WOM Report – Rock In Amadora @ Parque Zambujal, Alfragide – 08.09.2018
O Rock In Amadora já tem uma boa tradição de proporcionar uma festa anual e esta sétima edição não foi excepção, com quatro excelentes nomes da nossa música, cada um com o seu estilo muito distinto. O intuito do festival é desde o início de homenagear a rica tradição musical do concelho da Amadora e em conjunto com a Associação Amadora Passado Presente e a Junta de Freguesia de Alfragide materializam não só esse objectivo como também têm os pés assentes no presente e no futuro e é graças a iniciativas destas que isso acontece.
Infelizmente não conseguimos chegar a tempo da actuação dos Contrasenso que tão boa impressão já nos tinham deixado no Casaínhos no início do mês, mas deu para notar o grande impacto e animação que provocaram no público que se encontrava lá. A eles as nossas desculpas, que merecem a nossa (ou de quem quer que seja) devida atenção, um dos grandes nomes do punk/rock nacional.
A banda que se seguiu foi uma que temos tido a oportunidade (e honra) de acompanhar, tendo sido uma das nossas primeiras convidadas para a rubrica da nossa revista, Garage World, e sendo já esta a terceira ocasião que temos de vê-los actuar: os Dogma. E começa a ser um lugar comum, vê-los a actuar e sentir que estão cada vez mais coesos e fortes em cima de um palco. Temas como “Criação” e “A Rosa”(nossos favoritos) batem cada vez com um impacto avassalador, embora tenhamos notado que o público talvez estivesse um pouco mais apático – reconhecemos também que o seu som não é propriamente imediato embora a sua beleza seja inquestionável.
Não só fomos levados ao mundo de metáforas dos Dogma (presente no álbum de estreia “Reditum”, um dos nossos álbuns do ano de 2017), ilustrado de forma perfeita pela dupla de vocalistas Isabel e Gonçalo, como também fomos presenteados pela também a excelente versão de “A Vaca de Fogo”, original dos Madredeus, que foi “Dogmatizada” da melhor forma. A finalizar ficou a já inevitável “Anjo Caído” que ficou também marcada como sendo a última música tocada pela banda com Rui Nunes na bateria. Uma despedida mais que apropriada.
Tínhamos uma enorme curiosidade para vermos finalmente os Hourswill. Não só foram responsáveis por um dos melhores álbuns de metal progressivo de 2017, “Harm Full Embrace”, como também são um dos nomes nacionais dos quais temos tido muito bom feedback em relação aos seus concertos. Bem, pudemos comprovar pessoalmente que esses relatos não são exagerados. Sendo o primeiro trabalho com Leonel Silva – que esteve sempre muito comunicativo e divertido nas vezes em que se dirigiu ao público – o mesmo surge perfeitamente integrado na banda, não levando sequer a pensar que não seria o vocalista original.
A banda tocou o já referido último álbum de originais quase na íntegra com Leonel a explicar o sentido de cada um dos temas sempre com grande sentido de humor, algo que não só fez com que entrássemos ainda mais no seu mundo com que a música fosse sentida ainda com mais intensidade – música essa que é representativa do melhor que se pode fazer com a mistura do heavy metal com o progressivo. Seja na Amadora (de onde a banda é originária, excepção feita a Leonel Silva que vem da Margem Sul) ou em qualquer outra parte do mundo.
A noite já estava a chegar ao final, ficando reservado para último os Corvos, que comemoravam os vinte anos de carreira – eles que começaram numa sala de ensaios a poucos quilómetros do Parque Zambujal, onde o concerto se estava a realizar. Apesar de ser música instrumental, algo que acreditamos que não tenha um impacto tão grande em certas ocasiões, a verdade é que a beleza de temas como “Quando Eu Morrer” e “Satan de Caxemira” é inegável.
Tiago Flores foi o mestre de cerimónias que conduziu o público até ao mundo muito próprio dos Corvos, mundo esse que incluiu também os Nirvana (com a “Smells Like Teen Spirit”), U2 (com a “Sunday Bloody Sunday” – que Tiago confessou que havia por parte da banda planos para fazer um álbum inteiramente dedicado à banda irlandesa mas que por motivos de dificuldades burocráticas, o álbum teve que ficar na gaveta) e, claro, Xutos & Pontapés, banda que foi o primeiro foco dos Corvos (“À Minha Maneira” e já em regime de encore “Homem do Leme/Tudo Para Ti Maria” e “Contentores”) e que encerrou com chave de ouro uma actuação forte.
Para a despedida elementos de todas as bandas e da organização subiram ao palco para cantar aquele que é o hino (improvisado ou não, não sabemos) do Rock In Amadora, deixando a promessa que o mesmo estaria de volta para o ano que vem. Nós fazemos a mesma promessa, já que esta é uma festa da qual nos orgulhamos de fazer parte e de estar presentes como parceiros. Na Amadora, a música (seja de que estilo for) é cultura que é importante espalhar e conservar. Não sendo caso único no nosso país, seria algo bom de verificar noutras localidades, ou até por entidades de responsabilidades nacionais.
Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Rock In Amadora
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