ArtigosExclusivoReview

Rock Zone Reviews – Captain Black Beard, Kickin Valentina, Crematory, Rewind, Frantic Amber

Captain Black Beard – “Chasing Danger” – Mighty Music/Target Group

Os dinamarqueses Captain Black Beard regressam com “Chasing Danger”, um álbum que vai, com toda a certeza, solidificar o seu estatuto no panorama do AOR. Após um período de incerteza, marcado pela saída do vocalista Martin Holsner, a banda encontrou nova vida com a chegada de Fredrik Vahlgren. Este novo capítulo, impulsionado por uma dedicação inabalável, resultou num álbum que supera as expectativas.

“Chasing Danger” é um disco com dez temas, com muita energia, que capturam a essência do rock melódico com aquele toque sueco inconfundível. A produção, a cargo de Sverker Widgren e da própria banda, nos Wing Studios em Estocolmo, resultou num som polido e vibrante. A bateria de Vinnie Stromberg, as guitarras de Daniel Krakowski e Oscar Bromwall, e os teclados de John Lönnmyr elevam as canções a um patamar superior.

O álbum abre com a poderosa “Dreams”, uma faixa que define o tom para o que se segue. A voz de Fredrik Vahlgren, com a sua entrega apaixonada, é um dos destaques. “Chasing Rainbows” e o single “When It’s Over” mantêm a energia alta, enquanto “A.I. Lover” adiciona um toque de humor à mistura. “Shine” destaca-se pela sua intensidade, apesar de um final prolongado que poderia ter sido melhor aproveitado. No entanto, estes pequenos detalhes não diminuem o impacto geral do álbum. “Where Do We Go” explora uma dualidade sonora interessante, alternando entre momentos de peso e melodias AOR. “In Your Arms” encerra o álbum com um groove intenso e com mais uma performance vocal cativante de Fredrik. Pelo meio surge uma balada, “Piece of Paradise”, com uma estrutura bem conseguida e que até soa bem.

Comparado com o seu antecessor, “Neon Sunrise”, “Chasing Danger”, na minha opinião, representa um salto qualitativo muito significativo. A performance de Fredrik Vahlgren é um dos principais fatores para este sucesso, elevando as canções a um novo patamar e é sem dúvida, um álbum que merece ser ouvido do início ao fim.

Kickin Valentina – “Raw Trax, B-Sides, and Bootlegs” – Mighty Music/Target Group

Está por  dias, para ser mais concreto penso que será já no dia 2 de maio,que verá a luz do dia, “Raw Trax, B-Sides, and Bootlegs”, dos Kickin Valentina. É o quinto álbum da banda e que cumpre exatamente o que o título promete: uma coleção visceral de faixas inéditas, demos e gravações ao vivo que capturam a essência crua e enérgica da banda. Numa época saturada de produções excessivas, os Kickin Valentina reafirmam o seu compromisso com um som direto, sem artifícios e 100% ao vivo. Ter novamente a produção a cargo de Andy Reilly e masterização por Joel Wanasek, é o selo de qualidade sonora a que os fans já se habituaram. No entanto, a grande mais-valia reside na natureza destas gravações, que oferecem um vislumbre do processo criativo e da energia contagiante das suas atuações ao vivo.

Desde o primeiro instante, com a explosiva “Blame It On Rock n Roll”, somos confrontados com a identidade sonora da banda. Guitarras intrincadas e poderosas, uma bateria frenética e a voz rouca e carismática de D.K. revelam um hino instantâneo que nos obriga a abanar a cabeça ao ritmo. Esta faixa é um exemplo perfeito da capacidade da banda em criar um rock direto que mexe com as nossas entranhas e que agarra o ouvinte desde o primeiro acorde. A energia mantém-se alta com “The Gotaways”, outra faixa inédita que demonstra a consistência da banda em produzir rock de qualidade. Com um ritmo contagiante e refrão memorável, esta música encaixaria perfeitamente em qualquer um dos seus álbuns anteriores, provando que as sobras das sessões de “Star Spangled Fist Fight” estavam longe de ser descartáveis.

A inclusão de faixas ao vivo do Bang Your Head Festival e de demos de músicas mais antigas é um bónus valioso para os fans. Permite-nos ouvir versões alternativas, com letras e arranjos diferentes, oferecendo uma nova perspetiva sobre o material já conhecido. Como refere o baixista Chris Taylor, esta é uma oportunidade de experienciar a banda na sua forma mais pura e sem filtros. Faixas como “Wild Ones”, “Sweat” e “Easy Rider” (possivelmente as demos mencionadas) revelam a evolução das músicas desde o seu estado embrionário até às versões finais que conhecemos, passando pela intensidade de “War” e fechando as hostilidades com “End of the Road”, um testemunho da paixão e dedicação dos Kickin Valentina ao rock’n’roll.

