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WOM Reviews – Ahab / Astral Sleep / Pyrior / Val Tvoar / Crust / Saltas / The Medea Project / Horizon Of The Mute

WOM Reviews – Ahab / Astral Sleep / Pyrior / Val Tvoar / Crust / Saltas / The Medea Project / Horizon Of The Mute

Ahab – “Live Prey”

2020 – Napalm Records

Ahab, o mítico e monolítico caçador de baleias está de volta. É irónico que a banda, após cinco anos sem dar notícias, surja com um álbum ao vivo, num momento em que os concertos estão proibidos. Nada disso interessa, afinal são os Ahab, seja ao vivo, em estúdio, ou ao vivo só para nós, é sempre algo imperdível. “Live Prey” é composto exclusivamente por temas do álbum de estreia “The Call Of The Wretched Sea” e, de acordo com a banda, esta é uma oportunidade de ver como estes temas evoluíram ao longo dos tempos. Envelheceram muito bem e este álbum acaba por saber bem a pouco. Funeral doom quando é viciante é porque é mesmo especial. Não é surpresa nenhuma para nós, seria surpresa se fosse o contrário.

9/10
Fernando Ferreira

Astral Sleep – “Astral Doom Musick”

2020 – Saarni Records

Este será provavelmente o título mais fidedigno que já alguma vez encontrei. Perfeito para a banda e perfeito para a música. Os Astral Sleep não têm muita pressa em lançar álbuns (este demorou oito anos) mas quando o fazem, é garantidamente bomba. “Astral Doom Musick” é lento, é dinâmico, é uma viagem aos nossos sentimentos mais recônditos. Apesar de serem apenas quatro temas em pouco mais de quarenta minutos, é como se estivessemos perante uma obra-prima de horas. E acaba por ser esse o seu alcance. Deixar-nos a marca de forma a que nos faça sentir algo mesmo após findar. “Astral Doom Musick” é, na minha opinião, um disco quase perfeito.

9.5/10
Fernando Ferreira

Pyrior – “Fusion”

2020 – Argento Records

É cada vez mais comum termos bandas de black metal misteriosas das quais não há nenhuma informação. Mas no final o que interessa mesmo é a música e no caso dos holandeses Ossaert, o que temos é quatro temas longos, hipnóticos e cruz. Vistas a coisas, não é preciso saber quem são, de onde vieram e para onde vão. Nem é preciso letras nem títulos de música (por muito que seja um chavão termos “I”, “II”, “III” e “IV” como títulos, enquadra-se perfeitamente) porque a música fala por si só. E nem só consegue ser aquele black metal cru e primitivo como também consegue alcançar níveis inesperados de melancolia (conferir a “III”). No geral é um álbum surpreendente que não conseguimos ficar indiferentes.

8.5/10
Fernando Ferreira

Val Tvoar – “Today Is Tomorrow’s Yesterday”

2020 – Edição de Autor

A capa não nos indica muito bem o que podemos esperar. A música acaba por surpreender, tanto pela qualidade como pelo estilo. Os Val Tvoar chegam-nos da Estónia e este álbum é uma espécie de stoner alternativo, bem diversificado e melódico, mostrando que música boa rasga com todos os rótulos. Som simples mas muito bem construído e idealizado. Sendo o segundo álbum, fica a curiosidade para ouvir o que está para trás. Boa banda.

8/10
Fernando Ferreira

Crust – “Watching Emptiness”

2020 – [addicted label]

A estreia dos russos Crust com “The Promised End” no ano passado quebrou o ritmo de lançamento de Eps que a banda tinha desde 2015 mas para mostrar que não esqueceram as suas raízes underground e como tal aqui temos mais um EP, com dois temas que dão-nos aquilo que esperaávamos – doom/death metal desesperançado e melancólico. A questão aqui é que essa abordagem só no tema título, uma longa peça de dez minutos. O outro tema, “The Abyss”, é uma peça ambient (desconfortável) que fica apenas como mero apontamento. Ainda assim, é algo que recomendamos para quem gostou da atrás citada estreia.

7/10
Fernando Ferreira

Saltas – “Mors Salis: Opus I”

2019 – Nuclear War Now! Productions

Se defendo (como já defendi, muitas vezes) por aqui, a importância da música simples e que entra directamente no nosso cérebro, também já defendi muitas vezes o que está no campo oposto. Música difícil de ouvir, pouco amiga e por vezes até que nos afasta mais vezes do que aproxima. Os Saltas são um exemplo perfeito do último caso. Um death/doom cavernoso e com um ambiente para lá de macabro. Quando a música assume contornos para lá daqueles que o que se está à espera, é porque estamos perante algo único. A questão é mesmo aguentar perante a forma como a audição contínua nos desgasta. Não é fácil. O meio termo impunha-se mas como temos fraquinho por este tipo de coisa…

7/10 
Fernando Ferreira

The Medea Project – “Sisyphus”

2020 – Edição de Autor

Os The Medea Project tiveram origem na África do Sul (é sempre uma táctica de marketing eficaz, estas origens mais exóticas) mas encontram-se na Inglaterra neste momento e esta questão da permanência faz sentido para termos presente que aquele espírito lúgubre do doom inglês está aqui presente ainda que dotado de um sentido de miséria e melancolia novo. O som sujo e arrastado traz-nos alguns repentes de southern sludge que despista quem os quer encaixar rapidamente numa prateleira bonita e bem arrumadinha. Ainda bem que isso não acontece, é sinal que temos algo bastante interessante. Groove e peso também temos com fartura só para tornar tudo ainda mais interessante. Pontos a limar, principalmente na forma como se sente uma identidade dispersa – apesar do som ser inequivocamente doom. Bom início.

7/10
Fernando Ferreira

Horizon Of The Mute – “Voidscape”

2020 – Edição de Autor

O som dos Horizon Of The Mute é estranho. Ainda mais que o nome. Primitivo apesar de sinfónico, é uma mistura de uns Celtic Frost a pender para o doom ou para o death. Na realidade é muito complicado ter uma ideia certa daquilo que podemos esperar por aqui. Há todo um sentido de estranheza que nos remete para uns Septic Flesh em início de carreira ou outras bandas que na década de noventa andavam à frente do seu tempo. Não quer forçosamente dizer que isso se passe agora. É invulgar e diferente, é certo e essa diferença precisa de ser interiorizada. Não é um processo fácil mas poderá ser recompensador para alguns.

6/10
Fernando Ferreira

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