Pilhas de Discos #7 – Speedemon, Membaris, Allamedah, Subway To Sally, Sergeant Thunderhoof, Vananidr, Oneironaut e muito mais!
Membaris – “Black Plasma Armour”
2025 – World Terror Comittee (Suspicious Activities PR)
Os alemães Membaris estão de volta após cinco anos de silêncio, um período de ausência não tão longo como no álbum anterior, oito anos, mas que evidencia que a banda não tem pressa e deitar a sua arte cá para fora e que isso se traduz nitidamente na qualidade da sua música. Este é um álbum com uma ambiência fantástica que nos traz Black metal emotivo e com uma grande atmosfera. Curiosamente são os mesmos elementos que nos fazem gostar de propostas post Black metal sem perder a essência do Black metal. Seis temas longos que vão ao encontro daquilo que procuramos no estilo. (9/10)
Dark Miles – “10 Miles Into The Dark
2024 – Raging Planet (Ride The Snake)
Trabalho de estreia dos Dark Miles, projecto de Pete Miles, um álbum que mostra como o rock português tem alma e talento que não fica nada a dever ao que se faz lá fora. Aliás, fora desse pensamento mais pequeno de nos pormos em bicos de pés sem necessidade, “10 Miles Into The Dark” demonstra uma maturidade incomum para um álbum de estreia e acima disso, um álbum que demonstra a capacidade para desafiar o teste do tempo – mesmo que ainda é muito cedo para tais considerações. A identidade musical que é composta por diferentes facetas que até poderíamos pensar que não resultariam bem é o principal componente para pensarmos isso. Assim como a mestria das composições que demonstram uma sensibilidade melódica para gravar estes temas na nossa mente. Não é todos dias que surge um álbum assim. (8.5/10)
Moloch – “Moloch”
2024 – Raging Planet (Ride The Snake)
Os Moloch estão de volta e com algumas novidades, mas mantendo a mesma intensidade sónica e lírica. Este trabalho auto-intitulado é uma viagem (de uma forma diferente da do EP ”Betta Splendens”) que é particularmente efectiva na forma como é dinâmico em aglomerar diferentes sonoridades e em uniformizá-las sobre o mesmo espírito que percorre este conjunto de temas. Temos peso, temos intensidade e temos a Liberdade de querer ir onde acham que devem ir. Uma Liberdade que até começou na forma como foi gravado, à primeira e com apenas alguns detalhes a serem adicionados posteriormente, mantendo o lado visceral e orgânico que tanto parece fazer falta à música hoje em dia. Um album de estreia que se assume como uma das surpresas nacionais no espectro alternativo em 2024. (8/10)
The Cimmerian – “An Age Undreamed Of”
2025 – Edição de Autor (Clawhammer PR)
Álbum de estreia dos norte-americanos The Cimmerian, cuja capa colorida e meio psicadélica não nos dá pistas nenhumas em relação ao que propõem tocar. Temos uma mistura de doom, com Sludge e com uma voz que dá um cheirinho de Death metal que é bastante interessante e que nos dá boas indicações para o futuro. Para quem gosta de riffs que são repetidos até à exaustão sem causar cansaço, este é um disco indicado para vocês. O cansaço que pode advir é de alguma falta de dinâmica, mas cumpre os requisitos para quem gosta do estilo e vai causar uma boa impressão. (7/10)
Nanowar Of Steel – “XX Years Of Steel”
2024 – Napalm Records
Os Nanowar Of Steel são a prova de que por vezes é possível contar a mesma piada várias vezes e ainda assim reter o interesse. Mestres dos trocadilhos e paródias e também excelentes músicos, parece que já andam nisto há vinte anos. Não se notando o peso de idade, a melhor forma de celebrar continua a ser ao vivo, onde a banda também dá cartas, principalmente quando está a tocar em casa – muitos temas cantados em italiano que poderão não surtir o mesmo efeito para o restante público que não domina a língua. Ainda assim, temas como “V Per Vienetta” são universais. Boa disposição, alguns clássicos – “Valhalleluja” é um dos maiores – e três cds, onde o terceiro é composto por versões de estúdio. Os fãs não vão querer perder. (6.5/10)
