WOM Report – Silveira Rock Fest @ CDR “Os Silveirenses”, Famões – 15.09.2018
Foi com muito agrado que quando chegámos ao recinto do Silveira Rock Fest nos deparámos logo com uma boa mole humana. O ambiente familiar e de convívio era o que esperávamos encontrar, algo que nos faz sentir logo imediatamente em casa – apesar de sermos parceiros oficiais, a nossa posição coloca-nos sempre do lado de lá, dos fãs ou não fosse este um projecto de fãs para fãs. Não só um espaço onde existem bons concertos mas principalmente onde se encontram (e reencontram) amigos de longa data. E quando falamos em longos concertos, não estamos a exagerar. Tivemos cinco deles, verdadeiramente épicos. Vamos dissecar cada uma delas e tentar transmitir o espírito vivido embora saibamos que em alguns casos… o melhor é mesmo estar lá.
A animação musical começou com os All Against cujo início da actuação atrasou substancialmente, tendo o soundcheck demorado algum tempo. Apesar da demora, o pessoal estava entretido na conversa, pelo que não havia muita impaciência pelo início. E se houve alguém que ficou mais aborrecido, o poder que a banda lisboeta espalhou pelo palco do Silveira Rock Fest assim que começaram a tocar. definitivamente compensou. A banda tem efectuado um trabalho sólido de evolução e em cima do palco é uma máquina trituradora temível. “Rise And Fall” e “Silver Bullet” trataram logo de fazer as apresentações para quem não sabia ao que vinha. O calor infernal que se fazia sentir dentro da pequena sala condizia com a energia que foi deitada cá para fora. Apesar disso, o público parecia estar algo tímido inicialmente mas foi incapaz de resistir ao bailarico thrash provocado por temas como “All Against” e “Feed The Machine” – tema título ao novo EP com saída apontada para 29 de Setembro. Ainda pudemos também ouvir “Strip You To The Bone”, (o single de avanço do já mencionado EP). A propósito destes dois temas, podemos dizer que ao vivo são sem dúvida um destaque, e que também nos deixam excelentes indicações para o futuro criativo da banda. Uma verdadeira festa thrash com uma banda que aos poucos deixa de ser uma promessa e começa a ser confirmação. De certeza que conquistou mais alguns fãs.
A segunda banda a subir ao palco do Silveira era substancialmente diferente. Já tivemos bastantes oportunidades de ver os Inner Blast ao vivo mas esta foi a primeira vez que o fizemos com a banda em formato quarteto, já sem a teclista Mónica, que já não faz parte da formação. Com alguma curiosidade fomos surpreendidos de forma agradável à rendição da banda a temas como “Darkest Hour” e “Wings Of Freedom” que apesar de soarem mais crus por um lado, soam mais urgentes e pesadões, com a guitarra a ter o papel principal tanto nas melodias como na agressividade, um pouco à semelhança do papel da voz de Liliana, que esteve especialmente sólida na sua abordagem às músicas. Não sabemos se esta formação será para manter mas se for, o impacto da sua música ao vivo definitivamente não se perde. Uma grande actuação apoiada sobretudo no último álbum, “Prophecy” e que superou as nossas expectativas, conseguindo agradar a todos, mesmo com um calor digno dos infernos, como Liliana a certa altura referiu. Ficamos (ainda mais) curiosos em relação ao futuro dos Inner Blast.
Se o calor até agora não tinha dado tréguas, e sabendo que eram os Prayers of Sanity os senhores que se seguiam, só fez antecipar mais uma nova frente de ar escaldante para bafejar o Silveira. Preciosos os momentos cá fora, onde estava bem mais fresco e agradável e que serviram de preparação para o festim thrash metal que lá dentro teria lugar. A banda algarvia encontrou inicialmente alguns percalços técnicos, com um falso arranque no primeiro tema, “Dead Alive” onde a guitarra de Tião falhou. Nada que impedisse a festa tivesse lugar. E que festa! Circle pits com fartura, praticamente obrigados ao som de grandes malhas da banda algarvia focando sobretudo o último álbum “Face Of The Unknown”, embora também tivessem apresentado alguns destaques dos anteriores “Confrontations” (com o tema-título, que provocou um reboliço a condizer com a temperatura, ou seja, infernal, e com a “The End Of All”) e “Religion Blindness” (também com o tema-título, que segundo Tião, a ser como tudo começou, e a Evil May Die”). A média de intensidade dos concertos estava bem alta e a raça dos Prayers Of Sanity ajudou muito a esse resultado assim como as fortes reacções positivas que provocaram.
