Reportagem Louder Than All – Episode II @ RCA Club, Lisboa – 05.05.2018
Dia 5, mês 5, cinco bandas para celebrar mais um aniversário da Songs For The Deaf Radio. Depois da boa experiência de 2017 do Louder Than All, este ano teria lugar o Episode II, que reuniu quatro bandas nacionais (Impera, Inner Blast, Blame Zeus e Primal Attack) e pela primeira vez uma banda estrangeira (os espanhóis Childrain) como cabeça de cartaz. Cartaz diverso e cheio de qualidade, representativo da cobertura que a própria rádio dá às sonoridades dentro do som sagrado.
A noite iria iniciar-se um pouco após a hora anunciada previamente (o horário tinha sido alterado das 21h para as 21:15m) com os portugueses Impera a subir ao palco ainda com uma sala a meio gás – embora que saibamos que as primeiras bandas sejam sempre as sacrificadas em qualquer tipo de evento, o facto do Sporting estar a jogar com o Benfica definitivamente terá tido um impacto neste facto. A energia que a banda lisboeta (eles que foram a nossa primeira convidada na rúbrica Garage World) debitou revelou-se logo desde cedo contagiante. Performances seguras, com destaque para o baterista Daniel Chen e para o novo guitarrista, David Alves (ex-Adamantine) que substituiu Frederico Chaves que deram um espectáculo à parte como os temas “Diluted” e “Weightless” tão bem provaram.
Com a sala já mais composta, era a vez dos Inner Blast que trouxeram com eles muitos apoiantes estando a jogar em casa praticamente. A banda revelou-se mais coesa que nunca, onde o centro das atenções é Liliana, que está mais confortável que nunca na sua posição de frontwoman. Não se trata apenas de cantar temas como “Private Nation” e “Legacy”, e sim vivê-los, com a sua expressão teatral a salientar ainda mais o poder dos temas tocados. Destaque para a rendição de “There’s No Pride”, um dos melhores temas que a banda tocou na sua actuação. A actuação viria a ser encurtada, para tentar recuperar o atraso que se verificou na preparação do seu concerto, mas o público não deixou de demonstrar a sua satisfação.
Os Blame Zeus foram os seguintes que embora começando a tocar para uma sala mais vazia no início – em defesa do público, o concerto também começou sem aviso prévio e praticamente junto ao soundcheck – mas que a depressa encheu graças a uma raça muito própria. O som estava bem definido (aliás, como de todas as outras bandas) e a banda agarrou desde início os temas do seu alinhamento com uma força descomunal. Para quem os estava a ouvir pela primeira vez, definitivamente que ficaram oficialmente fãs. Coesão e performances individuais que fizeram com que esta tivesse sido a melhor actuação que tivemos o prazer de apreciar, sobretudo pela entrega Sandra Oliveira. “Clocks”, “Accept” e “Mouth” foram bons exemplos disso mesmo assim como o novo tema, apresentado pela primeira vez ao público, “Déjà Vú”.Uma das melhores bandas nacionais de rock/metal alternativo. Tal como o que aconteceu com os Inner Blast, por questões de horário, a banda também teve que ser encurtada.
A fasquia tinha sido elevada até níveis estratosféricos e se haveria uma banda capaz de os igualar ou até superar essa banda era sem dúvida os Primal Attack que entraram decididos a não fazer qualquer tipo de prisioneiros, com uma explosiva “The Prodigal One”. A banda lisboeta foi alternando os temas do primeiro álbum com o do segundo e apesar das diferenças entre os dois trabalhos, em cima do palco havia homogeneidade entre temas como “Halfborn” e “Time To Reset” (do segundo “Heartless Oppressor” e da estreia “Humans” respectivamente). Apesar de algumas pequenas falhas – com a guitarra de Miguel Tereso na já referida “Halfborn” e o falso arranque na “Truth And Consequence” na bateria de Miguel – a energia foi uma constante muito graças ao frontman endiabrado que é Pica, e a banda deu um concerto de luxo, sendo inclusive aquela que mais movimento provocou à frente do palco.
Antes de entrarem a banda cabeça de cartaz, foi chegado o momento em que Nuno Santos acompanhado de toda (ou quase toda) a equipa, subiram ao palco para agradecer em nome da Songs For The Deaf Radio a presença do público naquela noite de celebração dos sete anos do projecto – com direito a bolo de aniversário e tudo – e também para a agradecer o apoio dado ao próprio projecto ao longo de toda a sua existência. Uma celebração que foi sentida como familiar, algo que é sempre de louvar e que mostra o poder de união que a música tem – e salientamos que música de vários géneros e subgéneros diferentes do rock e metal.
A noite já ia adiantada e já passava da uma da manhã quando os nuestros hermanos Childrain subiram ao palco. A banda espanhola tinha sido apresentado oficialmente ao público português no ano passado, no palco do V.O.A. Fest e deixaram uma boa impressão que no geral até foi ultrapassada pelo o que pudemos ver e ouvir no RCA Club. Com um jogo de luzes fantástico – provavelmente do melhor que pudemos presenciar na sala de Alvalade, sendo apenas comparável com aquilo que os Leprous fizeram aquando a sua última passagem por lá – a banda despejou um alinhamento que percorreu todo os seus álbuns embora o foco tenha sido mesmo o último “Matheria”, que já data de 2015.
Apesar das tentativas do vocalista Iñi de puxar pelo público, este não foi muito receptivo a mostrar entusiasmo embora lá fosse recebendo bem temas como “Blinded By Rage”, “Rebel” e “Life Show”. Talvez por esse motivo a banda tivesse tocado o seu alinhamento quase de rajada e tivesse ficado uma sensação de unidimensionalidade que não os favoreceu mas é algo que o seu próprio som transmite e pelo qual se define. Ainda assim, quando tudo acabou por volta das duas da manhã, não deixou de ficar o sentimento de que se assistiu a uma grande festa e a prova de que existindo projectos como a Songs For The Deaf Radio, de apoio e divulgação do underground, não tendo nada a ganhar a não ser mesmo o sentimento de fazer algo com paixão, a própria cena só tem a ganhar. Todos ganhamos e que assim seja por muitos mais anos, Louder Than All.
Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Nuno Santos e Songs For The Deaf Radio
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