Nekomata – “Euphoria”
2025 – Rockshots Records
“Power Core”. A junção de power metal, com Metalcore, Death metal e elementos de música progressiva. Isto segundo o comunicado de imprensa. O que poderá fazer algum sentido, excepto pela parte do power metal, do qual não encontramos qualquer resquício por aqui. Bom olho (ou ouvido) para as melodias cativantes, que infelizmente soam ao que qualquer álbum de Metalcore tem soado nos últimos vinte anos. O som da guitarra bastante artificial também não ajuda a que se tenha uma impressão positiva do instrumental. A voz (ou vozes) têm boas dinâmicas mas não conseguem salvar este trabalho da enchente de lugares comuns. (4/10)
Ethereal Wound – “Trauma | Divine”
2024 – Edição de Autor
Dois EPs lançados em 2024 que nas nossas contas já oferece os mesmos elementos que um álbum ofereceria. “Trauma | Divine” continua onde “Eclipse | Advent” e apesar de ser uma continuação lógica, sente-se como um passo dado em frente. Mais contundente e eficaz, estes quatros temas mostram que este projecto nacional é mesmo para ser levado em conta e acompanhado de perto. Um dos grandes vícios do final de 2024 (9/10)
Tormentor Tyrant – “Excessive Escalation Of Cruelty”
2025 – Everlasting Spew Records
Álbum de estreia dos Tormentor Tyrant que trazem Death metal old school bem intenso e brutal. A banda finlandesa não perde muito tempo com floreados e foca-se na vertente mais poderosa e directa que nos conquistou logo à primeira. Não chega a ter trinta minutos de duração, mas essa duração revela-se perfeita para manter a eficácia em níveis bem altos. Uma boa surpresa para quem já perdeu a esperança no novo sangue – por muito que o mundo mude, haverá sempre quem invista em manter a tradição viva. E aqui isso é feito da melhor forma. (8.5/10)
Thulcandra – “Live Demise”
2024 – Napalm Records
O primeiro álbum ao vivo dos Thulcandra é uma opção estranha. Numa altura em que os álbuns ao vivo já não são o que eram – e normalmente surgem apenas quando a aposta vem junta com uma componente visual – não deixa de ser peculiar que este “Live Demise” seja um registo que já tenha catorze anos, capturando a banda nos seus primórdios, após o lançamento do segundo álbum em 2011. A própria escolha do título é estranha, pegando na cover dos Unimated que fecha o já mencionado segundo álbum “Under A Frozen Sun”, “Life Demise”. Quanto à música em si, é um registo com boa qualidade sonora e onde o poder dos alemães é evidenciado em todo o esplendor, ainda que não seja um retrato actual da banda. Os fãs de Dissection vão gostar particularmente. (8/10)
A.M.E.N. – “Argento”
2025 – My Kingdom Music
Jazz Doomy Dark. Diz muita coisa, mas ao mesmo tempo não diz nada. Temos a sonoridade do piano a estar omnipresente e um feeling de jazz que vai até ao blues (“Cadaveri” é um excelente exemplo. Os fãs de metal talvez não consigam encaixar muito bem, mas para quem gosta de ambientes cinematográficos – e não é à toa que o álbum se chama “Argento” sendo que é um tributo ao mestre italiano do cinema de horror – este é um disco que consegue criar um mood muito especial. Para quem tem os horizontes musicais abertos, recomendado. (7/10)
ΔIII / XIII – “Abysminal”
2024 – Raging Planet (Ride The Snake)
A música contida neste album tem potencial de ser igualmente difícil de ouvir como pronunciar o nome deste projecto experimental nacional. Potencialmente difícil sobretudo para quem não aprecia camadas de distorção em forma de drone, em longas faixas, registadas ao vivo (no Out.fest 2023) onde se sente que a improvisação é um element muito relevante neste context – consta que apenas as letras não foram improvisadas. Difícil de interiorizar, mas com algum potencial para fazer viajar quem estiver disposto a isso. (6/10)
Putred – “Megalit Al Putrefacției”
2025 – Memento Mori (Suspicious Activities PR)