Para quem procura rock’n’roll do melhor, autêntico, sem rodeios e com uma energia contagiante, este álbum é uma adição obrigatória à sua coleção.

Spotify

Crematory – “Destination” – ROAR Rock Of Angels Records

O meu primeiro contacto com a banda alemã já remonta a 1995 e ao álbum “Illusions” e à impactante, pelo menos  para mim, “Tears Of Time”. Desde aí acompanhei sempre os lançamentos dos pioneiros alemães do dark metal, e se por vezes gostei do que foi feito, houve outras vezes em que ouvi e…arrumei!

Depois de “Inglorious Darkness” de 2022, chegam agora com o seu 17º álbum de estúdio, “Destination”, e provam, mais uma vez, porque se tornaram uma força incontornável no panorama musical dentro do género. Com lançamento agendado para 2 de maio através da ROAR, este novo trabalho  revisita as raízes da banda, abraça o presente e acena a sonoridades modernas, resultando num disco coeso e surpreendente.

Um dos pontos altos deste lançamento é, sem dúvida, a versão cover do clássico dos Type O Negative, “My Girlfriend’s Girlfriend”. Esta homenagem sentida a Pete Steele e à icónica banda gothic metal dos anos 90 ganha uma nova roupagem na interpretação dos Crematory, mantendo a essência sombria e melancólica do original, mas com a inconfundível marca da banda alemã. A participação especial de Michelle Darkness (End of Green) nos vocais é um toque de mestre, prestando um tributo impressionante ao alcance vocal de Steele e criando um dueto memorável com Félix. Uma cover muito especial e autêntica.

“Destination” não se limita a revisitar o passado. Como Jüllich descreve, o álbum é uma “mistura engenhosa dos tempos gothic metal dos anos 90, como ‘Illusions’, combinado com hinos de melodic death metal duros como ‘Act Seven’ e músicas eletrónicas modernas com letras em alemão no estilo de ‘Revolution’”.

Esta fusão de elementos é um dos maiores trunfos do álbum, mostrando a versatilidade e a capacidade dos Crematory em evoluir sem perder a sua identidade e num equilíbrio de  momentos de puro gothic metal nostálgico com passagens que remetem às suas raízes no melodic death metal, surpreendendo o ouvinte com incursões em sonoridades eletrónicas modernas. Esta combinação de forças e fases da banda resulta num trabalho dinâmico e interessante, que certamente agradará tanto aos fans de longa data como aos novos ouvintes. “Welt Aus Glas”, com refrões cativantes em abundância, “After Isolation” a destacar-se por uma sonoridade muito sólida e depois a melodia simples de piano e orquestração de “The Future Is A Lonely Place”  enquanto o órgão que anuncia o início de “My Own Private God” é no mínimo avassalador! “Toxic Touch”, é mais um tema impulsionado pelos teclados e que poderia facilmente servir como opção para single a servir de cartão de visita de “Destination”.

Resumindo, ‘Destination’ não descobriu a pólvora, mas tendo em atenção que se está no trigésimo terceiro ano de vida dos Crematory, é natural e sente-se que este trabalho é feito com paixão!

Spotify

Rewind – “I’m In Rewind” – Eonian Records (lançado em 2024)

Confesso que para mim o nome Rewind era-me completamente estranho, o que será normal, tendo em conta a quantidade de coisas que me vão chegando…mas graças a um amigo “I’m In Rewind” chegou-me finalmente às mãos, (muchas gracias Juan Antonio  Perez!), e só tenho de agradecer pela oportunidade de os poder ouvir.

Ao fazer o meu trabalho de casa, percebi que  o guitarrista Mick Perez, deixou a sua marca em projetos como Jones Street e Warrior, mas é com os Rewind que ele parece encontrar o seu verdadeiro espaço, numa colaboração de longa data com o vocalista e amigo de infância Andrew J. Kenesie. As raízes dos Rewind remontam à década de 90, em San Diego, período em que a banda se formou e lançou dois álbuns.

Feita a introdução, é tempo de falar de “I’m in Rewind”, o terceiro registo sonoro lançado em 2024. A primeira impressão é a de uma diversidade musical e uma sonoridade multifacetada que combina, de forma notável, hard rock tradicional com nuances alternativas, sem esquecer uma genuína estética grunge. Tudo isto converge num resultado final de quinze temas impressionantes, e paralelamente, as letras revelam uma sensibilidade apurada transmitindo emoções intensas e elevando o disco a um patamar composicional muito elevado.

