Raios e Trovões – Sabes quem realmente és?
O cidadão ou a personagem?
Sabes quem realmente és?
Por Lex Thunder (Midnight Priest / Toxikull / Heavy Metalcast Portugal)
Como músico, ou artista nos dias que correm é essencial saber distinguir o que somos, ou quem somos, mas será assim tão fácil?
Muitos de nós vivemos de áreas alheias à criação de arte onde somos obrigados a ser o cidadão nº X, a ter comportamentos correctos correspondentes à expectativa que a sociedade tem de nós, e por muito criativo que esse quotidiano possa chegar a ser (ou não) existem sempre limites pouco tolerantes quanto às nossas ações e opiniões.
Enquanto cidadão o meu nome é Alexandre, portador do CC número X, sou informático, bastante tímido, um pouco inseguro e bastante preguiçoso, indiferente a muitos e para muitos.
Enquanto personagem/artista sou o Lex Thunder, vocalista dos Midnight Priest, vocalista e guitarrista dos Toxikull, escritor da crónica “Raios e Trovões” para World of Metal, Podcaster do Heavy MetalCast PT, seguro, social e confiante, empreendedor quanto a tudo o que tenha a ver com música, sem medo de agir e incansável no compromisso de fazer da musica a minha vida.
Esta foi a personagem que criei em torno da música, quer seja em palco, quer seja nos bastidores, nas redes sociais ou como espectador no mundo metal, pois as pessoas no meio onde estou ativo, não me vem como o Alexandre, mas sim como Lex.
E eu? Como me vejo? O problema surge aqui.
Quem sou eu, ou quem quero ser? Faço esta questão muitas vezes.
O Alexandre trabalha todos os dias para poder saciar a fome de música do Lex.
O Alexandre aceita aceita rebaixar-se no seu dia a dia para que o Lex continue a quebrar barreiras e a superar-se.
O Alexandre perde tempo diariamente, tempo esse irrecuperável, para que o Lex consiga ter tempo para viver mais um pouco.
O Alexandre não tem quase vida pessoal, o Lex vive da vida social.
O Alexandre não faz o que gosta, enquanto o Lex só faz o que gosta.
O Alexandre já perdeu e irá perder novamente o emprego e estabilidade financeira, para que o Lex possa ir em tourné e que tente fazer historia.
O Lex cada vez mais vai crescendo e ganhando força, enquanto o Alexandre vai diminuindo de tamanho limitando-se cada vez mais a um número presente num cartão de identificação.
Poderia continuar, mas já deu para entender que é muito mais proveitoso ser o Lex, certo?
Daí ser muito fácil um artista perder-se quanto á sua identidade, mas muito importante saber fazer esta distinção, pois ninguém neste mundo é especial, apenas fazemos coisas diferentes uns dos outros.
Talvez o artista seja a essência do cidadão potenciada livremente, sem restrições e movido ao combustível de paixão.
Talvez sejamos apenas só um, limitados á normalização do individuo que a sociedade tenta desde há seculos impor e o artista seja uma fuga a essa tentativa.
Se um dia serei só o Lex? Nunca, pois sei de onde vim, e quem sou. Mas espero poder viver como tal.
E tu? Sabes quem és?
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Gostei mesmo muito. Parabéns Alexandre/Lex. Muito limpo o raciocínio. Claro. Gostei mesmo.