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WOM Reviews – Atropina / Coscradh / Colossus / Leprosys / Celestial Sanctuary / Natron / Estuarine / Disfigured Human Mind

WOM Reviews – Atropina / Coscradh / Colossus / Leprosys / Celestial Sanctuary / Natron / Estuarine / Disfigured Human Mind

Atropina – “Prego Em Carne Podre”

2021 – Edição de Autor

Death metal vindo do Brasil, bem blasfemo e, o mais importante, dinâmico. Esta é uma com já um longo historial no underground brasileiro, com mais de vinte anos de carreira – com uma interrupção pelo meio onde mudaram de nome – e este regresso dá-se cinco anos após terem editado o seu terceiro álbum. Como já disse, as suas dinâmicas fazem com que seja fácil ficarmos agarrados, porque está longe de ser unidimensional, embora a temática blasfemadora dê essa sensação. Outro ponto positivo, que sempre foi uma característica da banda, o cantar em português – acho que é uma aposta que resulta e que as bandas deveriam apostar sempre. A ilusão da internacionalização só ser possível com o inglês é cada vez mais ténue e são álbuns como este que provam isso. Jarda do Brasil, bem boa e recomendada.

8.5/10
Fernando Ferreira

Coscradh – “Mesradh Machae”

2021 – Invictus Productions

Na realização destes comentários há várias ideias que, com o tempo, vão ficando cada vez mais vincadas. Uma delas é a de que existem bandas que claramente já têm boas ideias para o lançamento de álbuns, mas que por alguma razão ainda não o fizeram. Creio ser este o caso de Coscradh, uma banda irlandesa de death metal que se formou em 2015 e que para já lançou “apenas” 2 EP. O mais recente destes dois (que será/já foi lançado a 7 de maio), é intitulado de Mesradh Machae (nome que vai buscar aspetos antiquíssimos da cultura celta) e é prova que esta é uma banda a ter em conta. A única lamentação é mesmo a de que esta é uma companhia a manter por apenas 12 minutos. Este é um EP de death metal bruto, mas, estranhamente, também equilibrado que (com um pouco de pesquisa) permite molhar os pés no oceano que é a cultura celta. Agora só queremos um álbum de 40 e poucos minutos…

9/10
Matias Melim

Colossus – “Degenesis”

2021 – Comatose Music

Devo dizer que não percebo esta mania de se lançar álbuns com apenas sete temas e vinte cinco minutos de música e chamar-lhe álbuns. Porque não ter mais um ou dois temas? Bem, questões de gosto pessoal aparte, este é um excelente álbum de estreia cujo único defeito é mesmo não ter mais temas (prometo que não falo mais disto). Brutalidade técnica mas que nos deixa presos e não é o habitual banho de brutalidade pela brutalidade. Não há concessões melódicas, apenas bom gosto no que ao death metal mais técnico e violento diz respeito. Ajuda também isto ser pessoal bem rodado e experiente (com intervenção presente e/ou passada em entidades como Sektarius, Cereviscera, Cryptic Fog, Nocturne, Lividity e Putrefaction entre muitos outros). Seria perfeito não fosse só…

8.5/10
Fernando Ferreira

Leprosys – “Obnoxious Futuristic Vision”

2020 – PRC Music

Death metal a fazer lembrar muitas coisas thrash metal técnico. Ou seja diversão garantida. Para quem gosta do death metal old school assim como também gosta das cavalgadas e da componente técnica daquilo que se fazia no final da década de oitenta e inícios da de noventa. Não sei se seria esse factor nostálgico o principal objectivo mas posso dizer que foi logo à primeira uma da características que me fizeram ficara fã deles. E consegue algo que é bastante importante, soar a clássico em vez de soar a déjà vú. Soar a música que gostamos tanto que já parece que a conhecemos desde sempre em vez de ficarmos de pé atrás por parecer-se com isto ou com aquilo. Não é original mas é bom. Chega para mim.

8.5/10
Fernando Ferreira

Celestial Sanctuary – “Soul Diminished”

2021 – Redefining Darkness Records

Apesar deste ser um álbum de estreia, a sonoridade é de uma banda experiente e rodada. E porque não dizer, clássica. Claro que o rótulo do death metal old school faz com que se tenha logo essa percepção e apesar de não concordar que a banda também tem um pé no presente – não creio que essa dualidade seja assim tão equilibrada – há que afirmar que não se trata de uma pura homenagem aos primórdios do death metal. Nota-se sim, que são britânicos – há por aqui piscadelas de olho aos Benediction na era do “The Dreams You Dread” – ouçam o riff inicial da “Relentless Savagery e digam lá se não é assim”. Para os amantes do death metal mais clássico, esta é, sem questões adicionais, uma banda obrigatória. E poderá até infectar quem prefere coisas mais actuais.

8/10
Fernando Ferreira

Natron – “Hung Drawn & Quartered”

1997 / 2021 – Time To Kill Records

Um clássico esquecido. Acho que podemos chamar isso ao álbum de estreia dos italianos Natron. Importante para ter uma perspectiva de tempo mais correcta é ter em conta que em 1997, o death metal estava longe de ser a coqueluche do underground que era uns seis, sete anos antes, onde todas as propostas tinham algo de revolucionário a oferecer. Bastante cru e a seguir as regras do estilo mas ainda com uma qualidade assinalável. Percebe-se tanto o porquê de me ter passado despercebido na altura como também o interesse em voltar a apresentá-lo agora.

7.5/10 
Fernando Ferreira

Estuarine – “Nyarlathotep”

2021 – Edição de Autor

Bem vindos à jana. Nunca o termo avant-garde me soou melhor empregue do que para tentar – de alguma forma, sabendo que se está condenado ao fracasso – descrever o que é “Nyarlathotep”. Não só o título é difícil de dizer como também a música é difícil de ouvir e por isso é que nos contagia e puxa para ouvir cada vez mais. São oito temas que podemos encarar como um só já que todas as faixas se sucedem sem intervalo. No total são nove minutos que depois de findos nos fazem ficar a perguntar o que raio nos atingiu? Se disserem “ah foi apenas um grind avant-garde, de certeza de que não vão ficar satisfeitos com a resposta e vão querer ouvir mais uma vez. Garanto que não vão ficar mais esclarecidos por causa disso. Seria bom termos mais material (matéria) apra nos debruçar-mos mas pela amostra, está aqui uma entidade a manter debaixo de olho.

7.5/10
Fernando Ferreira

Disfigured Human Mind – “Danihell Slaughter Deve Ser Morto”

2021 – Murder Records

Regresso dos Disfigured Human Mind, sempre aquela entidade que nos coloca à prova. A nós e aos nosso limites, graças a uma sonoridade experimental onde o caos do noise se une a um certo espírito grind. Como sempre tudo improvisado – algo que se sente bem conforme andamos por estes temas. É uma experiência que teria mais impacto se fosse vivenciada ao vivo e que tem capacidade para alterar qualquer estado metal positivo. Mental e até espiritual. Haverão fãs desta sonoridade, principalmente pela tonalidade meio industrial que se assume de vez em quando (o épico “Sem Os Olhos Vendados” é talvez aquele onde isso se sinta mais e o ponto alto deste lançamento) e é a faceta mais interessante. Não é para os fracos.

6/10
Fernando Ferreira

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