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Reportagem Nile, Terrorizer, Exarsis, No More Fear @ RCA Club 16-02-2018

Em Outubro de 2005 os Nile estreavam-se em Portugal, partilhando o cartaz com In-Quest (Bélgica), Flesh Grinder (Brasil), Goldenpyre e Necrose. Nesse ano, devido a grande procura e o concerto estar esgotado, mudaram a receção do Colinas Bar para o Hard Club. A estreia de Nile no território português seria arrebatadora. 13 anos depois, a história repete-se, nesta que foi uma grande, grande noite de metal.

Lisboa, 16 de Fevereiro. Embora cedo e ainda antes da abertura, à porta do RCA Clube já se juntava boa multidão compondo uma longa fila de entrada. O bom presságio que esta data antecipava uma grande afluência com um cartaz de peso. Muito peso. A ocasião é a tour Europeia “What Should Not Be Unearthed – Part III”, trazida a Portugal pelas mãos da produtora Notredame Productions. Os veteranos Nile (EUA), produzem Brutal Death Metal combinando influências do médio Oriente, inspirado na civilização egípcia. Desde 1993. Na bagagem, trazem o seu mais recente disco “What Should Not Be Unearthed” (Nuclear Blast, 2015). Não é de admirar o sucesso deste disco e as sucessivas digressões pela América latina, Austrália, EUA, Europa… só no nosso velho continente, em menos de 3 anos, já vão nesta terceira digressão, com cerca de 30 datas por cada uma. E têm marcado presença nos melhores festivais. É muito andamento.

Neste regresso a Portugal, os Nile vêem em muito boa companhia, com o suporte dos No More Fear (Itália), Exarsis (Grécia) e os míticos Terrorizer (USA), que tocam pela primeira vez no nosso país. Sinais que a cena do metal tem a chama mais viva que sempre, e trazemos grandes bandas a fazer as delícias da irmandade do metal. Almas danadas.

O ambiente na casa estava fantástico, sentia-se aquele espírito de celebração e convívio. São 20h00; impecavelmente na hora prevista, rebentou a actuação dos No More Fear. Vindos de Itália, a banda juntou-se como acto de suporte aos Nile nas datas da digressão ibérica. Abrem o concerto com temas do novo disco ‘Malamente’ (Memorial Records, 2016), com a introdução ‘Morte e Orazione’ e ‘Mare Mortum’.

Esta banda que fez já mais de 20 anos de carreira, traz-nos um som diversificado neste disco, alternando entre Death Metal melódico com guturais graves, ora riffs ao estilo Doom, e muitas passagens acústicas e tradicionais que nos fazem sentir numa viagem a Itália. Basta ouvir ‘Malamente’ para facilmente perceber que é um disco lindo, maduro, consistente, e que traz nele raízes da cultura italiana que a banda emana.

Toda a axtuação girou em torno dos temas ora do mais recente ‘Malamente’, ora do álbum ‘Mad(E) in Italy’ de 2012, seguindo-se ’Ass’e’Mazz ’, ‘Tre Cavalieri’, ‘Cemento Armato’, ‘Lady ‘Ndragheta’, ‘Don Gaetano’ e ‘Taranthell’. O pessoal demonstra o seu apoio e aplaude a prestação da banda. Pessoalmente, adorei vê-los tocar, têm o espírito de uma banda underground e fizeram boa justiça à sonoridade complexa e técnica, harmoniosa.

É a hora de Exarsis. Começaram de forma completamente arrebatadora. Um momento… começaram?! Toda a actuação foi uma completa e avassaladora descarga de brutalidade, energia e peso. Abrem a rasgar com ‘Surveillance Society’, ‘Toxic Terror’ e ‘Addicting Life Waste’, temas retirados do álbum ‘The Brutal State’ (2013).

Poucas conversas, muita acção, rapidamente avançam para o mais recente disco ’New War Order’ (2017), com a descarga violenta de metal puro e duro com os temas ’The Underground’, ’Chaos Creation’ e ’General Guidance’.

Nas breves comunicações nos intervalos das músicas, afirmaram ser a sua segunda vez a actuar em Portugal. Muitas saudações, malta a saltar, os Exarsis, muito agitadores da audiência com o seu som Speed / Thrash Metal imperdoável. Foi de facto ver para crer. A terminar, lançaram o tema ‘Under Destruction’, frenético, rápido, um rasganço monumental!

A pulsação da noite está no ponto. Deixaram a multidão bem aquecida, o grande ritmo das bandas anteriores, Exarsis e No More Fear, mas o que teríamos a seguir… abalaria todos os alicerces à casa. Por esta altura o RCA está muito composto já tem a casa cheia. A contar, 300 pessoas, lotação esgotada. Os Terrorizer entram em palco e não estão para brincadeiras. O power trio Pete “Commando” Sandoval, Lee Harrison e Sam Molina, vão abrir com uma malha que tanto tem de rápido como de possante: ‘Need to Live’, regresso às origens do Death Metal em 1989. Em menos de um minuto e meio da duração da canção, mostram logo a matéria de que são feitos.