Segundo álbum para os romenos Putred que tocam Death metal como se estivessem em 1989. O que normalmente até poderá ser algo bom, tendo em conta o impacto nostálgico que todos são sensíveis, sobretudo os fãs de metal clássico (extremo ou não). No entanto, outro elemento importante é a inspiração e aqui não se sente que se tenha um álbum especialmente inspirado, apesar de termos bons leads (a soar a Death metal clássico na linha de uns Benediction ou Paradise Lost dos primórdios) e riffs, o aborrecimento instala-se depressa devido à falta de dinâmica que os temas oferecem. Para os saudosistas pouco exigentes, recomendado. (5.5/10)
Speedemon – “Fall Of Man”
2025 – Rastilho Records
Finalmente o novo álbum dos Speedemon. A banda tem sido um dos bons exemplos nacionais de Heavy metal tradicional – ainda que mais próximo do thrash e speed metal e já havia curiosidade para ouvir novos temas, alguns deles que já conhecíamos ao vivo. “Fall Of Man” não pretende revolucionar o conceito da roda, apenas mostrar como a mesma é refrescante quando é tratada com criatividade e paixão. É a principal conclusão que tiramos daqui. A homenagem aos deuses do thrash e Heavy metal – Destruction são um dos nomes que mais salienta – é feita com nove temas que todos os fãs da velha guarda vão ficar imediatamente agarrados às colunas. (9/10)
Urfeind – “Dauþalaikaz”
2025 – Nine To Zero Productions (Suspicious Activities PR)
Terceiro álbum dos alemães Urfeind que trazem Black metal intenso e épico, sem dispensar um pouco de melodia – de maneira bastante sóbria. Sem ser nada de revolucionário, também não é algo que nos traga uma sensação de déjà vú. A voz é particularmente eficaz neste aspecto, com um tom mais grave sem chegar a ser gutural. Música que cria o ambiente e atmosfera que o Black Metal necessita para ser eficaz. Uma boa surpresa para quem ainda não os conhece. (8.5/10)
Ece Canli – “Sacrosun”
2024 – Lovers & Lollypops
O experimentalismo auto-excluí-se de chegar a um público alargado. Se por vezes essas experiências são especiais e que merecem o registo para a posteridade, outras são discutíveis. Ainda sendo uma questão de gosto pessoal, “Sacrosun”, o segundo álbum de originais de Ece Canli é um exemplo de como é possível criar uma obra que mesmo sem ter um conceito fluído nos consegue emocionar tal como um livro um filme, com uma aura que até podemos considerar como cinematográfica. Este registo tem alguns momentos que não são fáceis de absorver mas na sua grande maioria é uma viagem aos sentidos que qualquer melómano não vai conseguir resistir. (8/10)
Sugar Horse – “The Grand Scheme of Things”
2024 – Pelagic Records
A banda de Bristol formada em 2015 tem neste “The Grand Scheme of Things” um dos seus álbuns mais controversos e menos consensuais, sendo decididamente um lançamento composto por uma amálgama de emoções, estilos musicais e experimentações. Sendo um dos pilares do art/post-metal europeu, Sugar Horse optou por um álbum que abrange, musicalmente, vários estilos e sonoridades sem se libertar completamente da sua origem em “Corpsing” e “Mulletproof”. No entanto, é compreensível este ceticismo em relação a este segundo longa-duração, já que tanta experimentação pode ser confundida com caos musical e falta de direção criativa, basta ver a última faixa “Space Tourist”, um universo de sons eletrónicos durante 20 minutos para quatro minutos de música. Tal desvio musical pode fazer sentido quando a banda tem uma bagagem de quatro, cinco discos lançados e uma base de ouvintes bem consolidada. Como segundo álbum, soa a precipitado, apesar de conter rasgos interessantes e que fazem antever um bom futuro. É um álbum que podia ser ótimo, mas não o é, por culpa própria. (7/10 por João Braga)
Solak – “Atlas”
2024 – Capitane Records
