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Predominance #13 – Horndal, Blood Red Throne, The Monolith Deathcult, Benighted, The Blood Divine

Jorge Pereira é um amante de música pesada e de cinema. Colabora com a World Of Metal e tem o seu próprio covil de reviews – Espelho Distópico. Predominance será a sua coluna mensal onde nos vai trazer reviews todos os meses.

Horndal – “Head Hammer Man” – Os Suecos Horndal são uma banda bastante curiosa, além de partilharam o seu nome com uma pequena vila Sueca eles também utilizam a história dessa mesma vila (de onde são oriundos) como principal inspiração para os seus álbuns, já o tinham feito com ‘Late Drinker’ e voltaram agora a repetir a dose com ‘Head Hammer Man’. Três anos depois desse soberbo ‘Late Drinker’ os Horndal estão de regresso com ‘Head Hammer Man’, um álbum conceptual inspirado pela personagem Alrik Andersson, um resiliente, carismático e polémico sindicalista que existiu precisamente na vila de Horndal algures por volta do ano 1900. Instrumentalmente ‘Head Hammer Man’ mostra uns Horndal ainda mais empenhados em fazer sobressair toda a sua mestria técnica aliada à sua criatividade e invejável capacidade de composição. Mais evoluídos e mais experimentalistas os Horndal estão simultaneamente mais difíceis de compartimentalizar, se a sua fórmula ainda continua alicerçada no Sludge e no Stoner cada vez mais influências vão sendo audíveis nas suas sonoridades. Se o Post-Metal o Doom e Post-Hardcore são mais difíceis de identificar porque se vão entrelaçando com a estável liga de Sludge/Stoner em praticamente todos temas, a recém-adquirida influência de um Heavy Metal contemporâneo com claros pontos de contacto com os seus compatriotas Ghost é amplamente identificável em temas como ‘Calling Labor’, ‘Famine’ ou ‘Evictions’. (8.5/10)

Blood Red Throne – “Nonagon” – Com data tripa anunciada para o nosso país (13 de Junho Bafo de Baco em Loulé, 14 de Junho no RCA Club em Lisboa e 15 de Junho no Campo de Jogos de Penselo (Guimarães) no Black Box Fest) os Noruegueses Blood Red Throne trazem na bagagem o seu décimo primeiro álbum de originais intitulado ‘Nonagon’. Num país onde o Black Metal tem dominado o espectro do Metal durante décadas os Blood Red Throne tem vindo a solidificar a sua carreira álbum após álbum apostando num Death Metal ríspido e dilacerante que alia sonoridades old School com uma modernidade bem estruturada e assertiva. ‘Nonagon’ é mais um capítulo da potência dilacerante deste formidável quinteto Escandinavo, uma brutalidade impiedosa e incessante que nos atinge como uma imparável torrente de violência envolta em técnica e robustez. Temas como ‘Epitaph Inscribed’, ‘Split Tongue Sermon’ e ‘Blade Eulogy’ fazem de ‘Nonagon’ mais um excelente exemplo manifesto no manancial bélico dos Blood Red Throne. (8/10)

 

The Monolith Deathcult – “The Demon Who Makes Tropies Of Men” – Com uma carreira que já atingiu o importante marco das duas décadas os Neerlandeses The Monolith Deathcult lançaram no passo mês de Abril o seu oitavo álbum de originais com o curioso título ‘The Demon Who Makes Trophies Of Men’. Já vai longe a excelência de ‘Trivmvirate’ e ‘Tetragrammaton’ (o terceiro e quarto álbuns da banda) onde os The Monolith Deathcult progrediram e que maneira quer não só em termos técnicos como no âmbito da criatividade oferecendo uma impressionante e cativante ambiência à sua sarcástica interpretação de um Death Metal pulverizado com influências de Symphonic Metal e Industrial. Ora onze anos de ‘Tetragrammaton’ e com uma trilogia pelo meio o que mudou nas sonoridades dos The Monolith Deathcult? Na verdade quase nada mudou, ‘The Demon Who Makes Trophies Of Men’ continua a mostrar uns The Monolith Deathcult fiéis ao seu estilo muito próprio mas contem de facto alguns erros de concepção. Desde logo a inclusão de três versões de temas de ‘Trivmvirate’ que a meu ver pouco sentido faz num álbum de originais ainda pra mais quando este é suposto estar ligado a um conceito. Outro ponto negativo ‘The Demon Who Makes Trophies Of Men’ é precisamente a falta de interligação conceptual entre os temas, o conceito do álbum tem uma óbvia ligação à fantástica faixa que inicia o álbum (‘The Demon Who Makes Trophies Of Men’), mas essa correlação não se volta a verificar. (7.5/10)

Benighted – “Ekbom” – Estiverem recentemente no nosso país mais precisamente dia 17 de Maio em Lisboa e dia 18 no Porto, falo do incrível quarteto Francês Benighted que trouxe o seu último álbum (‘Ekbom’) ainda bem fresco. ‘Ekbom’, o décimo album de originais da banda mostra uns Benighted em excelente forma e com uma invejável consistência facto que tem pautado a sua carreira. Depois de um começo em “falso” numa vertente de Black Metal os Benighted em boa altura viraram as suas sonoridades para uma formidável e poderosa mescla que combina o Death Metal com o Grindcore, o chamado Deathgrind. ‘Ekbom’ é mais um capítulo da sede de destruição do quarteto Francês, um album que expõe na perfeição toda a força centrifuga descarregada de forma impiedosa que a banda nos tem habituado, temas fantásticos como ‘Scars’, ‘Le Vice Des Entrailles’ e ‘Metastasis’ são verdadeiros aríetes com capacidade para demolir a mais resistente das muralhas que nos atingem com uma brutalidade da qual não se recupera facilmente. Não podia terminar a review sem deixar de referir a soberba ‘A Reason For Treason’ uma faixa em que os Benighted comprovam que independentemente do patamar de agressividade utilizado existe sempre espaço para introduzir uma dose de Groove. (8/10)

Jorge Pereira

The Blood Divine – “Awaken” – Formados em 1995 com ex-membros de Anathema (Darren “Daz” J. White) e Cradle Of Filth (Paul Allender e os irmãos Benjamin Ryan e Paul Alan Ryan) os The Blood Divine fariam um ano mais tarde a sua estreia em termos de álbuns de originais com ‘Awaken’. Sendo na altura uma aposta da lendária Peaceville Records (uma espécie de baluarte de bandas Britânicas com sonoridades no espectro do Gothic/Doom dos anos 90 com particular destaque para My Dying Bride, Paradise Lost e Anathema), os The Blood Divine tiveram de facto uma estreia auspiciosa. ‘Awaken’ está longe de ser um álbum perfeito, falta-lhe consistência, alguma “cola” entre os temas e uma produção com outro nível de qualidade, contudo contem temas verdadeiramente entusiásticos e originais com particular destaque para ‘So Serene’, ‘Moonlight Adorns’ e ‘Aureole’. O seu Gothic/Doom apresenta rasgos de uma impressionante criatividade especialmente pela influência dos teclados de “tonalidade Hammond” que oferecem uma atmosfera com uma mística quase litúrgica às sonoridades da banda. Todavia o quinteto Inglês acabaria por dar por terminada a carreira da banda em 1998 após o lançamento de um segundo álbum em 1997 intitulado ‘Mystica’, um álbum que até acabou por mostrar uma interessante evolução da banda mas que não foi suficiente para dar continuidade à precoce carreira dos The Blood Divine.  (7.5/10)


 

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