É palpável a sinergia entre os membros da banda, com realce para a visão musical de Andrew Kenesie na composição e a perícia de Mick Perez nas cordas e embora este lançamento contenha o título de uma das suas músicas de maior reconhecimento do passado, “I’m In Rewind” não soa datado, pelo contrário, a produção moderna e a paixão renovada da banda conferem às faixas uma vitalidade contagiante.

Produzido por Mick Perez e com uma masterização final primorosa a cargo de Anthony Focx (figura proeminente com créditos junto de nomes como Aerosmith e Buckcherry), o álbum recupera a energia e a autenticidade que sempre caracterizaram a banda desde os seus primórdios. Assim, “I’m In Rewind” o que ressoa de imediato ao ouvir é a sonoridade pujante e renovada onde os temas emanam a essência do rock alternativo dos anos 90, com ritmos intensos e marcantes, riffs de guitarra incisivos e letras que revelam engenho e profundidade.

Não foi a que recebi, mas há uma edição da Eonian Records que oferece ainda duas versões de “Dr. Feelgood” dos Motley Crue e “Jet City Woman” dos Queensryche, que tive oportunidade de ouvir via Youtube e que curti imenso, principalmente a primeira.

Para fechar, se os Rewind me passaram ao lado durante algum tempo, daqui em diante tal irá ser difícil de acontecer, pois já ficam debaixo de olho. Apesar do título poder sugerir uma revisita ao passado, este álbum transcende a mera nostalgia; é um revigorante renascimento de uma banda com uma visão clara: rock puro, direto e com uma identidade bem definida.

Frantic Amber – “Death Becomes Her” – ROAR Rock Of Angels Records

Falar de Frantic Amber, é falar de uma banda de origem sueca, e que está de volta com o seu aguardado álbum conceptual “Death Becomes Her”, que será lançado no próximo 2 de maio. Prometendo uma exploração intensa e melancólica do universo das assassinas em série, este álbum mergulha em histórias perturbadoras com uma sonoridade que mistura brutalidade e melodia de forma cativante.

Quem gosta de sonoridades mais sombrias e brutais tem um novo motivo para celebrar. Desde o anúncio do álbum, a banda não escondeu a sua excitação em partilhar este trabalho, fruto de uma longa e apaixonada dedicação. “Death Becomes Her” é descrito como um disco sombrio, melancólico e brutal, onde cada faixa explora a psique retorcida de diferentes assassinas em série femininas, prometendo uma atmosfera arrepiante e única para cada narrativa musical.

Olhando para a trajetória da banda, desde a sua formação em 2008 como um projeto liderado pela guitarrista Mary Siebecke, passando pela adição da vocalista extrema Elizabeth Andrews e da guitarrista e compositora Mio Jäger em 2010, as Frantic Amber têm vindo a solidificar a sua identidade sonora, que mistura melodic death metal com influências de thrash, black metal, progressivo, heavy metal clássico e symphonic metal. Os seus lançamentos anteriores, incluindo o EP “Wrath Of Judgement” (2010) e o álbum de estreia “Burning Insight” (2015), já demonstravam o seu potencial e valeram-lhes reconhecimento na cena metal, incluindo atuações em grandes festivais como o Wacken Open Air.

O single “Black Widow”, surgiu acompanhado por um videoclipe. Esta faixa serve como uma amostra representativa do conceito do álbum, focando-se na categoria de assassinas que matam por ganho financeiro ou material, tendo como vítimas mais comuns os seus maridos ou amantes, muitas vezes com seguros de vida envolvidos. É um tema bastante viciante que combina elementos de thrash e symphonic metal de forma coesa.

Num todo, “Death Becomes Her” é um disco intenso, que imerge numa atmosfera de insanidade e loucura sónica. O som da banda é direto e puro metal, caracterizado por riffs cortantes, uma bateria implacável e vocais que alternam entre a agressividade visceral e passagens melódicas sombrias com capacidade de satisfazer aqueles que procuram sonoridades poderosas e agressivas. Há equilíbrio entre a brutalidade inerente ao género com melodias obscuras e envolventes, criando paisagens sonoras densas e muito interessantes.

Com uma formação reforçada pela talentosa baixista Madeleine Gullberg Husberg e pelo baterista Mac Dalmanner, as Frantic Amber parecem estar mais fortes do que nunca.


Support World Of Metal
Become a Patron!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.