“Atlas” é um daqueles álbuns que pode perfeitamente passar ao lado. E isso é, de certa forma, algo injusto, já que a sua qualidade é mais que evidente. No entanto, há uma razão para que essa possibilidade possa ser uma realidade. É que é tão “cool” e tão suave que poderá até facilitar a quebra de uma série de noites de insónia, pela forma como nos relaxa e faz alhear da realidade. O problema é como também tem o potencial para alhear o ouvinte da própria música. Fica ao critério de cada um. Nós estamos divididos entre dar-lhe atenção e logo a seguida dispersar-nos na maionese cósmica. (6.5/10)
Antimozdebeast – “The Alien Machine”
2025 – Edição de Autor (CSquared PR)
Por vezes o preconceito (ou um nível acima da média de exigência) pode ajudar a fazer uma triagem necessária. Neste caso em concreto, ao olhar para a capa e sobretudo o lettering deste álbum, fica-se logo com a ideia de que há aqui um certo amadorismo. A música comprova em definitivo isso. O industrial, tal como outro género qualquer, para ser bom, precisa que a sua música respire e tenha razão de ser. Não apenas juntar samples e batidas no espaço de alguns minutos e chamar a isso uma canção. Estes cinco temas são longos demais para o seu próprio bem (e para o dos ouvintes) e irritam rapidamente, sendo um autêntico suplício ouvi-los até ao fim. O que nós sofremos pelo amor à música… (2/10)
Subway To Sally – “Post Mortem”
2024 – Napalm Records
Os Subway To Sally são um dos (se não O) expoentes máximos do folk teutónico. A banda pretendia finalizar a carreira com o anterior álbum “Himmelfahrt”, mas a recepção a este trabalho foi de tal forma que aqui está o inteligentemente intitulado “Post Mortem”, a mostrar que por vezes à mesmo vida após a morte, mesmo que auto-declarada. “Post Mortem” mostra realmente que ainda há muito sumo criativo para retirar daqui e este é um dos seus melhores trabalhos, do início ao fim, sem nenhum momento fraco. (9/10)
Myles Kennedy – “The Art Of Letting Go”
2024 – Napalm Records
Terceiro álbum de Myles Kennedy, um dos grandes frontmans, músicos e vozes do rock pesado do novo milénio. Um álbum que reforça o seu talento onde temos melodia e peso, mas também temas onde a emocionalidade desempenham um papel importante sem que se torne algo lamechas e de procura da emoção fácil. “The Art Of Letting Go” é um álbum maduro de um músico que já o é há muito tempo e um desfilar com prazer perante um conjunto de temas marcantes que recomendamos conhecer. (8.5/10)
Delain – “Dance With The Devil”
2024 – Napalm Records
Já há algum tempo tenho uma relação de amor/ódio com os Delain, onde o ódio até nem é muito afincado (mais indiferença) e o amor anda ali pelos campos da tolerância. Como tal, o entusiasmo por um novo lançamento não era propriamente enorme. No entanto, devo dizer que este EP é uma boa surpresa. E uma jogada inteligente. Não só tem mais de uma hora (o que estica a definição de EP até limites estratosféricos) como também solidifica a nova vocalista que tinha/tem a difícil tarefa de substituir a carismática Charlotte Wessels. Temos então o tema-título e a “The Reaping” como novidades, duas boas canções, uma regravação para “Sleepwalkers Dream”, e o resto é composto por temas ao vivo que podem conquistar aqueles que se permitam ouvi-los com novos ouvidos. (8/10)
Authority Zero – “30 Years”
2024 – Edição de Autor (Earshot Media PR)
A nossa opinião não mudou. Para celebrar qualquer data na carreira de uma banda, nada melhor que um lançamento. Se tiver música nova, perfeito. É o que temos com este EP, que celebra, tal como indica o título, trinta anos de punk rock com muito ska pelo meio. Mais seis bons temas, para adicionar a uma carreira de valor dentro do estilo. Boa onda e uma boa desculpa para ir conhecer o resto da discografia da banda. (7.5/10)
As I Lay Dying – “Through Storms Ahead”
2024 – Napalm Records
