WOM Reviews – Ancient VVisdom / Sedna / Megalith Levitation / Geezer / Morass Of Molasses / Giant Dwarf / Burning Gloom / Stoned Jesus
Ancient VVisdom – “Mundus”
2019 – Argonauta Records
Já faz uns anos desde a primeira vez que tive a oportunidade de ouvir estes Norte-americanos. Desde então muito mais Occult Rock/Stoner/Doom surgiu por estas ondas sonoras. Bandas como Uncle Acid and the Deadbeats ou Jucifer ou um milhão mais, faziam por emular o que havia sido feito, anos antes, por bandas como Coven.
Desde logo, o que me chamou à atenção foi toda a imaginética/aura que a banda na altura adicionava à sua música. Havia algo muito anos 60, muito Charles Manson e a Família, Satanismo de La Vey e Horror clássico. Isso, ainda antes da música, agarrou-me. Há um groove pesado e negro, extremamente catchy e addictive. A voz do pastoral Nathan Opposition, um pouco ao contrário da música que faz, é luminosa e suave, criando aqui dois pólos de conflicto que, quando encaixam um no noutro na perfeição, sai este novo trabalho.
“Mundus” é o 5.º longa-duração deste – agora – trio do Texas, e traz consigo algo que nos trabalhos anteriores não havia tanto, e a primeira malha do álbum é um bom exempo de tal: riffs cheios e quase Heavy Metal clássico! Há, neste trabalho, mais do que somente Doom ou Stoner, há Rock n’ Roll, há momentos que nos remetem para Ozzy, para Orange Goblin e mesmo para Electric Wizard. Arrisco dizer que será, quiçá, o mais diversificado que a banda já apresentou.
Em 2011 tive a oportunidade de escutar, pela primeira vez, a “The Opposition”, e aquele refrão é das quadras mais fortes que vá cantei, remetendo-me por completo para o cenário apresentado ao início desta review.
A banda continua a ter, bem presentes, os elementos que ajudaram a estruturar aquele que ainda é, hoje, o som da mesma. Não é que tenham fugido do que fazem há cerca de 10 anos, não! Neste trabalho temos, sim, mas visões musicais da realidade da banda. Haja Rock e Doom. Haja Danzig e Fulci! Haja Manson e La Vey!
Nota 8/10
Review por Daniel Pinheiro
Sedna – “The Man Behind The Sun”
2019 – Spikerot Records
Continuamos a apreciar os álbuns e bandas que não se encaixam em qualquer tipo de rótulo. Pelo menos sem alguma boa vontade e displicência do estilo “é-mais-ou-menos-isto”. Os Sedna definitivamente encaixam-se perfeitamente nessa categoria que não se encaixa em lado nenhum. Temos um único tema com trinta e três minutos que nos traz uma disparidade de sentimentos para além dos estilos mas que acabam por se enquadrado todos naquele paradigma da contemplação melancólica que anda aliado ao doom, que aqui surge mais blasfemo. Um único tema mas que nos bate como se fosse uma viagem de trinta horas em apenas trinta e poucos minutos. E quando damos conta já o estamos a ouvir outra vez. Pela décima vez de seguida.
Nota 9/10
Review por Fernando Ferreira
Megalith Levitation – “Acid Doom Rites”
2019 – Addicted Label
Já aqui falámos por diversas vezes como a música para acabar com as insónias não é necessariamente má – apesar de entendermos que há quem possa ver esta classificação como tudo menos um elogio – e os Megalith Levitation vêm perfeitamente ao encontro deste estilo de coisa. Estamos a falar de uma banda russa que toca uma espécie de funeral stoner. Como se fosse funeral doom mas com a estética (e fuzz) do stoner. Ritmos lentos mas hipnóticos, com as melodias a entoar como autênticos mantras. O facto de termos quatro temas em quase oitenta minutos de música ajuda também muito a este factor. Temos noção que apesar de ser música perfeita para relaxar no sofá (ou numa cama de rede) e passar pelas brasas ou então, para quem gosta, para puxar fumo produzido por substâncias ilícitas (ainda que inofensivas), que não vai agradar ao grosso dos fãs de metal. Aliás, até parte dos fãs do stoner e doom poderão ter alguma dificuldade. Recomendado, mas para prosseguir com cautela. Apenas para utilizadores experientes.
Nota 8/10
Review por Fernando Ferreira
Geezer – “Spiral Fires”
2019 – Edição de Autor
Se gostam de coisas dentro de blues, stoner rock e psicadélico, juntem-se à volta da fogueira que tenho um EP para vos mostrar. Os Geezer são uma banda americana que mistura os estilos acima mencionados e como resultado produz uma peça musical que metaforicamente é o equivalente a um brownie de erva que induz qualquer ouvinte num transe de paz e felicidade contudo, ao mesmo tempo detém energias fortes que dão ritmo e força à coisa. Spiral Fires é um EP de 4 faixas e de duração de 25 minutos, que ao longo da sua composição vai apresentando dois tipos de sonoridades essencialmente. O rock/blues com o toque psicadélico, que dão a lembrar grandes bandas tradicionais deste género. Nestas secções (que se encontram em parte da 1ª faixa e 3ª faixa), o que têm é um rock intimidador de ritmo lento, com uma guitarra distorcida e de notas bem acentuadas no espectro do grave a que se junta o baixo que aqui é muito sentido e por isso, verdadeiramente glorificado (e isto ocorre em todo o EP). Além disto é referir o vocal, que é uma mistura do rock e dos blues, na medida em que é rouco e arrastado. Já na outra fase (2ª faixa), a banda opta por um som em que predomina o psicadélico e o stoner rock, em que sinceramente são catapultadas para uma dimensão alternativa de paz interior e de alucinações divertidas, não há voz, há só a bateria muito simples e o baixo a marcar a sonoridade principal, enquanto vão ouvindo a guitarra a solar à distância de forma muito pacífica. Posteriormente quando se aproximam do fim do EP sofrem uma despedida em conjunto de ambas estas sonoridades, um rock moderado-pesado com a introdução de elementos mais “tântricos” e de um solo de guitarra à maneira, e que resultam no culminar de toda a qualidade deste EP que definitivamente não é “só mais um álbum ou EP”, é sim um trabalho muito bem construído (só não gostei do sintetizador por vezes usado para introdução das faixas).
