WOM Report – Battle Beast, Arion @ Lisboa Ao Vivo – 23.04.19
Noite de heavy metal no Lisboa ao Vivo. Não é propriamente tradicional, mas até o heavy metal tem que evoluir nos tempos. É pena é que a nossa capital ainda sofra um pouco de alergia ao som sagrado, pelo menos na hora de comparecer em eventos como este. Mas já lá vamos. Os Battle Beast regressavam a Portugal e vinham com os Arion, estreantes no nosso país. À hora prevista, as portas abriram e já se encontrava algum público que aguardava aquele que seria um grande espectáculo. No entanto o início dos concertos deu-se um pouco mais tarde que o planeado, talvez de forma a esperar que chegasse mais pessoas.
Foi então com o público algo despido que os Arion entraram em palco e… arrasaram. Desde o primeiro momento que a banda finlandesa não desarmou no ânimo e tocou como se estivesse a tocar para uma sala cheia – e acreditem, a mesma ficou cheia não só pelo entusiasmo deles como também do público que foi entusiasta durante toda a duração do seu concerto. “No One Stands In My Way”, “Punish You” (que início tão bruto, meu Zeus) foram destaques num concerto onde até se teve a oportunidade de cantar os parabéns ao baterista Topias Kupiainen (a moda dos bateristas fazerem anos quando a WOM está presente é engraçada).
A sonoridade da banda assenta no estilo tipicamente finlandês do power metal com recurso a arranjos sinfónicos, mas ao vivo fica tudo mais intenso, até mesmo um tema mais introspectivo como “Unforgivable” ou o “At The Break Of Dawn”, que encerrou a actuação da banda, que contou com as vocalizações de Elize Ryd, dos Amaranthe, em registo pista pré-gravada. Poderiam não estar lá pessoas especificamente de propósito para os receber, mas é crível que tenham saído de lá bastantes fãs, rendidos à energia e simpatia contagiante da banda finlandesa.
Mudança de palco e a sala um pouco mais composta (mas ainda longe daquilo que as bandas da noite mereciam), e a expectativa estava no ar em relação à actuação e regresso dos Battle Beast. Expectativa essa que fez com que se batesse palmas quando a intro se fez ouvir e que fez com que o entusiasmo disparasse com “Unbroken”, o tema de abertura do último álbum de originais “No More Hollywood Endings”, que foi o grande foco da noite com nove (9!) temas tocados. Revela que a banda tem confiança no seu material e se é para estarem a promover um álbum, nada mais lógico que esse seja o centro das atenções.
Pessoalmente, terei que confessar que este último álbum não me encheu as medidas mas não existem dúvidas que ao vivo estas canções ganham toda uma nova dimensão. Noora Louhimo é um autêntico dínamo, imparável na sua energia e sem falhar uma nota que seja – e ela puxou bem pela voz. Não faltaram algumas incursões ao passado com a “Straight To Hell” e “Black Ninja” a serem momentos memoráveis, onde o virtuosismo se une às grandes melodias e o público, rendido, foi atrás. Algo que teremos que referir é a forma como os Battle Beast, tal como os Arion, tocaram como se estivessem a tocar para uma casa cheia. Com uma energia e interacção exemplares.
O facto da lotação ter ficado aquém não passou despercebida à banda. Eero Sipilä, o baixista chegou inclusivamente a dizer que “não vos vou mentir mas não é o maior público que tivemos nesta tour mas isso não significa que não seja o mais alto!”. E usando a velha arma da rivalidade com a vizinha Espanha, puxou pelo público (embora confesse que tal não seria necessário). Ele viria depois a acrescentar que a primeira vez que tocaram no nosso país tinha sido para 20 pessoas, agora era para 100, para a próxima seria para 5 mil. Embora duvide da matemática envolvida, seria sem dúvida totalmente merecido.
Depois de um curto encore, viria o tema-título do já mencionado último álbum de originais, a “King For A Day” e “Beyond The Burning Skies” que acabaram de forma excelsa um grande concerto, onde a banda deu tudo pelos seus fãs, ainda que não estivessem em número suficiente. O que não nos deixa de parecer injustiça quando vemos outros concertos, em recintos maiores, com bilhetes mais caros, de bandas a tocar em piloto automático como se fosse o frete da sua vida. O heavy metal poderá andar um pouco adormecido e o público pode não ser muito, mas aquilo que está presente, sem dúvida que dignifica o nosso país.
Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
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