As I Lay Dying… ainda me recordo do nome como uma das grandes esperanças e confirmações do Metalcore, um exemplo de uma banda composta por irmãos que tinha o mesmo sonho. Até tudo se esbardalhar ao comprido devido a um acesso de loucura. Depois disso, inevitavelmente as coisas nunca mais foram as mesmas. Mesmo quando o anúncio do regresso se materializou. Com este espírito em mente, as expectativas eram bem baixas para este álbum. Por isso e pelo facto de momentos antes do álbum ser lançado, a banda tenha praticamente desistido toda e ficado apenas o vocalista Tim Lambesis. E o resultado até que não é mau. Pelo menos perante estas expectativas tão baixas. É um álbum sólido onde o principal problema é o piloto automático em modo Metalcore que não surpreende quem não gosta mas não compromete os fãs. Algo que se sente particularmente nas vozes limpas. O futuro da banda é incerto, mas em termos criativos, este é um bom disco. Minimamente. (7/10)
King Satan – “The Devil’s Evangelion”
2024 – Noble Demon (All Noir PR)
A idade traz sabedoria, supostamente. Também traz supostamente paciência, mas por vezes existem coisas que nos fazem sentir o contrário, como este álbum dos King Satan. Os temas em si são interessantes, mas aquela camada de verniz azeiteiro em forma de arranjos electrónicos saído das discotecas da década de noventa não lhe favorece em nada. Tirando (ou ignorando) este elemento, este acaba por ser um disco interessante. Ainda que a voz principal seja muito pouco dinâmica. (5/10)
Sergeant Thunderhoof – ”The Ghost Of Badon Hill”
2024 – Pale Wizard Records (Memphia Music PR)
É por álbuns assim que fazemos o que fazemos. Pela possibilidade ínfima (ou assim se sente em alguns momentos de desalento) de encontrar uma obra prima que de outra forma nos poderia ter passado ao lado. Este quinto álbum dos Sergeant Thunderhoof é a prova mais visceral de que poderíamos encontrar. Uma obra de arte que é fundamental constar na audioteca de qualquer fã de música pesada que se preze. Uma mistura entre doom épico e metal progressivo sem evidenciar qualquer apego estilístico a estes dois géneros. Ou mesmo a qualquer um género musical. É a música a seguir o seu próprio caminho para nos deixar uma marca emocional que o tempo nunca poderá apagar. (9.5/10)
Vananidr – “In Silence Descent”
2024 – Avantgarde Music
Os Vananidr regressam com um quinto álbum que é representativo de toda a sua qualidade. Se o termo black metal melódico teve (mais do que hoje em dia, sem dúvida) uma conotação não muito positiva, a carreira dos suecos demonstra que é possível ter substância para além das inócuas aparências de fórmulas que perdem o sentido com a passagem do tempo. “In Silence Descent” é um disco ao qual nós nos curvamos com reverência, pelos ambientes criados (e esta é uma parte extremamente importante na apreciação global) assim como também pelo poder metálico que detém. (9/10)
The New Roses – “Atracted To Danger”
2024 – Napalm Records
Os The New Roses são um bom exemplo em como o hard rock, apesar de estar longe da popularidade de outros tempos, ainda consegue ter bandas, álbuns e público de relevo. “Attracted To Danger” tem tudo, refrões memoráveis, ganchos em profusão e o mais importante, boas músicas que rockam como o rock deve rockar, de forma orgânica, apesar da produção extremamente moderna. Não será surpresa para os seus fãs, mas quem ainda não é, poderá muito bem começar por aqui. (8.5/10)
Jester Majesty – “Plains Of Heaven”
2024 – Edição de Autor
Trabalho de estreia interessante. Dentro da sonoridade progressiva, este EP evidencia um talento e uma qualidade técnica de assinalar. Talento de Alessandro Gargivolo, já que esta é uma one-man band. Talento quase a todos os níveis e digo quase porque a voz nem sempre favorece a música que é, saliento, excelente. Musicalmente faz lembrar Control Denied mais sóbrio, o projecto derradeiro de Chuck Schuldiner – cujo ponto fraco era também, curiosamente, a voz. Ficamos a aguardar por mais capítulos. (8/10)
Harhala – “Harhala”
2024 – Edição de Autor
