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O Anel dos Nibelungos Review

Adaptado da lenda/mitologia nórdica, O Anel dos Nibelungos conta a história de um principe Siegfried que vê os seus pais morrerem numa invasão do seu reino. Conseguindo ser salvo, Siegfried é criado por um ferreiro que o toma como se filho. Certa noite quando um meteoro cai, Siegfried luta com Brunhilde, Rainha da Islândia que é derrotada. Foi amor á primeira vista. Brunhilde volta para o seu reino, mas deixa o seu amado para trás para ele descobrir quem realmente é e na promessa de que assim que descobrisse que Siegfried a iria desposar. Ao acompanhar o pai adoptivo ao reino cristão de Gunther para fornecer espadas, Siegfried acaba por forjar uma espada com a matéria do meteoro para matar um dragão que apoquenta o reino. Depois de bem sucedido, Siegfried toma banho no sangue do dragão e torna toda a sua pele impenetrável, excepto por um pedaço nas costas onde ficou tapado por uma folha. Este dragão era o guardião de um tesouro que estava amaldiçoado. Apesar do aviso de uns espiritos, os verdadeiros donos do tesouro, Siegfried leva um anel que é o coração do tesouro. Considerado heroi por todos Siegfried ganha a confiança do rei e é visto como um obstáculo para Hagen, conselheiro real que quer por as maos no tesouro. Depois de descobrir quem era e de recuperar o seu reino Siegfried caí num esquema montado por Hagen para impedir de abandonar o reino e de levar o tesouro consigo, ao beber uma poção que faz com que esqueça o seu amor por Brunhilde e com que se apaixone por Khremild, irmã de Gunther.
Portanto, temos enredo para mais de três horas que se inserem na tradição de mini-séries feitas para televisão que costumavam a ser interessantes, quer em termos de efeitos especiais, quer em termos de actores. Outras do género foram Merlin, Jasão e os Argonautas e Helena de Tróia. De facto está bem ao nível de uma tragédia grega onde os principais da história morrem sempre no final (peço desculpa pelo spoiler mas também já esperavam por isso, não deveria ser novidade nenhuma) mas fora isso tem muitas curiosidades que me fizeram apreciar esta mini-série. Aliás, o que mais gostei desta mini-série foi a sede de conhecimento que ela despertou. Vamos aos factos:
O Anel dos Nibelungos é uma ópera de Richard Wagner dividida em 4 partes (onde se inclui a famosa Cavalgada das Valquirias), onde a história retratada aqui é uma pequena parte final. Digamos que se fosse na trilogia do Senhor dos Anéis, esta minisérie retratava o 3 livro.
– Por falar em Senhor dos Anéis, é engraçado encontrar os parelelismos entre esta obra, a lenda e a mitologia nórdica, e a obra de Tolkien. O anel que simboliza o poder e tudo aquilo que é desprezivel no ser humano e como esse símbolo é a desgraça de quem o usar.
– Mistura factos históricos com os da lenda e outros inventados, mas é curioso a maneira como situa numa época medieval e numa europa a cristianizar-se. A família real de Gunther é cristã mas não exerce uma pressão religiosa e de discriminação em relação ao paganismo. A força e importância da igreja aqui é extremamente reduzida e graças a isso aparecem algumas incoerencias.
– A referência que Brunhilde era a rainha da Islândia, local onde foi encontrado o livro Eddas, conjunto de textos encontrados na Islândia (originalmente em verso) e que permitiram iniciar o estudo e a compilação das histórias referentes aos personagens da mitologia nórdica.
– A lenda original difere muito da contada aqui mas esta deve ter sido a forma de apresentar este capitulo como um todo e não uma parte intermédia, então ignoraram certos aspectos focados na lenda original e por Wagner. Aspectos esses que passo a enumerar:
1- Siegfried é filho de anão que desejava o tesouro e não de reis.
2 – Brunhilde é uma valquíria (uma das nove aliás) que por desobedecer ás ordens de Odin, perde a sua imortalidade e é colocada a dormir num circulo de fogo que apenas um herói a pode acordar. (esta cena é demonstrada como se fosse um sonho, numa espécie de elo telepático que as duas personagens principais parecem ter)
3 – O dragão na lenda original era um gigante que tinha roubado o tesouro aos anões e que por isso tinha sido transformado em serpente
4 – Khremild era na verdade a matriarca da familia, os Nibelungos (daqui o nome) e que pretendia Siegfried para a sua filha Gugdrum.
5 – Na mitologia nórdica o crepúsculo dos deuses ou Ragnarok era quando Balder morresse e do qual iria despertar uma Serpente marinha que iria provocar uma ultima batalha do qual tudo iria ser destruído para de novo renascer. Na obra de Wagner penso que está associado ao facto da morte de Siegfried e Brunhilde, mas como não conheço a obra não posso dar a certeza. Aqui na série, o crepúsculo está metaforizado com o desaparecimento dos velhos deuses pagãos para o deus único cristão, representado pelo funeral Viking de Siegfried (a presença dos deuses pagãos aqui também não aparecem muito, apenas algumas referências, tendo sido a religião relegada para segundo ou terceiro plano).
Como é uma adaptação aos tempos modernos e como deixa muito material de fora, há algumas incoerências, como por exemplo o facto dos espiritos que avisam da maldição a Siegfried, desaparecerem da história, chegando a por em duvida se realmente a maldição é assim tão poderosa como querem fazer crer. No final acaba por parecer uma sucessão de acontecimentos infelizes provocados pela ganância humana do que propriamente por uma maldição. Apenas no final há uma alusão a que afinal o anel pode ter algum poder de persuasão sobre as pessoas, mas mm assim parece que é forçado porque não há indicação nenhuma dela e quando surge é uma surpresa. 
Outra coisa que está um pouco estranho é a maneira como as personagens são instáveis em termos de principios. Exceptuando as personagens principais, os restantes parece que tanto são bons como depois são maus, deixando um pouco a desejar em termos de coerência. Mas fora estes pormenores é um bom momento de entretenimento e que serve para despertar a curiosidade sobre outras obras imortais, nomeadamente a versão de Wagner, sobre a qual estou curiosissímo de conhecer. 
Nota 6.5/10

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