Report

WOM Report – Ugly Kid Joe, The Quartet Of Woah!, Pink Pussycats From Hell @ Lisbon Tattoo Rock Fest, Altice Arena Sala Tejo – 01.12.19

Temos a noção de que o Lisbon Tattoo Rock Fest tem crescido de ano para ano e sem ter conhecimento de números oficiais, a nossa percepção é que a edição de 2019 continua a tendência de crescimento, conseguindo atrair os aficionados de tatuagens assim como os apreciadores de música, do rock ao hardcore. No último dia e para fechar em grande, era a vez de três propostas musicais distintas mas que todas tinham em comum o amor ao rock. Apesar da convenção abrir ao meio dia, e começando logo com a exibição de Body Paint e de Play Piercing e mais tarde com a performance da Ascendus – Body Suspension Activities.

O certame das actuações começou com os Pink Pussycats From Hell, um dos grandes projectos rock do nosso panorama underground e com um álbum de estreia que nos marcou (podem ler a review aqui), “Hell-P”. Inicialmente a plateia até estava algo despida mas a energia que transparecia do duo composto por Danger Rabbit na bateria (que surge vestido a rigor, com uma vestimenta que lhe devia ter feito perder alguns quilos em transpiração, dada a energia com que castigava o seu kit) e Mighty Hunter na guitarra e voz (que por sua vez tinha a máscara de ski que garantia o anonimato) cedo chamou mais pessoas para junto do palco principal na Sala Tejo para vê-los a rockar como gente grande. Uma autêntica lição de como o género deve ser tratado.

Imediatamente de seguida, no palco do palco oposto, começou a actuação das artistas residentes do festival (tendo actuado todos os dias) The Fuel Girls. Sempre um espectáculo digno de menção e que só pecou por nos parecer curto – e se tivesse sido no palco principal, o impacto certamente seria maior mas as contingências de espaço e tempo certamente que não permitiram de outra forma.

Contigências de tempo porque logo de seguida no palco principal teríamos o último concurso de tatuagens (também algo que ocorreu nos outros dois dias da convenção) e onde foram eleitos os melhores trabalhos de tatuagens não só das inscrições no próprio dia nas categorias Colour, Neo Tradicional, Portrait, Best Of Day (ou seja trabalhos feitos no próprio dia que não tivessem incluídos em nenhuma das outras categorias). Depois ainda foram eleitas as melhores tatuagens de todo o evento. Não esquecer que a inscrição de cada trabalho (de valor de 5€ ) reverteu a favor da área de pediatria do Hospital Dona Estefânia.

Nove horas e era a chegada a hora de revermos os The Quartet Of Woah! (a última vez foi há mais de dois anos, quando abriram para Graveyard), numa altura em que o seu segundo trabalho, auto-intitulado, ainda estava fresquinho. Desse álbum tivemos apenas o épico “Days Of Wrath” com que encerrou o alinhamento que nos soa sempre curto. A banda recaiu previsivelmente nas canções mais curtas imediatas de “Ultrabomb” mas também, logo a começar, apresentaram um tema novo do próximo álbum de originais que nos deixou com expectativas positivas em relação ao futuro. Irreverentes e energéticos , a banda portuguesa, apesar de algumas dificuldades no som (que nos pareceu estar demasiado alto e com alguns problemas técnicos principalmente na guitarra de Gonçalo Kotowicz, deu um grande concerto, tendo até impressionado Whitfield Crane dos Ugly Kid Joe que pediu um aplauso para a banda a meio da actuação dos Ugly Kid Joe.

Já os norte-americanos foram a banda da noite, sendo que estavam lá todos para ouvir novamente os temas antigos. É inevitável que a nostalgia tenha um grande impacto na geração que acompanhou a época dourada da música pesada (quando esta chegava ao mainstream sem dificuldades) da década de oitenta e noventa, e na Sala Tejo viu-se muitos pais com os filhos – algo que Crane chamou a atenção, tendo até pedido ao público para cantar os parabéns a uma criança que completava os oito anos. Com ou sem nostalgia, esta banda marcou o hard’n’heavy, muito graças a um enorme álbum chamado “America’s Least Wanted”, que foi o mais convocado para o alinhamento.

O início deu-se com a intro de “Menace To Sobriety” e assim que Crane entrou em palco, avançou-se logo para a “Neighbour”, com o público a cantar em uníssono os versos e refrão, tendência que não abrandou com “Madman”. A banda evidenciou-se bastante divertida e feliz por ali estar mas mais do que isso, por estar ali tanta gente para os ver. Muitas brincadeiras entre a banda, revelando que apesar de a actividade ao vivo da banda não ser propriamente intensa, a química está toda lá. Mais incrível a química com o baterista Cam que estava a substituir Zac Morris, baterista da banda, que não pode estar presente – aliás, o concerto quase não se realizaria não fosse o facto de Cam ter aprendido as músicas todas a tempo do compromisso com o Lisbon Tattoot Rock Fest.

A química com o público também foi impressionante, não só pela forma como este reagiu a temas como “Panhandlin’ Prince”, “Cat’s In The Cradle”, “GodDamn Devil” e “So Damn Cool” mas pela forma como receberam a banda de braços abertos, tornando o festa ainda maior. A banda ainda tocou três temas do EP “Stairway To Hell”, que foram bem recebidos apesar de se notar que eram desconhecidos para o público, deixando de fora curiosamente o terceiro e quarto, e último álbum, “Uglier Than They Used To Be” (isto sem contar com a versão de Motörhead, “Ace Of Spades” que foi anunciada por Whitfield Crane ao constatar a quantidade de pessoas que tinham tshirts de Motörhead entre o público).

A recta final noite foi com uma versão longa da “Funky Fresh Country Club”, com direito a duelo de guitarristas (na realidade foi a segunda vez que aconteceu, com Dave Fortman a conseguir equilibrar mais que uma vez um copo de cerveja cheio em cima da cabeça enquanto tocava), mas o tempo apertava para o fecho que estava previsto para a meia noite, e uma “V.I.P.” que não foi mais que um aquecimento para a “Everything About You”, que colocou um ponto final numa grande noite onde banda e público saíram certamente com as expectativas que tinha completamente superadas. Chave de ouro para um evento que é cada vez mais obrigatório

Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Hell Xis Agency e Lisbon Tattoo Rock Fest


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