WOM Report – Possessed, Burn Damage @ RCA Club, Lisboa – 18.06.19
Esta seria uma noite especial e memorável. Poderiam haver muitos motivos para que a mesma pudesse ficar de alguma forma beliscada. Primeiro, com o problema na bateria do tourbus que iria trazer as bandas a Portugal – e que iria provocar o regresso a casa antecipado dos Nordjevel, uma banda que também iria trazer muitos interessados a esta noite de celebração de um dos grandes e históricos nomes do metal extremo: Possessed. Segundo, com a chuva que castigou todos os que estavam na fila que virava o quarteirão do RCA Club e que nos fazia pensar aquilo que passamos pela música que tanto gostamos. Claro que este segundo ponto parece coisa de crianças mas nestes dias em que as pessoas nem se dão ao trabalho para poupar um pouco e sair de casa para apoiar a música que gostam, acaba por ter mais relevância do que a desejável. Perderam-se os Nordjevel, mudou-se o horário mas os nossos Burn Damage continuavam a ser a banda de abertura.
E que abertura. A banda lisboeta que está neste momento a trabalhar em novos temas, surgiram em palco com tudo, uma entrada verdadeiramente bruta e com um som dos mais poderosos que já lhes ouvimos. Ficou patente a direcção criativa futura da banda pela amostra de “Vortex”, o novo tema com que abriram a sua actuação e que estabeleceu o mote para a brutalidade que Inês Freitas e os seus companheiros já nos habituaram. Uma evolução que é bem clara mesmo quando apresentam temas que todos já conhecemos como “Refugee”, “Slaughterhouse Of Cowards” e “Total Chaos”. Irrepreensível entrega que não passou ao lado de uma RCA Club já cheio.
Após o final da actuação da banda portuguesa, era a altura de mudar e preparar o palco para a vinda dos pais do death metal. Um processo que não demorou muito mais que o normal mas que depois se prolongou devido a todo o atraso que a banda teve em chegar ao local. O RCA Club estava cheio e alguns fãs um pouco mais impacientes revelando alguma falta de respeito quando Inês dos Burn Damage subiu ao palco por duas vezes para (tentar) pedir um pouco de paciência devido à condição física de Jeff e explicar a situação e praticamente não lhe permitiram ser ouvida – principalmente da primeira tentativa. A música de fundo algo alta também não ajudou. Entretanto foi pedido que se abrisse um corredor entre as primeiras filas de pessoas em frente ao palco e o restante público para que Jeff pudesse subir ao palco. E foi assim que uma lenda viva subiu ao palco do RCA.
Podemos andar nisto há muito tempo, podemos verificar muita simpatia e simplicidade pelos actos dos nossos ídolos mas nenhum deles bateu a entrega e felicidade por estar num sítio como a de Jeff Becerra demonstrou em Lisboa. Desde o primeiro momento, em “No More Room In Hell” (em que pareciam ter sido abertas mesmo as portas do Inferno), que o vocalista foi um exemplo de como se conectar a um público. E ainda assim pediu desculpa, referindo que tinha muitas coisas a dizer ao nosso público mas que como o tempo era apertado, ia concentrar-se mais na música. E assim foi. Uma banda extremamente sólida onde todos, todos eles, demonstraram um nível de coesão único com as guitarras (a cargo de Claudeous Creamer e Daniel Gonzalez a brilharem mas o baixo de Robert Cardenas e especialmente a bateria de Emilio Marquez a não ficarem atrás.
Passando por quase todos os clássicos e, claro, pelo mais recente e excelente “Revelations of Oblivion” (nosso álbum do mês), essa simpatia foi uma constante. Jeff aproximou-se múltiplas vezes da linha da frente do público para cumprimentar quem estava ao alcance, assim como para distribuir água e refrescos (estava um calor infernal) e palhetas. E os clássicos? Ouvir malhões como “The Heretic”, “The Eyes Of Horror”, “The Exorcist” e a inevitável “Death Metal” com a voz de Becerra e a interpretação da grande banda que hoje em dia compõe os Possessed foi algo certamente marcou todos os presentes.
Impressionante a forma também como o público reagiu a esses e aos novos temas, incansável e com moshes violentos, circle pits, crowd surf que iam desaguar ao palco, onde Jeff os recebia e depois voltavam a partir com stage divings que eram dignos de ser apreciados, minimizando com energia (carinho para Jeff) a impaciência quase infantil que tinha sido demonstrada minutos antes por parte desse mesmo público. Energia foi algo que não faltou ao longo de cerca de noventa minutos e mesmo assim, depois de esgotada a setlist preparada para o evento, o público e o próprio Jeff queriam mais. Jeff entrou numa espécie de negociação (pouco comum acrescente-se) com o resto da banda para tocar a “My Belief”. Foi um final à altura de um concerto que apesar de todas as condicionantes definitivamente superou todas e quaisquer expectativas. E elas estavam bem altas. O que é que se diz a algo que não se esquece? Ah, é isso, histórico.
Texto Fernando Ferreira
Fotos Sónia Ferreira
Agradecimentos Hellxis Agency
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“Um problema na bateria do tourbus”
Ora bem, eu estava na fila quando chegou um autocarro com matrícula Alemã (“D” de Deutschland) e que estacionou mesmo junto a mim, no entanto não sei se foi nesse autocarro que houve o tal problema na bateria.
A bateria para autocarro tem 24 Volts e 350 Amperes aproximadamente, força mais que suficiente para dar impulso ao motor de arranque e colocar o motor do autocarro a funcionar, só não entendo como é que a empresa que alugou o autocarro não verificou uma bateria que até pode estar “viciada”?
Uma coisa que aprendi antes de fazer uma viagem foi a VERIFICAR TODOS OS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS num veículo, ou seja, verificar a carga da bateria e viajar sempre com o multímetro (isto para quem percebe o mínimo de electrónica e uma boa bateria deve de apresentar 12,75 Volts), verificar todos os óleos existentes no veículo (óleo do motor, da transmissão, da caixa de velocidades, da direcção assistida, dos travões), verificar pastilhas e calços para os travões, verificar todos os filtros (do combustível, do óleo, do ar).