WOM Report – Steven Wilson @ Altice Arena – Sala Tejo, Lisboa – 15.01.2019
Depois de Portugal ter recebido o primeiro concerto da tour de “To the Bone”, o mais recente álbum de originais de Steven Wilson, o músico inglês regressou agora quase um ano depois para iniciar uma nova ronda de concertos na Europa. Ficava assim a dúvida sobre quais seriam as diferenças deste concerto com o de 2018. A banda continua com a mesma formação composta pelos inevitáveis Nick Beggs e Adam Holzman no baixo e teclados respectivamente, Craig Blundell na bateria e Alex Hutchings na guitarra.
Às 21h com uma Sala Tejo bem preenchida iniciava-se o vídeo “Truth” com que os concertos desta tour têm começado. São projectadas imagens numa tela (situada entre a banda e o público) com palavras que normalmente poderíamos associar a essa imagem ao mesmo tempo que ouvimos música de elevador. Ao longo do vídeo a musica vai desvanecendo e sendo trocada por um som de teclado grave ao mesmo tempo que as mesmas imagens vão passando cada vez mais rápido mas com palavras trocadas e fazendo cada vez menos sentido. Uma espécie de vídeo informativo dos anos 50 que se torna cada vez mais desconcertante.
Já com os músicos em palco, a banda iniciou com “Nowhere Now” e “Pariah”. Como já tinha sido possível verificar á um ano atrás ambos os temas funcionam muito bem ao vivo. Seguiu-se uma passagem pelo brilhante “Hand. Cannot. Erase.” com a combinação de “Home Invasion” e “Regret #9”, e já no fim deste set voltaríamos ao álbum de 2015 com “Ancestral”. Tal como tinha vindo a ser feito ultimamente a primeira recuperação de um tema dos Porcupine Tree veio com a groovy “The Creator Has a Mastertape”. Ainda na primeira parte houve espaço para uma conversa um pouco mais longa com o publico, algo que Steven Wilson aprecia sempre fazer. Aqui o tema caiu sobre a ausência da guitarra na música mainstream actual, e sobre como se vê muita gente a querer tocar muitas notas rapidamente, e a fazer música com a cabeça mas sem o coração. Isto também serviu para falar sobre o quanto é “sexy” tocar um solo sem olhar para a guitarra como se ela apenas fosse uma extensão de nós, e que seria exactamente isso o que ele tentaria fazer no solo de “The Same Asylum As Before”, com sucesso diga-se. Mais uma vez este tema mostrou ser um dos melhores do mais recente álbum de originais do músico inglês.
Com o espectáculo dividido em duas partes (com um intervalo de 20 minutos pelo meio) esta primeira parte acabou por ser muito semelhante ao concerto de 2018 apenas trocando “People Who Eat Darkness” por “The Same Asylum as Before”.
Depois do intervalo a banda regressaria ao palco para um novo set agora um pouco diferente, recuperando logo temas dos dois primeiros álbuns de originais de Steven Wilson, com “No Twilight Within the Courts of the Sun”, seguido de “Index” na versão alternativa que a banda tem vindo a tocar ao vivo e que tem o efeito de tornar esta música ainda mais desconcertante. Num género de reviravolta musical de 180 graus, seguiu-se “Permanating” a musica mais pop e alegre de toda a discografia do músico inglês, que infelizmente desta vez não teve direito a bola de espelhos. Se existiu algum desagrado quando o tema saiu em 2017, ao vivo isso não se notou em nenhum dos dois concertos no qual a música foi tocada, com o publico a saltar, dançar ou simplesmente a abanar a cabeça. Num tom mais sóbrio “Song of I” mais uma vez provou ser outro dos destaques do álbum mais recente de Wilson, com um vídeo de uma bailarina a ser projectado na tela que mais uma vez surgiu entre a banda e o público, que cria um efeito bastante interessante. Depois da obrigatória “Lazarus”, chegou talvez o ponto menos interessante da noite com “Detonation” uma musica que definitivamente não me convenceu nem em álbum nem ao vivo, seguida de “Song of Unborn”. Para o fim do segundo set ficaram reservadas o excelente instrumental “Vermillioncore” e mais um clássico dos Porcupine Tree, “Sleep Together”, uma música que ganha um novo peso ao vivo.
Para encore Steven Wilson guardou duas surpresas, “Blackfield” da banda com o mesmo nome que tem com o israelita Aviv Geffen, uma homenagem a Prince “Sign O’ the Times”. A noite terminou da melhor forma tal como no ano anterior com a recuperação da excelente “The Sound of Muzak” e “The Raven That Refused to Sing”.
Quando falamos de Steven Wilson e dos músicos que o acompanham, falar da qualidade do concerto em termos musicais é quase escusado. Nesse aspecto foi uma noite brilhante como já seria de esperar. Alex Hutchings mostrou mais uma vez que foi uma excelente escolha para um lugar que já foi ocupado por guitarristas tão diferentes como Dave Kilminster ou Guthrie Govan. Holzman é um mestre nas teclas que teve vários grandes momentos durante a noite, e a secção rítmica está igualmente muito bem entregue a Craig Blundell que é um verdadeiro “animal” na bateria, e ao inevitável Nick Beggs em baixo e Chapman Stick.
Notou-se um grande aumento de confiança a tocar os novos temas em relação ao concerto de 2018, ao fim de um ano em tour estávamos perante uma máquina extremamente bem oleada, que proporcionou duas horas e meia do melhor rock progressivo. O intervalo entre concertos pode ter sido mais curto do que o normal, mas a qualidade do concerto e a forma como o publico português respondeu na Sala Tejo mostraram mais uma vez que foi uma excelente aposta.
Texto por Filipe Ferreira
Fotos por Filipa Nunes
Agradecimentos Prime Artists
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Não concordo com a Detonation ser a pior do álbum e a The Same Asylum as Before ser das melhores!! Mas são opiniões.Boa reportagem e grandes fotos!!!!!!!!!!!!
Obrigado João!