WOM Reviews – Aegrus / Eoforan / Galvornhathol / Pyromancy
Aegrus – “The Carnal Temples”
2022 – Osmose Productions
A Finlândia é sobejamente conhecida – e reconhecida – pelo que tem aportado ao Black Metal desde os primóridos da 2.ª vaga. Uma melodia característica, tal como uma agressividade que não se vê minimizada ao lado de outros mastodontes do género. Será, quiçá, esta melodia tão reminiscente das paisagens naturais do país, que fazem com do Black Metal Finlandês aquilo que é. Aegrus é um perfeito exemplo das capacidades criativos dos habitantes destas terras geladas. Formados em 2005, desde então têm criado música com uma consistência bastante elevada, seja em qualidade, seja em periodicidade. A referida união entre o Melódico e o Agressivo, sem que este último tome as rédeas da música, permitindo um crescendo de intensidade, é a mais-valia deste deste trabalho, e deste quarteto. “In Death Rapture” e a sua quebra, as passagens melódicas, o desacelerar o passo da música, tornam-na ainda mais possante, ainda mais “agressiva”. Aquela quase cavalgada, tão presente no Black Metal finlandês, e mesmo sueco, remete-me para muitas das bandas que me introduziram ao género. Nem sempre a agressividade, e a velocidade desmesurada, conseguem passar as emoções certas. Aqui, o quarteto aposta em abrandar, em seguir caminhos ainda melódicos, e vitória. Podiamos referir o riff inicial de “Moonlit Coffinspirit” como soberbo! E vamos, óbvio. Aegrus é Black Metal Melódico, ponto; mas não é Black Metal Melódico, fraco. Tem força, tem alma. Quase palpável é o sentimento. Pessoalmente, e sendo conhecedor de alguma da história criativa da banda, vejo este EP como um passo evolutivo. Wait… não se inventa a roda, mas não é esse o desejo presente, e a banda sabe-o, I guess. Anyway, Aegrus poderá ser vista, pelos experts, como uma banda de “segunda linha” do Black Metal finlandês atrás de nomes como Behexen ou Horna (ou Beherit), mas são mais que válidos, e mais que relevantes hoje, Séc. XXI. A escutar com atenção.
8/10
Daniel Pinheiro
Eoforan – “Demo I”
2022 – Legion Blotan
Ora bem, ora bem, ora bem. Tenho tendência para agir com cuidado sempre que ouço Black Metal e Punk na mesma frase. Tenho pesadelos de todos os projectos horríveis, torturadores de ouvidos, cortadores de garganta que ouvi no passado. Sim… Posso estar a exagerar, mas foram horríveis como o raio. Por isso, desta vez, entrei de mansinho, e entrei sem qualquer tipo de ideias pré-concebidas do que estava prestes a ouvir. Estes tipos são do Reino Unido, antigos membros dos SUMP e dos Eofor. Isto já cheira a Black Metal Punk de classe, não cheira?! Os tipos associados à Legion Blotan (gostem ou não, grandes Black Metal), e todos os outros actos do Yorkshire, que normalmente se revelam grandes exemplos de Black Metal de classe. É o Reino Unido, é de classe… de volta à razão desta review. Eoforan lançou a sua primeira Demo, este ano, não há muito tempo, e é um conjunto incrível de Black Punk Metal com outra coisa… tem agressividade, tem raiva e raiva, mas também tem detalhes mais pequenos de musicalidade requintada. Melodia e esta produção “podre”, e aí está, companheiro: Eoforan. É tão simples, não há necessidade de rodeios, é fácil e simples. O lado punkish da sua música é rude e punitivo; aquele que faz as suas bandas sonoras nas noites de pub com os companheiros, depois de a sua equipa ganhar o derby. No entanto, tem uma forma de suavizar o coração dos fãs de Black Metal mais duros. Como? Com estes riffs que penetram a sua mente e se banqueteiam com a sua capacidade de compreender como esta mistura acabou tão bem, tão assombrosa, tão punitiva. Eu, pessoalmente, fico impressionado com o resultado final. Já o rodei algumas vezes, de seguida, e ainda o acho refrescante e diferente. Esqueça Ildjarn. Temos tendência a ir directamente ao trabalho dos noruegueses sempre que se juntam estes dois géneros, mas não hoje. Aquela violência rápida e – a maior parte – fora de controlo que Vidar trouxe, não está presente em toda a totalidade desta libertação; rompe-se com a violência e entra em campos mais melódicos, como mencionado anteriormente, e é aí que reside a sua riqueza. Esta fusão quase perfeitamente equilibrada é um deleite para os nossos ouvidos. Não, não, não, não exagerando, companheiros. Isto é muito bom! E o mais importante? Eles não pretendem reinventar a fórmula, nem levar o género a um novo nível; apenas cuspem Música, e boa Música, já agora. 15 minutos e 34 segundos de magia.
8/10
Daniel Pinheiro
Galvornhathol – “II”
2022 – Edição de Autor
Segundo álbum da one-man band alemã Galvornhatol que podemos dizer que tem tanto de black metal depressivo como de black gaze. Há uma ideia pré-concebida de como este tipo de música deve soar e aqui não há (quase) nada que nos possamos queixar. A sonoridade é crua como manda a lei mas a principal questão aqui que pode funcionar contra (o tal quase) é mesmo a forma como a bateria soa artificial e algo desajustada – seria preferível uma sonoridade mais orgânica. Todavia, e passando por cima disso, temos boas melodias, as passagens instrumentais são de excelente gosto. No geral uma boa proposta para quem procura black metal depressivo e/ou melancólico.
6.5/10
Fernando Ferreira
Pyromancy – “From The Source”
2021 – War Productions
Estreia em cassete e pela mão da portuguesa War Productions desta entidade italiana da qual não temos grandes informações, nem é preciso. São vinte minutos de black metal e embrutecido por algum death que na falta de dinâmicas dão-nos um som cru (sem ser podre) que remonta aos primórdios da música extrema e até consegue cativar sem grande esforço. Sem ser básico, é simples o suficiente para deixar os que estão de costas voltadas para a música moderna completamente entusiasmados. Para primeiro lançamento e no underground, nem é preciso mais.
6.5/10
Fernando Ferreira
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