Reportagem Ghost, Zombi @ Sala Tejo, Lisboa 15 de Abril 2017
Foi apropriadamente na altura da Páscoa que os Ghost decidiram visitar de novo o nosso país. Depois de em 2015 encherem o Paradise Garage, agora foi tempo de se apresentarem numa sala maior, a Sala Tejo nesta tour de apoio ao EP “Popestar”.
A acompanhá-los vieram os Zombi, uma dupla americana de Synthwave composta por Steve Moore no baixo e sintetizadores, e Anthony Paterra na bateria. O set de 45 minutos totalmente instrumental conseguiu captar a atenção do público que foi chegando, estando a sala bem composta durante a actuação. O tom era quase sci fi, e teve uma boa reacção do público especialmente nas músicas menos ambientais, pecando por vezes por ser demasiado repetitivo. A banda foi bastante competente, com destaque para a prestação de Paterra. A interacção com o público foi bastante limitada, resumindo-se a Moore apresentar o nome da banda no início do set, e o ocasional obrigado, no entanto fica a nota positiva.
Seguiu-se uma pausa para o set up do palco ao som de “Miserere Mei Deus” de Gregorio Allegri pautada por alguma dose de humor, em que os membros da crew vestidos de calças, camisa e sapatos negros e com um alfinete referente à banda, faziam uma vénia ao publico antes de fazerem as várias tarefas comuns de preparação de um palco, como retirar os panos dos instrumentos, ou verificar o som da bateria, um pouco como sacristães demoníacos a preparar o altar para a entrada do papa e as suas criaturas, sentimento também ajudado pelo cheiro a incenso que se fazia sentir.
Por fim as luzes apagaram-se, ficando só uns focos vermelhos e com os altifalantes a tocar “Masked Ball” (da banda sonora do filme “Eyes Wide Shut”) que daria o som ambiente até a entrada da banda com a excelente Square Hammer. A única música do EP Popestar foi recebida com entusiasmo e com o público a cantar o refrão em coro, algo que continuou a fazer pela noite dentro. A aderência do público lisboeta notou-se ainda mais quando se ouviram as primeiras notas do baixo em “Con Clavi con Dio”, um grande momento de comunhão entre a banda e a plateia.
A primeira pausa da noite para falar surgiu com a tradicional apresentação das Sisters of Sin, vestidas de freiras que vão entregando vinho ás primeiras filas enquanto a banda toca um “Body and Blood” cantado em uníssono com o publico. Nova pausa ao som de “Devil Church”, desta vez para o Papa Emeritus trocar da tradicional roupa de papa negro, para um fato mais vintage e efetuar a entrada ao som de “Cirice” seguida por “Year Zero” duas das músicas preferidas do público. Outro dos momentos que merece sempre destaque num concerto dos Ghost é quando a banda toca “He Is” um momento “Kumbaya” em versão satânica.
Após uma nova pausa para dois dedos de conversa com espaço para Papa Emeritus exibir uma bandeira portuguesa que lhe tinha sido lançada e perante a resposta afirmativa do público á pergunta se queriam uma música que era uma “heavy motherfucker”, entra “Mummy Dust” que funciona extremamente bem ao vivo, e termina em apoteose com uma chuva de confettis. Antes da despedida ainda existiu tempo para “Ghuleh/Zombie Queen” e mais uma passagem pelo álbum de estreia com “Ritual”. No entanto ainda não ficaríamos por aqui, e com mais um momento descontraído de comunicação com o público, Papa Emeritus lembrou que este se tratava de um segundo encontro, e como tal a relação da banda com o público português tinha evoluído. Como não podia deixar de ser houve direito ao encore com “Monstrance Clock” cantado pela sala Tejo.
A performance da banda foi sempre de qualidade, os guitarristas e a baixista que não pararam em cima do palco e o Papa Emeritus em constante comunicação, demonstraram bem que os Ghost são uma banda bastante extrovertida ao vivo, que quer dar espetáculo (basta reparar na forma quase coreografada como se movem por vezes em palco), e um ar de constante festa ao longo do concerto.
Existiram muitas semelhanças entre este concerto e o excelente concerto do Paradise Garage, quer na setlist quer na apresentação das músicas, isso poderia fazer recear um sentimento de repetição, mas a qualidade do espetáculo e a forma como o público aderiu não deram espaço a isso. Na verdade notou-se bem que este já era o segundo encontro na forma relaxada, e na muita comunicação que houve. A própria sala ajudou com a qualidade da acústica que o espaço proporciona, e o facto de oferecer mais espaço ás muitas pessoas que se deslocaram ao Oriente. Fica a nota de mais um grande concerto dos Ghost em Portugal, e o desejo que voltem com um novo álbum sob o manto.
Texto por Filipe Ferreira
Fotos por Filipa Nunes
Agradecimentos: Prime Artists
Agradecimentos: Prime Artists
Support World Of Metal