Report

WOM Report – 5 Anos, 5 Horas, 5 Bandas – Equaleft, Downfall Of Mankind, Infraktor, Cabbra, Heavy Ocean @ Hard Rock Café, Porto

5 anos de Hard Rock Café Porto – 5 bandas para celebrá-los, num evento marcado para as cinco da tarde (mas creio que o horário foi por questões de “logística pandémica”…).

O Facebook dos Cabbra descreve-os como “non-metal” mas confesso que, aos meus ouvidos, soam muito àquele metal alternativo na veia de Clawfinger. Fiquemos então com o rótulo “alternativo”. Cerca de dois meses antes deste concerto lançaram o seu EP de estreia, “Hakona Masmata” (sim, uma adaptação ao tema do “Rei Leão” – a própria capa figura um javali zombificado e o que parece ser o esqueleto de um suricate -, carregando a mesma mensagem de que todos temos o nosso próprio valor, mas musicalmente não tem qualquer relação) e tiveram aqui a oportunidade de apresentá-lo ao vivo. André Costa é um vocalista bastante expressivo, e sendo eu grande fã do som do baixo tenho também que evidenciar o excelente trabalho de Bruno Henriques neste departamento, mas toda a banda merece um selo de aprovação – mesmo depois de um determinado “prego”, de que não me teria apercebido se o próprio André não tivesse mencionado (“foi de propósito”). A nível de temas, destaco “Pretty Song”, “Sentient” e “Best Friend”.

Tenho sempre a sensação de que não é fácil para uma banda instrumental conquistar um público que não exclusivamente o seu, mas foi isso que aconteceu com os Heavy Ocean. Estavam presentes pessoas familiarizadas com o seu trabalho, sim, mas a maior parte estava à espera das bandas seguintes. Esse trabalho, à data, é composto pelo longa-duração “H/O”, e embora não saiba quais os temas que tocaram (sem partes cantadas, o microfone foi utilizado pelo guitarrista Ricardo Vasconcelos apenas para os agradecimentos a todos os envolvidos – público incluído – perto do final, não houve apresentações), vou apostar pelo menos nos dois singles, “Ten Ton Heart” e “Numb”. Do que tenho a certeza é da qualidade do post-metal que criam e de como o apresentam num palco, e de como mesmo sem palavras puxam por quem está a vê-los (em especial Tiago Oliveira, que se ergue de trás da bateria a esbracejar, incitando uma resposta sonora da nossa parte). Qualquer que seja a história por trás do nome da banda, faz jus às suas características.

Com mais material técnico para montar (e pôr a funcionar correctamente – houve um qualquer problema com um dos amplificadores), os Infraktor demoraram mais tempo do que o previsto para dar início à sua actuação. Mas quando o fizeram, o proverbial fim do mundo aconteceu (tenho a certeza que nenhuma das duas fez de propósito mas apresento aqui as minhas desculpas pelo “encontro imediato de 3º grau” entre a minha cabeça e a da mocinha atrás de mim, logo na primeira música). O atraso custou-lhes uma música (mais um concerto em que não ouvi a “Unleash The Pigs”…) mas tocaram todas as “obrigatórias” extraídas do aclamado álbum de estreia “Exhaust” (“Son Of A Butcher”, “Blood Of The Weak”, “Ferocious Intent”…) e ainda as duas mais recentes “Marked To Be Forgotten” e “Antwork”. Estas, igualmente mosher-friendly, prometem mais um álbum  thrash/death de excelência no futuro.

O “peso” subiu de tom com o slamming/symphonic deathcore dos Downfall Of Mankind. Sim, concordo que é um termo algo pomposo, mas a sua sonoridade é, de facto, mais exótica do que qualquer tipo de ‘core que por cá anda, ao meter samples orquestracionais sombrios e os mais drásticos breakdowns no mesmo saco. Gaspar Ribeiro, que a seguir subiria ao palco com os Equaleft, é quem tem estado por trás da bateria nos últimos concertos da banda, mas em “Bow To The Crown” foi o seu antecessor Diogo Mota que lembrou ao público invicto o porquê de ser um dos bateristas mais aclamados do underground nacional actual. “The Path Of Human Existence” é o EP de estreia e único trabalho publicado à data, que foi tocado na íntegra, mas têm mais truques na manga que lhes permitiu dar um concerto de uma hora requintada. Se não estou em erro, terminaram com “Beneath The Aftermath”.

Não sei se neste tipo de evento será correcto falar em cabeças de cartaz, principalmente quando todas as bandas tiveram igual tempo de antena, mas com uma carreira (e discografia) mais longa, e tendo sido a primeira a dar um concerto de metal naquele palco, em Outubro de 2019, fez todo o sentido ser o groove dos Equaleft a fechar esta festa – e fê-lo com chave de ouro. Não só por ser já a caracterização natural das suas actuações, mas porque tencionam afastar-se “da estrada” por ora, uma vez que querem dedicar-se à composição e gravação do terceiro álbum. Quem esteve presente teve a sorte de ouvir temas como “We Defy”, “Tremble” ou “Overcoming” pela última vez durante um largo período de tempo. Não houve bolo para cantar os parabéns ao Hard Rock Café, mas foi este que providenciou os húngaros que Miguel Inglês costuma distribuir, pelo que foi um final igualmente docinho.

Fotos e texto por Renata Lino


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