Álbum de estreia dos finlandeses Harhala que trazem sensibilidade e talento sob a forma de seis temas onde o que se salienta mais é o seu amor ao progressivo, mesmo que essa não seja o termo que usam para descrever a sua música. Uma estreia sólida que até poderá passar ao lado da maior parte dos fãs do estilo por não ser propriamente vistoso, mas se lhe dedicarem algum tempo de certeza de que vão ficar agradavelmente surpreendidos. (7.5/10)
Kaivs – “After The Flesh”
2024 – Brutal Records
Álbum de estreia para os italianos Kaivs que nos trazem Death metal old school onde apenas a produção não se enquadra muito bem naquilo que musicalmente trazem. Nada de grave já que temos muita brutalidade e boas indicações para que o caminho trilhado seja interessante de acompanhar. Algo que os fãs do estilo deverão fazer, definitivamente, já que este é um álbum onde os seus pontos fortes e paixão ao Death metal superam sem dúvida qualquer defeito a nível de produção. (7/10)
Oneironaut – “Alien Gnosis”
2024 – Avantgarde Music
Já há muito tempo não nos surgia um álbum de ambient que nos deixasse tão maravilhados. Quatro temas, quatro longos temas que são viagens pelo espaço, pelo tempo e com um maravilhoso sabor vintage a evocar as paisagens da década de setenta e oitenta. Minimalista como deve ser e perfeito motor para uma meditação que não vamos querer que termine. (9.5/10)
Allamedah – “Alameda”
2024 – Edição de Autor
Impressionante este grande álbum de estreia dos portugueses Allamedah. Poderoso, melódico e acima de tudo, cantado na sua maioria em português. Metal progressivo com alma e apesar de podermos encaixar na vertente moderna, longe de ser ou sequer soar a um produto feito em linhas de montagem e apenas para chegar facilmente aos ouvidos daqueles que estão habituados a ouvir sempre a mesma coisa e têm dificuldade em sair da sua zona de conforto. Não há um momento fraco, não há uma música menos boa. Um álbum que apesar de não chegar a ter quarenta minutos, garante muitas horas de audição. (9/10)
Pink Pussycats From Hell – “Helll”
2025 – Raging Planet Records (Ride The Snake)
Os nossos gatos infernais preferidos estão de volta com mais um disco. Seja pela abordagem sem tretas do seu rock sujo, seja pela criatividade infindável nos títulos dos seus temas e discos – que, como tem sido tradição desde o primeiro disco começam todos com a palavra “Hell”, sendo que este é já o seu terceiro. Desde o início forte com “Hellsa” e passando por malhas “Hellton John” e “Hellektra” esta é uma viagem portuguesa pelo rock visceral que só os Pink Pussycats From Hell sabem fazer (8.5/10)
Malignant Tumour – “Maximum Rock’N’Roll”
2024 – Papagájův Hlasatel Records
Pensem em Motörhead, Venom e até Chrome Division. Despreocupação, unidimensionalidade e um disco que se ouve bem para quem não está particularmente exigente. Rock’n’roll ao máximo, sem complicações tal como o Lemmy gostava e achava que devia ser. (8/10)
Electric Man – “Dream It Yourself”
2025 – Edição de Autor (Ride The Snake)
Dez anos de Electric Man que são comemorados da melhor forma, com um álbum novo, o seu terceiro. De imediato a estética post punk fala mais alto, junto a um feeling industrial ligeiro que nos remete para propostas à frente do seu tempo na década de oitenta. Tem portanto um sabor nostálgico mas que soa bem contextualizado nos dias de hoje. Hipnótico na forma como nos mantém presos a estes grooves dançantes e eficaz em fazer-nos voltar a ouvir depois de terminado. (7.5/10)
Godsin – “Blind Faith”
2024 – Firecum Records
Primeiro EP para os Godsin que apresentam um thrash metal cuidado e elaborado, que tanto mostra elementos clássicos (e um feeling geral) com alguns arranjos que transparecem um feeling mais moderno. Sente-se que a identidade da banda ainda está em evolução mas o que temos neste punhado de temas, deixa boas indicações para o futuro da banda. (7/10)
Cales – “Chants Of Steel”
2022/2023 – Edged Circle Productions
