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Raios E Trovões – A Novela Manowar

Por Lex Thunder
(Toxikull)

Mais um cancelamento e evidente confusão entre Manowar e promotores. Desta vez o campo de batalha é em Barcelona, no Barcelona Rock Fest. Mas nada de novo na história da banda. Poderia escrever um texto crítico (ou não) sobre um dos lados mas ao invés disso vou tentar compreender e analisar mais ao detalhe o porquê destas frequentes confusões e polémicas em que a banda faz questão de estar inserida, e que na minha opinião tem contribuindo para o seu declínio que provavelmente com outra atitude poderia estar ao nível mediático de bandas como Iron Maiden ou Judas Priest.

Primeiramente devemos ter noção que o ADN de comunicação e apresentação de Manowar consiste na atitude de imposição de força e aniquilação do adversário, culto da batalha, rebeldia contra a indústria musical, bandas, editoras e uma luta contra os infiéis do Metal verdadeiro (seja lá o que isso for), juntando a imagem macho man com os seus magníficos bigodes e corpos musculosos regados de óleo para intimidação de inimigos e delírio de mulheres.

Quando os Manowar se formaram, de notar que muitos dos seus membros eram músicos/roadies experientes conhecedores da indústria e dos seus gatilhos e vícios. Esta imagem não foi criada e trabalhada ao acaso e por muito que a critiquemos ou façamos pouco dela sejamos sinceros que é uma das razões pela qual nos faz ouvir os seus temas, pois sentimo-nos quase invencíveis, com uma vontade de ir para a frente de batalha e viver uma aventura enquanto matamos um dragão.

Na minha opinião esta atitude favoreceu a banda nos seus tempos primários, pois resultou quase como um porta estandartes dos fãs mais conservadores do gênero, um elo de ligação entre Manowar e o ouvinte de Heavy Metal. Nós (Metálicos) VS Eles (Infieis). No início o plano resultou e bem.
Mas como cada vez é mais frequente notar, todas as ideias extremas se voltam contra elas próprias, como uma cobra que morde a própria cauda. A partir do momento que o criador traz as ideias artísticas para o mundo real, a máquina começa a falhar, devido à autoflagelação e corte com outras partes importantes de um sistema. Neste caso, o sistema é a indústria musical.

Desde o despedimento de um dos seus fundadores Ross the Boss, às ideias megalómanas faixas de narração de 8 minutos, às orgulhosas afirmações de ter estado em 17 editoras, regravação de álbuns (para pior qualidade), problemas com editoras, consecutivas entrevistas em que o mais importante é a posição de domínio, cancelamentos de festivais entre outras catástrofes alheias à banda mas de um carácter destrutivo reputacional enorme, tudo isto tem algo em comum.
A atitude macho, inamovível de força do “eu em a relação aos outros”.
Tal como gostamos de ver um filme de ação em que o protagonista se supera e impõe a sua vontade, gostamos também de saborear auditivamente essa atitude em forma de arte, mas apenas assim como arte.

A certo ponto a banda não conseguiu separar a imagem para os fãs, da vida real e que o que se passa desde há uns anos é que o grupo tornou-se vítima das próprias virtudes que lhes concederam sucesso.
Envenenados pela própria essência, sem antidoto à vista.
Continuaremos por certo a assistir a mais “novelas” em que o nome Manowar é o protagonista principal.

Contudo, musicalmente Manowar tem e terá sempre um lugar muito especial no meu íntimo, as suas músicas inspiram-me a mim e a muitos outros. Temas clássicos e hinos que concluem o objetivo principal da musica como arte, sentir.


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