Report

WOM Photo Report – Pain, Ensiferum, Eleine, Ryujin @ Hard Club, Porto – 18.10.23

Quando a abertura de portas está marcada para as 18:30 e a primeira banda para as 19:00, não é de estranhar que a sala não esteja propriamente apinhada no início do evento; mas curiosamente, o número de presentes àquela hora pareceu-me superior ao dos anteriores em circunstâncias idênticas: ou aproveitaram as tréguas momentâneas que o S. Pedro deu ao mau tempo dos últimos dias, ou estavam mesmo com vontade de ver o “samurai metal” dos Ryujin. Até há bem pouco tempo denominados Gyze, os japoneses encheram o Hard Club de um death metal melódico bastante animado – atrevo-me a dizer a roçar as fronteiras do folk – com temas do longa-duração “Asian Chaos” (2019) e do EP “Oriental Symphony”. O feedback foi muito positivo, um mar de braços no ar e um coro de “hey hey!” em cada música, independentemente de já estarem ou não familiarizados com elas. O concerto terminou com o mais recente single “Raijin & Fujin” – o primeiro trabalho sob o nome Ryujin.

Da Suécia, a banda comandada por (Mad) Eleine Liljestam e Rikard Ekberg também causou sensação. O metal sinfónico – onde o metal é mais pesado do que a sinfonia é melódica – deu continuidade ao alvoroço que os Ryujin tinham começado e músicass como “We Are Legion”, “Blood In Their Eyes” ou “We Shall Remain” (tema-título do quarto e mais recente álbum, que estão a promover nesta tour) conquistaram o público nesta estreia dos Eleine em solo nacional. Já nós, conquistámo-los com a nossa prestação vocal no refrão de “Death Incarnate”, em que Rikard dividiu o público em dois, naquele jogo que muitos vocalistas gostam de fazer do vamos-ver-quem-grita-mais-alto; foi o dele, verdade seja dita, mas mesmo o lado de Eleine não se saiu nada mal. E quando os dois berraram em uníssono, e tendo em conta que era a primeira vez, até arrepiou.

Não vou dizer a maioria, mas uma grande parte dos presentes estava ali mais por Ensiferum do que por Pain. Ou então é a natureza mais festiva do folk metal finlandês que deu a sensação de uma resposta mais forte à sua actuação. Desde a ovação a Pekka Montin, quando saiu detrás dos teclados para cantar as partes limpas (e agudas) de “Run From The Crushing Tide”, à entoação em estilo de cântico de “Lai Lai Hei”, passando pelo convite (ainda mais) aberto ao mosh de “Twiligt Tavern”, cada nota do concerto de Ensiferum teve o seu quê de excelência. E alguns de piada, com as caretas e danças de Markus Toivonen e a afirmação de Sami Hinka acerca de ter bebido naquela tarde, na cidade do Porto, o melhor vinho do Porto da vida dele…

Foram precisos 15 anos – e apenas dois álbuns, vá – para os Pain regressarem à Invicta. Mas valeu a pena a espera – o projecto industrial de Peter Tägtgren pôs o Hard Club inteiro a mexer (dançar?) ao ritmo das suas músicas (e da dos Rolling Stones “Gimme Shelter”, da qual fizeram cover antes do encore). Na vídeo wall por trás da bateria, a mascote Peter Pain apresentou várias dessas músicas com curtos clips animados, mas algumas foi o Peter “verdadeiro” que o fez, como “The Great Pretender” ou “Have A Drink On Me”, quando perguntou o que achávamos de blues. Antecedida por “Coming Home”, estes momentos acústicos podem abrandar a agitação mas não quebram a emoção, como foi visível nas expressões de contentamento do público.

Em 2021, em plena pandemia, saiu o single “Party In My Head”, precisamente a descrever a impossibilidade de socializar com os amigos fora da nossa mente. No vídeo, Peter aparece de roupão e foi assim que subiu ao palco para interpretá-la no início do encore – com Jonathan Olsson e Sebastian Svalland a envergar coletes brancos aplumados e largos óculos de sol, como se tivessem acabado de sair de uma festa dos anos 80. Não me recordo se Peter Pain apareceu para apresentar “Shut Your Mouth”, mas esta apresentou-se a si própria com o “toque de despertador” da introdução. Foi, claro, a última música, com Peter, Jonathan e Sebastian a engalfinharem-se no chão, tipo jogadores de futebol americano, dando assim um toque extra ao grand finale.

Texto e fotos por Renata Lino
Agradecimentos Notredame Productions


 

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