WOM Reviews – Alora Crucible / Ulver / Hail Spirit Noir / Theodor Bastard / tHE mÜRGEN / Bizarra Locomotiva / Melt / The Smashing Pumpkins
WOM Reviews – Alora Crucible / Ulver / Hail Spirit Noir / Theodor Bastard / tHE mÜRGEN / Bizarra Locomotiva / Melt / The Smashing Pumpkins
Alora Crucible – “Thymiamatascension”
2021 – House Of Mythology
Mais um projecto que nasce fruto da pandemia. Toby Driver é o músico multi-instrumentista que aproveito o ter de estar fechado em casa para dar largas à sua criatividade. Aproveitou também para ter uma maior ligação à natureza que o rodeiava. O resultado foi inspirador, pelo menos a avaliar pela qualidade das músicas que este álbum contém. O uso dos sintetizadores, guitarra (de forma muito discreta) e violino (tocado por Timba Harris) fazem com que se tenha uma bela obra de arte em formato musical, uma obra de arte difícil de esgotar mesmo que seja um estilo (ambient) que nem sempre se possa ter disposição para ouvir. Mas havendo, é uma viagem digna de repetir ad eternum.
9/10
Fernando Ferreira
Ulver – “Hexahedron (Live at Henie Onstad Kunstsenter)”
2021 – House Of Mythology
Chris Reese e Tom Dring dos Corrupt Moral Altar têm uma nova aventura musical, estes Lake Baihal, e apesar de ser apenas um tema, em termos de duração, podemos dizer que se trata de um EP já que são quinze minutos, numa autêntica viagem de montanha-russa, com vários géneros a juntar-se do black ao doom metal, onde até solos de saxofone se fazem sentir. Tudo flui de forma perfeita. De tal forma que a cada vez que ouvimos há novos pormenores a surgir e novas perspectivas. E é apenas um tema. Imaginem um álbum inteiro.
9/10
Fernando Ferreira
Hail Spirit Noir – “Mannequins”
2021 – Agonia
Já sabemos que com os Hail Spirit Noir não se sabe bem o que esperar. Pelo que é um misto de surpresa e previsibilidade que se tem ao ouvir “Mannequins”, o quinto álbum da banda. Como a capa evidencia, trata-se de uma banda sonora para um filme que ainda não foi feito. Tal como a capa também indica, a estética da década de oitenta está bastante presente, para além do artwork. Vêm-nos à memória as bandas sonoras de John Carpenter pelo uso dos sintetizadores. Aliás, podemos dizer que este é um trabalho de retro synthwave, tal é a forma como vai beber ao espírito da década de oitenta. E se o objectivo era fazer uma homenagem a esses filmes e a essas bandas sonoras, o objectivo está completamente atingido.”Mannequins” é fantasmagórico, cria imagens e até estranhamente dançante. Isto dito por alguém que odeia dançar e tem, literalmente, pés de chumbo. Será difícil para quem já gostou da banda pelo seu black metal fora da caixa mas os fãs que foram ficando, tal como disso no início do texto, já estão à espera do inesperado.
8.5/10
Fernando Ferreira
Theodor Bastard – “Volch’ya Yagoda”
2020/2021 – Season Of Mist
Muitos fãs podem ver como maliciosa a política de reedição que hoje em dia preenche os planos editoriais de muitas editoras. E se por um lado é uma forma de ir tentar rentabilizar obras com retorno (mais ou menos) garantido, por outro é também uma forma de garantir que trabalhos valorosos chegam a um público mais vasto. Insiro nessa categoria este trabalho de Theodor Bastard, editado originalmente no ano passado. A banda, com uma carreira já longa, é de Karelia, região inóspita que está dividida em várias partes pertencendo à Rússia e á Finlândia. A sua sonoridade é bastante rica conseguindo tanto focar entre o folk assim como o trip hop, sem haja uma disparidade ou a sensação de estarmos perante várias entidades. Seis músicos talentosos e também excelentes compositores que nos trazem um álbum fantástico.
