores da sonoridade clássica.

Nota 8/10
Review por Fernando Ferreira


Karonte / Bloody Brotherhood – “Alliance For Death Domination”

2017 – Dead Sheep Productions

Duas propostas de death metal espanhol que se conjugam na perfeição num só pacote. Os Karonte já são veteranos embora a actividade discográfica seja mais esporádica, já os Bloody Brotherhood têm menos tempo de carreira mas contam com o mesmo número de álbuns lançados. Ambas têm como foco o death metal tradicional que nos lembra aquele feito na Europa algures na primeira metade da década de noventa do século passado. Complementam-se bem e parece-nos que quem aprecia os Karonte, vai igualmente apreciar os Bloody Brotherhood, ou seja, death metal old school.

Nota 7/10
Review por Fernando Ferreira


Braunkohlebagger – “Abbruch”


2018 / 2019 – This Charming Records

EP de estreia dos Braunkohlebagger (se isto fosse para ser dito em vez de ser escrito, seria bem mais complicado) que nos trazem uma refrescante perspectiva para o pós-hardcore, um género que nem sempre nos consegue cativar. Lançado em 2018 mas agora reeditado em vinil, este é um item recomendado, até mesmo para quem não aprecia normalmente o género em questão.

Nota 7.5/10
Review por Fernando Ferreira


Mountain Dust – “Seven Storms”


2018 – Edição de Autor

Rockão do Canadá, mas daquele pouco usual. Editado no ano passado, “Seven Storms” é-nos apresentado agora com uma série de argumentos aos quais não somos capaz de ignorar. Não só puxa, de certa forma e muito lá ao fundo, ao stoner, como também nos traz um feeling psicadélico como que misturado com aquele feeling americana meio obscuro a puxar a Nick Cave. Ou seja, o peso está todos distribuído pelo o ambiente – principalmente pela voz – e não unicamente concentrado nas guitarras. O toque do orgão hammond é um plus com ares de génio. Quando a subitleza deve levar a melhor.

Nota 8.5/10
Review por Fernando Ferreira


Pantera – “Far Beyond Driven”


1994 – Eastwest Records

O começo deste álbum é fulgurante com “Strength Beyond Strength”, um manifesto de força da banda que viria a se tornar uma das imagens de marca através da frase “Stronger Than All”. E nem há tempo para descansar, o riff quebra-ossos de “Becoming” invade os nossos ouvidos e é impossível ficarmos quietos. Não há tempo para respirar, “5 Minutes Alone”, mais um riff impossível de ficar indiferente (grooooooooooove!!) e uma grande música, seguida por mais um hino, “I’m Broken”! Quando nos começa a faltar o ar surge “Good Friends And A Bottle Of Pills” que deve ser a pior música de sempre dos Pantera. Talvez exagero mas definitivamente contra a corrente do álbum. E a partir daqui parece que nenhuma das músicas seguintes chega a atingir o brilhantismo das 4 primeiras. Claro que a frio o solo da “Hard Lines, Sunken Cheeks” está ao melhor nível de Dimebag, “Slaughtered” arrasa com tudo, o riff tipicamente Pantera de “25 Years” a fazer lembrar Sabbath não sai da tola, tal como o riff da “Shedding Skin” que desliza como uma serpente a sibilar nos nossos ouvidos, a “Use My Third Arm” arrasa tudo sem piedade enquanto a “Throes of Rejection” traz mais peso e intensidade antes da cover do clássico de Sabbath, “Planet Caravan” que na minha opinião superou o original (assim vale a pena fazer covers).
Este tinha tudo para ser um excelente álbum e só não é por causa de uma música. De qualquer maneira e o meu gosto pessoal à parte, foi o primeiro álbum de Metal-pesado-a-roçar-o-extremo a chegar ao primeiro lugar da tabela de vendas assim que lançado. Marca o corte com o passado em termos de composição e execução, principalmente ao nível dos riffs de guitarra, cada vez mais marados e as vocalizações a tornarem-se mais gritadas do que propriamente cantadas, com letras a fazer a ponte, cada vez mais, com hardcore.

Nota 9/10
Review por Fernando Ferreira


Grave Digger – “Tunes Of War”

1997 – G.U.N.