Nota 9.5/10
Review por Matias Melim
Morass Of Molasses – “The Ties That Bind“
2019 – Wasted State
Os Morass Of Molasses são uma banda inglesa dedicada aos estilos stoner num patamar localizado entre o rock e o metal que se caracteriza também pela sua postura mais “festivaleira”. É com uma carreira de 6 anos que esta banda apresenta agora o seu segundo álbum: The Ties That Bind. A primeira impressão que este álbum dá aos ouvintes é da sua característica groovy, que se distingue pela sua qualidade de festança mais relaxada (hippie mais grave) e ao mesmo tempo rápida. Contudo, não é apenas isso que este álbum oferece. The Ties That Bind é um álbum que apresenta uma dupla natureza, sendo a primeira contrabalançada por faixa mais calmas, lentas e ambiente, que voltam a arrastar o estilo desta banda para campos mais próximos do doom. Nas partes mais mexidas, o álbum demonstra sonoridades altamente distorcidas e algo espirituais (como seria de esperar) e que ocasionalmente proporcionam a vontade para libertar a cabeça e “ir na onda”. Já as partes mais lentas são para ser apreciadas mais intimamente, ao estilo de músicas para ouvir à noite em redor da fogueira. Esta oscilação de personalidade do álbum é muito bem vinda, mas fica a questão, independentemente disso é um álbum bom de se ouvir? Bem, a questão é que não é um álbum muito memorável apesar dos ocasionais solos, da distorção quase transcendente e do vocal bem “calibrado”. No todo do álbum, acho que só mesmo a penúltima faixa me marcou com a sua natureza muito única quando comparada com o restante álbum, isto porque de facto acaba funcionando como uma acumulação de elementos musicais bastante atrativos (mudanças de ritmos, solos minimalistas, bateria e guitarra acústica em sintonia). Não é um mau álbum, somente acaba por se tornar repetitivo com poucos elementos excecionais e memoráveis.
Nota 6.5/10
Review por Matias Melim
Giant Dwarf – “Giant Dwarf”
2019 – Sound Effect Records
Rock on! É aquilo que a morsa gigante nos diz na capa deste trabalho auto-intitulado. Ela também nos diz o que podemos contar, um rock daqueles a puxar tanto ao stoner como ao psicadélico, cheio de fuzz. Não nos fascina tanto estilisticamente como a sua capacidade para fazer canções directas ao assunto e que nos parecem ser de outros tempos, aquelas canções que nos fazem bater o pé. Não é preciso falar, nem é preciso abrir os olhos. Apenas bater o pé e groovar. Boa onda, bom álbum.
Nota 8/10
Review por Fernando Ferreira
Burning Gloom – “Amygdala”
2019 – Argonauta Records
Os Burning Gloom nasceram dos My Home On Trees, uma banda que, confesso, nos era desconhecida mas que agora até temos curiosidade em ver como eram, mesmo sabendo que tocavam algo substancialmente diferente do doom/sludge corrosivo que conseguimos ouvir nesta estreia – consta que eram stoner rock, algo que até faz sentido neste contexto, já que existem resquícios. No entanto, eles aqui aventuram-se bem mais, bem mais até do que aquilo que o rótulo doom/sludge sugere, muito também graças à fantástica performance de Laura Mancini, que está enorme na voz. Uma estreia fantástica que promete muito para o futuro. Destaque para a participação de Mona Miluski dos High Fighter no tema “Nightmares”.
Nota 8.5/10
Review por Fernando Ferreira
Stoned Jesus – “From The Outer Space”
2019 – Napalm Records
Pelo nome, pensei logo em stoner. Pelo título do álbum, pensei em algo psiscadélico. Dentro destes parâmetros esperava tudo. O que não esperava era encontrar uma espécie de stoner que nos faz pensar que poderíamos estar perante um mítico ensaio dos Mayhem na década de oitenta caso decidissem tocar stoner em vez do black metal selvagem. Quando averiguei mais sobre a banda, descubro que está neste ano a completar uma década de existência e que o que temos aqui é nem mais nem menos do que uma compilação das duas primeiras demos da banda, editadas precisamente em 2009. Som cru (diferente de demo para demo mas ainda assim, cru no geral) mas que conserva em si todo o encanto do stoner e até nos abre o apetite para ir descobrir mais sobre a banda. Para os coleccionadores é de aproveitar já que vai ter uma edição limitada em vinil.
Nota 7/10
Review por Fernando Ferreira
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