Raios E Trovões – “Se Não Fosse Português…”
Por Lex Thunder (Toxikull)
Não sou de todo derrotista, a luta constante e a superação são o meu desporto preferido e continuarei a faze-lo até que não o consiga mais.
Mas isto não quer dizer que os factores exteriores que dificultem uma luta não estejam lá.
Esta pandemia como todos podem constatar, fez cair muitas mascaras, transformou pequenos arranhões em feridas abertas, e daí veio uma enorme exposição das diferenças sociais que andavam por estas terras há muitos anos mas um pouco disfarçadas.
No dia 13 de Janeiro de 2021 surge o anuncio das novas medidas de confinamento por parte do governo. Deparei comigo mais do que revoltado, ofendido e desiludido, pela medida que permite a realização de missas (como se não fossem espetáculos) e eventos religiosos, impedindo os eventos culturais de se realizarem mesmo com todas as regras sanitárias a serem cumpridas. Não me senti revoltado pela proibição em si, pois que se proibisse tudo, mas pela assumida posição de desprezo deste Governo (e não só) em relação a esta área.
Mais do que uma medida isto é um assumir descarado de uma desvalorização pela arte.
Questiono-me em que século estamos, e se somos realmente um estado laico. Deparei-me e cheguei a uma conclusão que há muito que desconfiava, embora sempre tenha sido arrumada para debaixo do tapete:
Portugal não é bom para os artistas.
Aqui não existe igualdade de oportunidade em relação a outras profissões. Que me perdoe o nosso primeiro-ministro, isto não é uma campanha internacional contra Portugal, até porque os artistas fazem muito mais pelo nosso país do que muitos políticos, mas isto é o que se passa no terreno, fora dos gabinetes, onde a vida acontece sem ser no papel.
Ser artista em Portugal significa (fora das elites Pop) ter que trabalhar o quíntuplo, gastar o triplo, manter um ou mais empregos para sustentares o que fazes e virar obrigatoriamente para o palco internacional.
Quantas vezes como músicos e artistas Portugueses ouvimos dizer “ Se vocês fossem de outro pais já eram enormes?”
Por mais que queiramos ver isto como a “mística da luta” e apenas um elogio, bem analisado é simplesmente decepcionante , vergonhoso e triste. Existem exemplos de muitos países onde o incentivo existe, onde existem subsídios para artistas, ou o incentivo de viagens pagas pelo estado quando vais para concertos internacionais. E porque é que aqui, ainda estamos a discriminar a arte face á religião quando a arte já é equivalente a uma religião?
Que se comece a pensar nisto antes de qualquer voto e ação, pois os anos passam e nunca existem novas soluções para este problema.
Nascemos num cemitério chamado Portugal.
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