WOM Report – Brainstorm, Sinheresy, Glasya @ RCA Club, Lisboa – 21.11.19
Grandes expectativas que tínhamos para ver uma das grandes bandas do power metal europeu em Portugal: Brainstorm. Apesar de ser um dos nomes clássicos do género, esta seria a sua primeira visita ao nosso país e podemos desde já adiantar que foi inesquecível para todos os presentes. Contou ainda com a presença dos Sinheresy e com os nossos Glasya como bandas de abertura. Talvez não fossem as escolhas mais expectáveis em termos de proximidade estilística, mas ficou provado que por vezes arriscar um pouco também compensa e que o metal, apesar da multiplicidade de sub-géneros, é bem mais unido do que às vezes pensamos.
O festim metálico começou com os Glasya, em todo o seu esplendor sinfónico. A banda tem uma presença de palco muito forte e muitos dos presentes fizeram questão de estar lá para os apoiar – apoio totalmente merecido pela forma como a banda agarrou a actuação. É inegável a qualidade de “Heaven’s Demise” (já deixámos isso bem claro na review que lhe fizemos) e a transposição para o palco só faz com que esses temas tenham mais impacto. Som equilibrado, com as guitarras e os teclados bem audíveis e com a voz a tomar o devido centro das atenções. Eduarda Soeiro tem um vozeirão impressionante e conquista qualquer um, mesmo aqueles que não seja particularmente fãs do género sinfónico. O tema-título do já mencionado álbum de estreia, assim como “Glasya” assim como “The Last Dying” são alguns dos destaques deste grande concerto.
De seguida os Sinheresy, que, de certa forma, até tinha mais em comum com os Glasya do que com os Brainstorm. Com dois vocalistas dinâmicos, Cecilia Petrini e Stefano Sain, infelizmente a sua prestação não nos impressionou, embora admitimos que seja quase exclusivamente pelo som que tiveram direito, com uma mistura desequilibrada. Com todos os instrumentos com um volume que não permitia que se destacassem da bateria, só alguns pormenores se revelaram quando Simone Morettin fazia uma pausa no ritmo. Um desses pormenores eram as pistas pré-gravadas com elementos electrónicos. Apesar disto, a opinião geral do público era de satisfação e empolgamento em temas como “Facts, Words, Sand, Stone” e “Immortals” e a banda ficou genuinamente contente por este regresso ao nosso país.
Era a vez dos senhores da noite e o RCA parece que se encheu de repente, com um público ávido por power metal. E foi isso que teve. Em grande. Um entrada fulgurante com “Devil’s Eye”, o primeiro tema da novidade “Midnight Ghost” foi o que bastou para que o público ficasse logo agarrado – se é que não estavam logo até mesmo antes da entrada. A banda não escondeu, por diversas vezes que se tratava de uma noite especial para eles, visto ser a primeira vez que tocavam no nosso país, um tópico que surgiu muitas vezes por um Andy B. Frank bastante afável e cativante. O entusiasmo do frontman era partilhado por toda a banda.
Em relação ao som, nada a apontar (a não ser talvez alguns problemas com os pratos da bateria que foram precisando de ajuste ao longo da noite – testemunho do poder Dieter Bernert na arte de castigar as peles), com todos os instrumentos a ouvir-se na perfeição. E se a banda conquistou facilmente o público, podemos dizer que o inverso também aconteceu igualmente rápido. Muito graças à forma como temas novos (“Jeanne Boulet (1764)” com uma melodia marcante que o público pegou e cantou de forma algo surpreendente para a banda) e aos temas mais clássicos (“Firesoul”, um dos temas da noite).
Após a banda sair do palco por pouco tempo, para a dança do encore, Andy B. Franck entrou sozinho e aproveitou para ir chamando cada restante membro da banda ao palco, apresentando-o ao público e recolhendo assim a devida e merecida aclamação. “Fire Walk With Me” e “Under Lights”, onde Andy meteu o público a cantar mais do que uma vez, terminaram uma noite de festa metálica memorável e uma estreia em grande, não deixando de referir que estariam de volta. E para todos os que ainda são cépticos, sim, há espaço para o metal tradicional no panorama dos espectáculos em Portugal. Só é preciso apostar como a Metal’s Alliance sabiamente apostou.
Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Metal’s Alliance
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