Seguem-se dois temas do álbum de 2012 ‘Hordes Of Zombies’, que editaram com a Season Of Mist; tocam os temas ‘State of Mind’ e ‘Hordes of Zombies’. Os Terrorizer encheram-se dos seus super poderes e devastaram a sala inteira. Sem piedade, todos os fãs à mercê do metal puro Heavy, brutal! Apresentam-nos o que creio ser dois temas novos, possivelmente a gravar num futuro disco, que têm tocado nesta digressão pela Europa: ’Sharp Knives’ e ‘Conflict’.

Sem tréguas, segue-se ‘Crematorium’, do disco ‘Darker Days Ahead’ (2006), com aquela entrada groovy, mas que em breve flui a um ritmo frenético! O poder deste trio do mais extremo Grindcore varreu todos os cantinhos à casa. Eles cantaram a missa com todos os rituais à Lá Carte, Stage diving, Wall of Death, Mosh à moda antiga, heandbang em piloto automático.

É altura de regressar ao passado com o som apocalíptico do álbum ‘World Downfall’ (1989), e tocam a malha que abre o álbum: ‘After World Obliteration’. Foi aqui que eu acreditei que tinham aberto as portas do Inferno, e haviam soltado a besta! Pete Sandoval, sem desprimor para nenhum ilustre presente, é uma lenda viva. Dito com todo o carinho de um fã da sua sonoridade única em Morbid Angel. Terminam ao som deste disco de culto, por esta ordem: ‘Injustice’, ’Whirlwind Struggle’, ‘Dead Shall Rise’ e ‘World Downfall’.

Os Terrorizer receberam a maior agitação por parte do público nesta noite. A sua atuação foi crescendo, até um ponto em que era Impossível estar parado. Sam Molina agradeceu aos fãs presentes em Lisboa por suportarem a música da banda.

Karl Sanders diria a meio do espectáculo, visivelmente a adorar a calorosa receção dos fãs: “Man I love heavy metal, but being here in this club full of metalheads makes it all even more special”. A actuação de Nile foi épica e emocionante. Abriram o espectáculo com a malha ‘Ramses Bringer of War’, uma canção com 20 anos, com introdução instrumental onde as guitarras dilacerantes não tardaram a chegar. Estava lançado o ambiente de Brutal Death Metal que vai tomar de assalto esta noite.

Continuámos a viajar por temas mais antigos de variados álbuns, pela ordem de ’Sacrifice Unto Sebek’, The Black Flame’, ‘Smashing The Antiu’ e ´Defiling the gates of Ishtar’. Nile tem uma característica interessante, todos na linha da frente cantam guturais profanos, ora à vez, ora em conjunto, e isso desponta ainda mais a energia da banda e a presença em palco. Momento para os batuques de entrada do tema ‘Kafir!’, e as guitarras não tardaram, o ritmo estava arrebatador. Abriram as portas do submundo e deixaram largar o demónio!

É a sétima música do set, e do novo disco, vem a apresentação do tema ’In The Name Of Amun’. Sempre muito comunicativos com o público, anunciaram um novo álbum! E deixaram o convite a todos os presentes para voltarem aquando os seu regresso. A meio, lugar para homenagear os companheiros de digressão, que lá do cimo oposto ao palco apreciavam o concerto. Seguiram-se os temas ’The Fiends Who Come to Steal the Magick of the Deceased’, ‘The Howling of the Jinn’, ‘Kheftiu Asar Butchiu’, ‘Unas Slayer Of The Gods’.

A sublinhar o novo guitarrista da banda Brian Kingsland, que veio substituir desde fevereiro de 2017, o ex-membro Dallas Toler-Wade (presente desde 1996), uma autêntica máquina de destruição, com direito a momento bonito entre este e Karl, em que fazem barulho ao tocar os braços das guitarras, num estilo muito heavy. Uma extensa setlist que viajou muito por discos mais antigos, e que conferiu aos Nile uma atuação de uma hora e dez minutos, terminando com os temas ’Sarcophagus’ e ’Black Seeds Of Vengeance’, qual final apoteótico, em que Karl segurava a guitarra por cima do público para tocarem e fazerem um bocado de barulho!

Terminadas as atuações, só resta o sentimento e a memória que se viveu aqui uma grande espetáculo de metal. Esta foi uma noite de músicos lendários. Antigos e novos.

Texto e Fotografia por Hélio Cristóvão para a World of Metal
Agradecimentos ao RCA Club e Notredame Productions

 

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