Review

WOM Reviews – Anaal Nathrakh / Thy Darkened Shade / Amestigon / Inconcessus Lux Lucis / Shaarimoth / Ruach Raah / Pagansarv / Ixtlahuac / Taake / Order Of Nosferat

WOM Reviews – Anaal Nathrakh / Thy Darkened Shade / Amestigon / Inconcessus Lux Lucis / Shaarimoth / Ruach Raah / Pagansarv / Ixtlahuac / Taake / Order Of Nosferat

Anaal Nathrakh – “Codex Necro”

2001/2021 – Metal Blade

Álbum de estreia que é um marco do poder deste duo britânico e que representa bem a revolução que o black metal estava a viver no início do milénio, onde as propostas mais tradicionais conviviam muito bem ao lado de algo mais fora – mas que na prática até nem o era assim tão fora. Por muito que se tenha o rótulo industrial a pender por cima dos Anaal Nathrakh, a banda britânica é até algo conservadora na forma como usa o poderio electrónico. Podemos dizer que o usa para o bem. “The Codex Necro” é um assalto impiedoso de black metal sujo e agressivo, sem grandes concessões melódicas a fazer – concessões essas que viriam a trazer ainda mais carácter e interesse ao som da banda. Não sendo o meu favorito dos meus trabalhos da banda, sem dúvida que é uma boa oportunidade para o adquirir em vinil ou CD.

8.5/10
Fernando Ferreira

Anaal Nathrakh – “Total Fucking Necro”

2000/2021 – Metal Blade

Recordo-me do impacto que teve no underground o aparecimento do duo Anall Nathrakh, como uma nova forma de atingir picos de extremismo no metal e/ou num género por si já extremo como o black metal. “Total Fucking Necro” tentou, de forma inteligente, capitalizar o burburinho no underground, reunindo as duas demos lançadas em 1999. Demos essas que foram gravadas num gravador de oito pistas. Apesar da precariedade do som, o mesmo até se encontra bastante dentro das expectativas que qualquer fão de black metal poderia na altura e resulta muito bem. Temos contudo diferenças na produção. A demo mais recente, que tem o mesmo título que esta compilação, tem uma abordagem mais ruidosa e caótica, com a primeira a soar mais límpida. Ambas as abordagens resultam e de certa forma complementam-se. Além dos temas originais ainda temos duas covers de Mayhem (“Carnage” e “De Mysteriis Dom Sathanas”) e uma faixa bónus retirada, “Necrogeddon” (com um som bastante podre) da demo de 2001 que não chegou a ser lançada, “We Will Fucking Kill You”. Oportunidade de completar a colecção para os fãs mais tardios da banda.

8/10
Fernando Ferreira

Thy Darkened Shade / Amestigon / Inconcessus Lux Lucis / Shaarimoth – “SamaeLilith: A Conjunction of the Fireborn”

2021 – W.T.C. Productions

Qual será a definição para um split perfeito? Será aquele que apresenta bandas com sonoridades diferentes? Ou aquele que apresenta bandas que se inserem no mesmo tipo de sonoridade? Qualquer resposta é a correcta até porque em questão de gostos não existem erradas, no entanto, devo dizer que este split que junta quatro bandas de diferentes nacionalidades de black metal beira a perfeição. Temos o black metal peculiar dos gregos Thy Darkened Shade (cujo último e segundo álbum data já de 2014 mas têm-se mantido ocupados com splits como este) que juntam uma sonoridade suja com pormenores melódicos bastante interessantes. Já os austríacos Amestigon trazem uma sonoridade mais cristalina e acutilante, a lembrar o black metal épico do final da década de noventa, grandes riffs e melodias. Depois também temos os britânicos Inconcessus Lux Lucis com uma sonoridade mais crua. Não tão suja quanto os Thy Darkened Shade, mas mais primitiva. As canções não impressionaram tanto quanto os parceiros que lhes antecederam mas não deixa de ser uma boa proposta. Para finalizar tem-se os noruegueses Shaarimoth, com uma abordagem death/black metal interessante e pouco convencional. É a banda mais fora do estilo praticado mas insere-se bem pela peculariedade da sua música extrema. No geral é um split extremamente rico com quatro boas propostas que ficámos com vontade de conhecer (como já disse anteriormente, umas mais que outras). Variedade e qualidade, duas coisas que nem sempre se juntam.