O que dizer sobre este álbum? O primeiro da chamada Trilogia da Idade Média (composta por este e os próximos dois álbuns: “Knights Of The Cross” e “Excalibur”), “Tunes of War” é um álbum conceptual que foca a história da Escócia e da sua luta para se libertar do jugo inglês, focando o período de 685 até 1746, na batalha de Culledon Muir onde a rebelião foi esmagada e desde aí não houve uma séria revolta contra o dominío inglês. Sempre tive um fraquinho pela Escócia, pela sua história e povo. E também sempre tive um fraquinho por música e a maneira como ela transmite imagens. Power metal (muitas vezes próximo do thrash) com refrões grandiosos que não nos cansa repetir até à exaustão. Tudo isto está aqui presente e muito mais. Ao contrário do que se começa a assistir na altura em que foi lançado, no boom da explosão power metal, a produção é suja e agressiva e o trabalho de guitarra está muito próximo da boa e velha thrashada alemã. Já nem falando na voz, Chris Boltendahl, que mais parece um pato a ser violado do que propriamente alguém a cantar. Mas mesmo assim adoro, traz uma identidade própria ao conjunto e às suas músicas (embora a voz muitas vezes seja apontada como um contra por quem não gosta da banda). E até é capaz de surpreender na sua versatilidade – ouvir o refrão de “William Wallace (Braveheart)” e na “The Ballad Of Mary (Queen Of Scots)” – atingindo um nível de melodia totalmente inesperado. Todas as músicas são clássicos e é impossível destacar uma em específico embora tenha que confessar que a que me traz uma nostalgia especial é a “Rebellion ( The Clans Are Marching)”, por ser a primeira que conheci do álbum (e do grupo) através do video-clip no extinto Metalla do canal de música alemão Viva.  Esta edição em digipack traz o bónus de 3 faixas clássicas da banda regravadas com um som ainda mais primitivo do que no álbum mas que não diminui o poder das mesmas.

Nota 9/10
Review por Fernando Ferreira


V/A – High Radiaton Vol. 1


1995 – Independent Records

Sempre apreciei estas iniciativas nacionais. Dar a conhecer as bandas do underground português é sempre algo que me cativou, mesmo que a qualidade por vezes fique algo a desejar. Neste caso, o balanço global é muito positivo. Começando pelos Goblin; Suicidal Archange; passando pelos clássicos e extremamente originais Thormentor (que agora estão de regresso); pelos saudosos Shiver; pelos defuntos Afterdeath, já passaram pelas nossas páginas – havia melhores faixas que esta no álbum de estreia; os sobreviventes The Temple (talvez os únicos, a par dos já mencionados Thormentor aqui apresentados); os Etherial Grief – sempre julguei que este grupo tinha tudo para triunfar; os enormes Tortura, recordo-me quando saiu a demo de onde é retirado este tema e estava simplesmente brutal, Death Metal de um extremo bom gosto; e para finalizar os grandes Inhuman com um tema retirado da clássica demo Pure Redemption de 1995. As outras que ficaram de fora são realmente fraquinhas mas o balanço final é sem dúvida positivo.

Nota 8/10
Review por Fernando Ferreira


ZZ Top – “XXX”


1999 – RCA

Tenho que confessar que à primeira audição não gostei deste álbum, principalmente pelo seu som demasiado moderno. Estava eu à espera de uma mega boogie rock como é normal do trio infernal do Texas e sai um mega boogie rock com influências electrónicas. Pera lá, ZZ Top e influências electrónicas na mesma frase? No mesmo disco?! Pensei que era o fim do mundo, mas depois de algumas audições descontraídas (primeiro foram forçadas mas depois lá descontraíram) e deitando abaixo alguns preconceitos, é fácil ver que tudo o que me fez gostar de ZZ Top está presente neste disco. Apesar de moderna, a produção não é límpida (sendo apenas nos solos, irreprensíveis), continua-se a ter aquele feeling de blues do deserto. Também traz algumas músicas inéditas gravadas ao vivo, incluíndo uma cover de um velho êxito de Elvis Presley, ”(Let Me Be Your) Teddy Bear”. Jeff Beck é convidado especial na “Hey Mr. Millionaire”, não na guitarra mas sim na voz. A única coisa que tenho contra estas faixas ao vivo, é que embora seja dito que foram gravadas pelo mundo todo, a verdade é que me parece que foram gravadas em estúdio e adicionado som de público. Parece-me gritante isto, mas não vi mais ninguém a dizer o mesmo, portanto pode ser impressão minha. De qualquer maneira, é um álbum que os fãs de ZZ Top não vão desgostar e de certeza que não é o pior da carreira deles (tal como eu pensei nas primeiras audições).

Nota 7.5/10
Review por Fernando Ferreira


 

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