Report

WOM Report – Godiva, Pitch Black, Glasya, Godark @ Hard Club, Porto – 13.05.23

“Tão aguardado álbum” pode soar a cliché, mas dado que os Godiva formaram-se em 1999 e quase dez anos depois, mais coisa menos coisa, tiraram uma licença sabática que durou outros tantos, não há melhor expressão para definir o lançamento de “Hubris”. Este aconteceu a 3 de Fevereiro e seguiram-se vários concertos de apresentação – em território nacional e também Europa fora (não “além fronteiras” para que não pensem que foi só Espanha, porque não foi) – e o Porto recebeu-os, no Hard Club, a 13 de Maio. Festa que se preze agrada a gregos e a troianos, pelo que os Godiva convidaram três bandas de géneros distintos, mas com quem não deixam de ter algo em comum: a parte death metal do melódico dos Godark; a parte sinfónica dos Glasya; e com os Pitch Black não partilham uma veia thrash mas sim o “berço da velha guarda”.

Depois de lançarem “Forward We March” em plena pandemia, os Godark estavam (e ainda estão) a vingar-se da impossibilidade na altura de promover o seu álbum de estreia devidamente, levando-o agora a vários pontos nacionais e internacionais (não foram com os Godiva, mas também andaram lá por fora). As festas de lançamento foram no Porto, em Julho de 2021, mas creio que esta foi a primeira vez que a Invicta teve oportunidade de fazer rodinhas ao som de “Miserable Noise” ou “No Future No Mercy” – além da sonoridade convidar a isso, toda a postura da banda, em especial do vocalista Vítor Costa, torna impossível a que, pelo menos, não se abane a cabeça com força.

Já os Glasya esperaram por melhores dias para lançar o seu segundo álbum, “Attarghan”, e têm recolhido os devidos louros desde a sua edição em Fevereiro do ano passado. O baixista Ivan Santos não pôde estar presente neste concerto, mas o multi-facetado André Matos – acho que não é preciso dizer que é o guitarrista dos Godiva (entre outros) mas pelo sim, pelo não, aqui fica a informação – subiu ao palco no seu lugar. Confesso que não conheço o trabalho dos Glasya o suficiente para dizer se ele cometeu algum erro ou não, mas estavam presentes vários fãs da banda, vestindo t-shits para não deixar dúvidas qual a banda que mais os levara ali, e pareceram aprovar o desempenho – especialmente depois de Eduarda Soeiro ter dito que tinham ensaiado apenas uma vez juntos. Mas a verdadeira convidada da noite foi Sandra Oliveira dos Blame Zeus, o seu timbre vigoroso a contrastar e completar na perfeição o tom mais lírico de Eduarda em “First Taste Of Freedom”.

Quando “me apaixonei” pelos Pitch Black, eles já levavam quase 10 anos de estrada; é com enorme prazer que hoje, mais de 18 anos após esse amor à primeira audição, constato que continuam a pôr o “H” no thrash metal. A voz de Nuno Quaresma é crua, trazendo de volta a agressividade primordial da banda a temas como “Standards Of Perfection” (ainda hoje uma das minhas preferidas) ou “Divine Not Human”. Mas também “Built For The Kill” e “Third World Puppeteers” foram máquinas do tempo, não pela idade (cerca de dois anos e meio) mas pelo cunho old school a que os Pitch Black nos habituaram.

Parece estranho falar em “apresentação” quando já se ouviu, em concertos anteriores, músicas como “Empty Coil”, “Media God” ou “Death Of Icarus”; mas também sabemos que há algo de especial em ouvi-las na festa de lançamento do tal longa-duração de estreia dos Godiva. Nem foi a banda “a dar mais”, pois em todas as actuações que presenciei, a performance teve a mesma entrega, a mesma competência… Okay, nos primeiros, após tantos anos longe dos palcos, Pedro Faria estava algo enferrujado e desconfortável – em termos de postura, não de vocalização, entenda-se -, mas entretanto já recuperou o á-vontade de outrora e as suas expressões corporais e faciais dão toda uma nova vida à imagem que adoptaram após o seu regresso. E partilhar este marco na carreira dos Godiva foi o que deu outro significado a todos os momentos deste concerto.

Texto e fotos Renata Lino
Agradecimentos Godiva


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