Review

WOM Review – Haissem / Mons Veneris / Melquiades / Perpetual

Haissem – “A Sleep Of Primeval Ignorance”

2022 – Satanath

Regresso desta one-man band ucraniana criada por Andrey Tollock que tem conseguido manter uma consistência e regularidade impressionantes. Neste caso será talvez o seu trabalho mais catchy e aquele que mais se aproxima da estética do black e death metal melódico da (segunda metade da) década de noventa. Quatro longos temas que para além de serem épicos, também demonstram uma superior vontade de evoluir tecnicamente algo que se nota no excelente trabalho de guitarra assim como também nas próprias composições e na sua fluidez. Uma evolução que é gratificante para quem acompanha o trabalho do projecto e que poderá muito bem atrair um outro tipo de fã.

9/10
Fernando Ferreira


Mons Veneris – “Inversados d’Um Abismo de Podridão”

2022 – Signal Rex

Creio que é com alguma expectativa que se aguarda o lançamento de um novo disco de Mons Veneris. Mons Veneris nunca foi uma banda linear. A sua música nunca seguiu uma linha rigorosa e previsível. Talvez seja isso o que mais fascina as pessoas. O facto de podermos obter um lançamento atmosférico ou Black Metal e mesmo assim, pode não soar como os seus anteriores trabalhos atmosféricos ou de Black Metal. Tempos loucos que vivemos, certo? Quando esperávamos estabilidade… O seu lançamento de 2017 – “Untitled” – é provavelmente o meu preferido deles. A forma como equilibraram as duas facetas é realmente espantosa. Para 2022 e o EP – ” Torches of Entrancement ” – mostra-nos a fazer o que melhor sabem fazer. Estas serão provavelmente as minhas “encarnações” favoritas de Mons Veneris. Quando, por vezes, se insere demasiado no seu lado ritualista, a música sai como que “morta”, sem aquela faísca. Já tive a oportunidade de o ver actuar mais de uma vez – espero que seja chamado para o Invicta deste ano – e quando ele decide sobre uma actuação atmosférica / titualista, não me sinto ligado a ele, como fã; esse vínculo desaparece, principalmente porque sinto que esse ritual é para ele próprio, para a pessoa por detrás do pano de Mons Veneris, e não para nós, o público. A minha perspectiva pode ser errada, claro. No entanto, quando ele canaliza o seu ser Black Metal, as coisas crescem para dimensões diferentes. Sinto que este lançamento vai soar espantoso ao vivo! É a sua linha de Black Metal, ponto final, e depois, uma vez que “O do Fosso da Vida” começa… sabe-se logo de quem se trata. Aquele canto operático, aqueles riffs, aquela estrutura! Estes são os elementos que tão bem retratam o que é Mons Veneris. Sinto que ele, como artista, cresceu tanto nos últimos dois anos, alcançando o seu auge, sem dúvida. “Satanás Impera” traz, mais uma vez, a sua voz característica – só ele consegue aquela voz assim, atrevo-me a dizer – e a música atinge um nível de embriaguez ritualística que não é muito comum experienciar. Esta, ao vivo, seria tremenda! Todo o álbum se assemelha ao acto de escalar uma montanha: começa-se devagar, com facilidade; durante a escalada começa-se a sentir cansaço, mas a vontade de chegar ao topo e ver o que está para além esmaga todos os sinais de fadiga que a sua mente possa estar a experienciar. Isto é a mente sobre a matéria e esta libertação cresce de faixa para faixa, de cântico ritualístico em cântico ritualístico. No final, é Mons Veneris; parece Mons Veneris; é realmente Mons Veneris. Ele conseguiu mais uma vez: o seu som, a sua música, a sua arte, a sua glória. Questiono sempre a afinidade das bandas e artistas de Black Metal com as várias facetas do género e espirituais / filosóficas, mas nunca questionei o trabalho deste homem. Em geral: peça destrutiva de Black Metal… “Discípulo do Mal é a personificação Dele, o Artista.

9/10
Daniel Pinheiro


Melquiades – “Fountain Of Shingle”

2022 – Saliva Diva

Álbum de estreia deste interessante português que soa verdadeiramente refrescante pelo seu som cool que dentro do universo mais progressivo do pop junta um sem número de referências de outros géneros que soam e fluem muito bem em conjunto. Trata-se de uma sonoridade (quase) instrumental que não será nada desagradável para quem gosta de pós-rock experimental (e aqui encaixa-se o jazz de fusão) que surge de uma forma surpreendentemente acessível. Uma banda que surpreende e que marca o panorama nacional de 2022 de forma bastante positiva.

8/10
Fernando Ferreira


Perpetual – “Memento Mori”

2022 – Base Record Production

Terceiro álbum dos espanhóis Perpetual que trazem, mais uma vez, death metal bem interessante. Apesar de podermos dizer que a fórmula da banda vai para caminhos tradicionais, está longe de soar previsível. Toada mais melódica sem chegar a ser propriamente death metal melódico assim como uma certo enegrecimento sem ser propriamente black metal. Tudo coisas boas para a dinâmica que consegue ajudar a criar um pacote ao qual nos sentimos presos. Será um gosto adquirido para quem procura por coisas mais brutas mas acreditamos ter argumentos suficientes para cumprir os requesitos mínimos.

7/10
Fernando Ferreira


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