Três bandas, três grandes concertos. Com os Dollar Llama a serem os próximos no alinhamento, não haviam muitas dúvidas em relação ao que iríamos ter. Já os vimos em palcos maiores, já os vimos em palcos mais pequenos, e o resultado foi sempre um actuação cheia de poder e bastante suor, por parte da banda e do público. O que se teve no Silveira Rockfest não foi excepção. Com um som cheio de músculo, não seria expectável a forma como o público reagiria ao stoner/southern rock/metal da banda: constantes circle pits e até stage-divings a partir do palco – poderá não parecer algo digno de nota, mas tendo em conta que o palco estava apenas a um degrau de altura da plateia, não deixou de ser algo interessante de verificar. Tiago Simões esteve o dínamo habitual, indo muitas vezes cantar para o meio da plateia, sempre a incentivar o público – alguns nem precisavam de incentivo e subiam para o palco, ficando a “dançar” por alguns momentos. Isso aliado a malhões como “Grand Union”, “Jaws” e “Semigod” é uma mistura explosiva que só poderá dar bons resultados. E efectivamente deu. Como tem sido hábito, “Juggernaut” foi o grande destaque com “Semigod”, “Stagefires”, “Nails” e “Stagefires” que proporcionou um crowdsurf a Tiago, como despedida. Um concerto para ficar na história do Silveira.
O calor já tinha atenuado mas ainda faltavam os The Temple para finalizar o cartaz, eles que são uma das bandas históricas do nosso underground, apesar de contarem ainda com três álbuns, com algumas diferenças assinaláveis entre si. Curiosamente, em cima do palco, essas diferenças passam quase despercebidas, muito graças à enorme experiência e classe da banda. No entanto, apesar dessa classe e experiência, o concerto não fluiu da melhor forma devido a duas quebras de luz (e havendo alguns problemas no som da guitarra de Tiago Menaia posteriormente) – algo que a banda tentou contornar e conseguiu na nossa opinião, mantendo a energia e os níveis de entusiasmo bem elevados.
Claro que malhões como “Fightbull” (que teve direito a wall of death) e “War Dance” a isso ajudam – este último é sempre arrepiante, pela forma como a percussão toma o centro das atenções e todos os membros (excepção feita ao baixista Pedro Marques) rodeiam-se à volta da bateria, apesar de, neste caso, o espaço ser bem apertado para tal. Um espírito fantástico, de festa a que foram acrescidos o grande clássico da música rock nacional, “Budapeste” dos Mão Morta, com uma roupagem bem mais pesada e moderna. A banda esteve toda no seu melhor mas uma palavra tem de ser dada ao animal de palco que é João Luís, sempre muito comunicativo com o público e expressivo a cantar, aquilo que mostra que vale a pena sairmos de casa, para vermos bandas que vibram e que nos fazem vibrar com a sua música que é tudo menos algo descartável. Os The Temple despediram-se com “Millionaire”, e fecharam em grande mais um Silveira Rock Fest que poderá ser pequeno de dimensões mas é gigante de alma. Onde a música e a festa falam sempre mais alto, o suficiente para ficar gravado na nossa memória por uns bons anos. Nota ainda para o trabalho incansável dos Rock’N’Raw Estúdios que trataram do som e tentaram colmatar e superar todas as dificuldades que foram existindo. O sucesso do Silveira também a eles é devido.
Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Silveira Rockfest
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