Raios e Trovões – Vida Vulgar
Por Lex Thunder (Midnight Priest / Toxikull)
Tempos de quarentena mas também tempos de reflexão. O cenário mudou, e mudou tanto que certos aspectos da minha última crónica também perderam algum efeito. Dou por mim a viver uma realidade completamente diferente da que me habituei desde há uns anos. Desta vez, o Alexandre tem mais tempo que o Lex, sendo que é muito fácil o Lex desaparecer por dias e ser posto á prova quanto á sua existência. É um exercício difícil mas essencial. Mas apesar da limitação ao espaço físico geográfico, com a tecnologia podemos estar presentes em todo o mundo, muito importante não esquecer isto.
A esfera do meio musical encontra-se em sufoco e a ser lentamente sugada por areias movediças, esperando desesperadamente por bolhas de oxigénio, ou por um milagre.
Este vírus certamente não gosta de música, e o governo também não, mas isso é outra história. Como artista, encontro-me forçado a novas alternativas, e não é que isso seja novidade para mim, mas desta vez sem as principais bases de qualquer músico. Sim, falo de concertos ao vivo, e o lançamento de álbuns. Eu vivo para isso, e tento viver disso.
Numa manhã destas em que me deixava absorver pelo quotidiano vulgar do sofá, dei por mim a pensar, “então é isto, ser uma pessoa normal”.
É isto que é viver uma vida sem picos de adrenalina, limitada ao já expectável, preso ao quotidiano do comum mortal. Há muito tempo que não estava a sós com o Alexandre. Apercebi-me que para um criador, viver a vida sem poder fazer arte é certamente a pior “prisão existencial” possível, pois não te apercebes da morte lenta que vai acontecendo, um pouco como o tabaco, só que este sabe bem.
A tua personalidade torna-se limitada ao mediano e á jaula do “possivel” e dás por ti sem o principal motivo que te faz despertar todos os dias.
O corpo ressente a falta de estímulo, e de repente és só mais um á espera que um bom momento aconteça. Deixas de querer preencher as lacunas e os espaços que estão por criar neste mundo. Apercebi-me da sorte que era acordar todos os dias e poder pensar no concerto da próxima semana, na próxima tournée, na gravação ou lançamento do próximo álbum, ou simplesmente no próximo passo a tomar. Um luxo mesmo.
Apercebi-me mais que nunca que não quero ter uma vida vulgar. Apercebi-me que não quero morrer antes da minha hora e que ainda há muito para fazer, quer seja em casa, ou na estrada.
“Cause the truth is I don’t wanna die an ordinary man” – Ozzy Osbourne
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