8.5/10
Fernando Ferreira
tHE mÜRGEN – “Educational Hazard”
2020 – Edição de Autor
Quando o assunto é o industrial e a sua mistura com a música mais pesada, é este o estilo de som que me vem à mente. Som que evoca tanto Nine Inch Nails e Ministry como Godflesh. Onde apesar da música electrónica estar presente, não quer dizer que tenhamos melodias dançantes. Aliás, o ambiente é opressivo e decadente e transporta groove hipnótico mas não exactamente dançante. Inconformado e próximo daquela nostalgia alternativa da década de noventa. No entanto, há por aqui a capacidade de conseguir surpreender ao incorporar alguns elementos inesperados como o rock progressivo que surge por momentos nas guitarras de “Cannibal Flower”. A capa é mordaz, principalmente em conjugação com o título e a música é ampla na sua abordagem. Um trabalho surpreendentemente expansivo.
8/10
Fernando Ferreira
Bizarra Locomotiva – “Fenótipvs”
2021 – Rastilho
O tão aguardado regresso dos Bizarra Locomotiva que já há algum tempo que vinham mantido um silêncio editorial. Apesar de serem apenas quatro temas, dá para matar a fome que já se vinha acumulando. “Veia Do Abandono” é um tema mais melódico e melancólico mas sempre com aquele forte impacto Bizarra. “Dança Da Morte” começa com um excelente trabalho de teclado e que assume uma veia mais épica, quase cinematográfica (estaria perfeita num filme de terror de teor mais clássico). Dois grandes temas mas que não trazem, curiosamente, o esperado poder da banda e que nos faz pensar que serão momentos em cima do palco (caso sejam tocadas ao vivo) mais compassados e a intervalar a intensidade que já se espera por parte deles. Depois temos duas covers, “Paixão” dos Heróis do Mar que assume um tom bem mais tenebroso e até doom metal mas também parece perder um pouco da vitalidade do original, e “O Hábito Faz O Monstro” dos Rádio Macau que se mostra bem mais dinâmica e de todos os temas aqui contidos, aquela que se vê mais facilmente a ser representada pela banda em cima do palco. Fome parcialmente saciada e interesse pelo novo álbum aumentado exponencialmente.
7/10
Fernando Ferreira
Melt – “All The Joy, All The Pain”
2021 – Edição de Autor
Os Melt são sedutores e não falo apenas devido á voz da vocalista. É todo o ambiente criado que nos seduz, numa toada meio indie, meio pós-punk rock gótico com algumas explosões pelo meio. A banda tem o seu futuro algo incerto, pelo menos é o que o seu site indica e é pena porque as várias possibilidades apresentadas são entusiasmantes. Uma banda capaz de passar despercebida mas que quando lhe damos atenção, poderá corresponder de forma muito positiva. Resta apenas ainda indicar que este EP vem com duas formas diferentes de som, uma mais crua – com o volume mais baixo e uma masterizada que é a que recomendo.
7/10
Fernando Ferreira
The Smashing Pumpkins – “Cyr”
2020 – Sumerian
Lembro-me quando saiu “Adore”, que a minha reacção foi “WTF?!”. A abordagem electrónica, à qual era particularmente alérgico na altura não me deixou ver alguns grandes temas que continha. Curiosamente “Cyr” falha em conseguir empolgar pela positiva ou pela negativa na mesma medida. Primeiro, a abordagem electrónica não é nova. Segundo, tendo três guitarristas, sente-se que este é um álbum desprovido da garra rock que se espera naturalmente. E não há qualquer problema em ser pop, em ter batidas electrónicas ou sintetizadores a evocar a década de oitenta. O principal problema é passar ao lado. Passar ao lado de fazer uso dos músicos que tem para algo memorável. Passar ao lado de apresentar uma canção memorável no meio de vinte. E passa ao lado do ouvinte que depois de ouvir o primeiro disco só pega no segundo por pura teimosia. E masoquismo, talvez.
3/10
Fernando Ferreira