Inicialmente lançado em cassete em 2022, só um ano depois o sétimo álbum do duo Cales foi lançado nos restantes formatos como dita a lei. Um álbum que merece o tratamento, principalmente para quem for fã de bandas como Bathory (na sua fase Viking) e Primordial, sendo que depois são acrescidos alguns elementos de black metal, nomeadamente nos riffs agressivos. Essa agressividade faz um contraste positivo com a voz e torna o som bem cativante. (9/10)
Daniele Brusaschetto – “Bruise A Shadow”
2023 – WormHoleDeath
Daniele Brusaschetto has a long career in music, of all genres, but only recently, in 2019, decided to return to more visceral rock and this “Bruise A Shadow” is proof that this decision was extremely wise. Weight that reminds us of the more underground alternative, when it started to turn into something more Sludge, such as Acid Baths, and that catches our attention immediately. A release that grows over the auditions. (8.5/10)
Manapart – “Manapart”
2022 – Edição de Autor
Por muito redutor que seja a localização de uma banda, por vezes faz todo o sentido. No caso dos Manapart, antes sequer de pensarmos nesse factor, o som da banda soava-nos bastante semelhante aos System Of A Down, sobretudo na abordagem vocal. Qual não é o espanto ao verificar que a banda é precisamente da Arménia. E isto poderia ser a morte do artista logo à nascença. Uma banda da Arménia que soa a System Of A Down, quando o nu metal já não está no topo das prioridades dos fãs da música pesada. A questão é que apesar das semelhanças, a banda consegue trazer um feeling bastante próprio, indo para além dos campos do nu-metal que os System Of A Down faziam (que também estava longe de ser convencional) e apresenta ainda mais algumas expansões sonoras bastante interessantes. No final não nos apaga a sensação de estarmos perante o tão aguardado novo álbum da mítica banda, mas não deixamos de estender o chapéu aos Manapart pela qualidade da sua música. (8/10)
Kodiak Empire – “Silent Bodies”
2016/2023 – Bird’s Robe Records (Creative Eclipse)
Interessante apresentação ao som dos Kodiak Empire. A banda australiana lançou este trabalho originalmente em 2016 mas o mesmo é agora reapresentado sete anos depois para marcar também a união da banda à editora Bird’s Robe Records que também vai editar o próximo trabalho que a banda se encontra presentemente a trabalhar. E é curioso ver como o seu som, mesmo com tanto tempo passado – que hoje em dia representa uma eternidade – continua bem relevante e actual, sendo uma mistura bastante interessante entre sensibilidades post rock e algum espírito mais inventivo do Post Hardcore ou algo mais moderno até. (7.5/10)
Visions Of Atlantis – “A Pirate’s Symphony”
2023 – Napalm Records
Os Visions Of Atlantis estão em grande. Não só conseguiram recuperar de um certo marasmo criativo que se tinha instalado nos últimos álbuns, como também conseguiram crescer perante o público graças ao seu último trabalho de estúdio, “Pirates”. Trabalho esse que permitiu não só tocar um pouco por todo o lado como lançar um álbum ao vivo e agora apresentar esta versão sinfónica do mesmo. Embora se compreenda que o sucesso, mais que nunca nos dias de hoje, deve ser rentabilizado ao máximo, a ideia de um trabalho simplesmente sinfónico (sem a parte metal) poderá ser no mínimo arriscada. O resultado final é interessante já que as músicas em si são boas, no entanto, como um todo, é uma experiência que poderá perder o interesse para parte dos fãs. Ainda assim parabéns pela vontade de arriscar e apresentar algo diferente. (7/10)
Persevera – “Genesis”
2023 – MS Metal Agency
Trabalho de estreia dos brasileiros Persevera que trazem Heavy metal moderno que consegue cativar, sobretudo pelo instrumental. Não é que a voz seja má – longe disso – apenas parece faltar algum carisma para levar o som da banda um patamar acima. Sendo o primeiro álbum, dá-se o benefício da dúvida em relação ao futuro, na esperança que as boas indicações dadas suplantem aquilo que não é memorável. (6.5/10)
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