8/10
Fernando Ferreira

Ruach Raah – “Misanthropic Wolfgang”

2021 – Signal Rex

Black metal lusitano afinado em raw. Terceiro álbum do duo misterioso Ruach Raah, que são donos de uma sonoridade primitiva (e porque não dizer podre) mas que tem muitas mais virtudes do que apenas essa. Mais do verdadeirismo (trvismo em inglês), os Ruach Raah evidenciam, pelo menos aqui, apetência pelo espírito primordial do black metal e se quisermos ser mais aventureiros, do rock ou até punk. Guitarra e bateria (presume-se que não exista baixo até que se sente que as músicas foram captadas directamente sem grandes artíficios de estúdio. Riffs directos e marcantes e uma toada unidimensional que já é esperado, com resultados que convencem qualquer um que goste de apreciar o black metal nas suas mais variadas facetas. Genuíno e com garra, black metal sem tretas.

8/10
Fernando Ferreira

Pagansarv – “Kaarnakarva”

2021 – Edição de Autor

É inegável que a Europa de leste está cada vez mais forte nas propostas que apresenta mas confesso que tenho que revelar o meu desconhecimento em relação ao que nos chega da Estónia. Ou tinha, porque agora Pagansarv já estão oficialmente registados. Este duo tradicional de black metal (em que uma pessoa está responsável por todos os instrumentos enquanto outra pela voz) traz-nos um black metal épico e pagão (tal como o nome indica) mas não tenta dar o passo maior que a perna. Os temas são curtos e imediatos e a forma como se insinuam é sinal que apostaram bem. No entanto, apenas uma pequena indicação, parece-me haver talento para fazer algo mais épico, com algumas ideias a poderem ser mais exploradas do que os três ou quatro minutos. Seja como for, é um bom início de actividade e um nome a ter em conta da Estónia.

7.5/10
Fernando Ferreira

Ixtlahuac – “Teyacaniliztli Nahualli”

2021 – Nuclear War Now! Productions

Reedição pela Nuclear War Now! Productions da terceira demo editada originamente em 2019 deste projecto americano que foca, com como é perceptível pela capa e pelo próprio nome do projecto e da demo os mitos ancestrais da mesoamérica indígena. Musicamente a coisa é podre, bem podre. Black metal primitivo e com alguns toques de death metal, que não são muito proeminentes. Não será a coisa para quem se está a iniciar nas artes negras agora mas para quem sabe reconhecer um ambiente e atmosfera especial, isto poderá trazer mais prazer do que o esperado. Ou seja, não é exclusivo para trves. Curioso para ouvir um ábum desta dupla.

7.5/10 
Fernando Ferreira

Taake – “Avvik”

2021 – Dark Essence

Este seria um lançamento previsível, apenas não esperava tão cedo. Depois da praga de splits lançados no ano passado, Taake regressa que junta todos esses temas lançados anteriormente e ainda lhe junta uma versão acústica da “Nattestid Ser Porten Vid I”. Para além de mais algumas diferenças, este é uma boa forma dos fãs desta one-man norueguesa apanhar todas as faixas (e o bónus) sem ter de procurar pelo split. Não será tão interessante como um novo álbum mas também não deixa de ter o seu atractivo. Destaque para o saxofone na cover de Sisters Of Mercy, “Heartland”, que resulta muito bem.

6/10
Fernando Ferreira

Order Of Nosferat – “Purity Through Fire”

2021 – Purity Through Fire

Segundo álbum de originais do du Order Of Nosferat que funciona como uma viagem no tempo até a meados da década de noventa, quando o interesse pelo black metal estava a crescer e começavam a aparecer propostas mais melódicas, com os teclados a tomarem uma importância maior na sonoridade. O que é bom para quem for nostálgico mas quem estiver à espera de algo mais acente naquilo que se faz hoje em dia – e não é que o black metal tenha evoluído muito deste então, evolução também não é o principal objectivo – a inocência aqui poderá não ser interessante o suficiente. A inocência de colocar como segunda faixa um tema instrumental de piano (“Sleepless In Sorrow And Bloodthirst”) que nem sempre pode ser vista como encantadora. Aliás, a ideia de intercalar um tema “normal” com um instrumental de teclados em que estes últimos têm quase sempre quatro minutos, é uma forma de dar uso ao botão de mudar de faixa. No entanto existem bons momentos, inegavelmente, com bons riffs e melodias a sobressairem. Pena é mesmo soar deslocado no tempo e da opção estranha das faixas instrumentais que não são de todo interessantes.

5/10
Fernando Ferreira

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.