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WOM Reviews – Baron Crâne / Closet Disco Queen & The Flying Raclettes / 10 000 Russos / Mandoki Soulmates / Heretic / Cryptex / Neal Morse / Chaos Over Cosmos

WOM Reviews – Baron Crâne / Closet Disco Queen & The Flying Raclettes / 10 000 Russos / Mandoki Soulmates / Heretic / Cryptex / Neal Morse / Chaos Over Cosmos

Baron Crâne – “Les Beaux Jours”

2021 – Mrs. Red Sound 

Que grande misturada que vai para aqui. Mesmo daquelas que gostamos. Os Baron Crâne tocam uma espécie de fusão entre heavy rock psicadélico e jazz de fusão progressivo. Parece que acabámos de inventar, não é? Mas não deixa de ser precisamente o que temos aqui – pronto se quiserem podem dizer que é uma mistura de rock progressivo psicadélico e fusão de heavy rock com jazz, como preferirem. Seja qual a prateleira em que queiram colocar, é intrigante a forma como os diferentes ambientes resultam bem e como apesar da salganhada e de temas diferentes, soa tudo uniformemente bem. Destaco por defeito os temas instrumentais por serem aqueles onde a beleza está mais evidente mas no geral é um álbum mesmo muito interessante e profundo.

9/10
Fernando Ferreira

Closet Disco Queen & The Flying Raclettes – “Omelette Du Fromage”

2021 – Hummus Records

Mudanças no campo dos Closet Disco Queen que começaram como projecto paralelo de membros dos Coilguns em formato duo (com Luca Hess e Jona Hido) e que agoram ampliam a sua formação com mais dois membros, Keving Galland (tambvém nos Coilguns) e Chadi Messmer, passando a ser uma nova entidade, acrescentando-se assim os The Flying Raclettes a esta equação, e o resultado é absolutamente fantástico. Música instrumental que vai bem além do rock progressivo ou do pós-rock. É visceral, é intenso mas também disposto a mostrar muitas mais emoções. É uma intensidade completamente nova mas não estranha ao som dos Closet Disco Queen. É bom, muito bom.

9/10
Fernando Ferreira

10 000 Russos – “Super Inertia”

2021 – Fuzz Club

10 000 Russos é uma daquelas bandas que não desilude. Apesar de se poder ter uma ideia pré-concebida daquilo que vão apresentar, não deixa de ser sempre uma surpresa positiva. “Super Inertia” é o quinto álbum e começa até de forma singela. “Station Europa” traz uns sintetizadores típicos da década de oitenta e um feeling krautrock que sabe bem mas é em “Saw The Damp” e no tema-título que a faceta psicadélica dá mais a cara. Ok, a faceta psicadélica está sempre presente, isso é um facto, até mesmo num tema mais curto como “A House Full Of Garbage”. Mais ainda no épico final “Mexicali/Calexico” que é mesmo de ir para o espaço sideral e ficar por lá bem mais do que os quase quinze minutos que dura. Um álbum ideal para outros tempos – principalmente onde se pudesse curtir esta música ao ar livre sem outras preocupações mas que reflecte a ironia da actualidade. Fora isso, é música para nos perdermos, o que é precisamente o que se pretende.

9/10
Fernando Ferreira

Mandoki Soulmates – “Utopia For Realists: Hungarian Pictures”

2021 – Inside Out Music

Há muito a contar sobre este projecto. O seu principal instigador, Mándoki László, fugiu da Hungria com um grupo de pessoas (onde se incluia Gábor Csupó o criador dos Rugrats e que também fez parte da equipa dos Simpsons) para a parte ocidental de Berlim de forma a evitar ser preso pelo regime comunista, algo que já tinha acontecido dezassete (17!) vezes. O talento destas pessoas fez com que se tivessem destacada cada um nas suas áreas, mas este trabalho faz com que Mandoki e Csupó se tenham reunido para materializarem o projecto na comemoração dos 30 anos da queda do muro de Berlim, unido a música e imagem de forma única. No CD temos o cd original, remisturado e remasaterizado. Depois no suporte visual temos o concerto de 2019, os filmes em separado que acompanharam a música no concerto e ainda um making of extremamente interessante. Musicalmente é extravagante e ideal para quem gosta de art rock e da mistura com jazz de fusão. Depois a quantidade de nomes que temos aqui é impressionante, estratosférica mesmo – de Ian Anderson (dos Jethro Tull) a Al Di Meola, passando por Jack Bruce (Cream) e Tony Carey (Rainbow). Uma autêntica viagem apresentada num pacote extremamente apetecível!

9/10
Fernando Ferreira

Heretic – “Feast”

2021 – Soman

Esta banda brasileira foi uma das grandes surpresas pessoais de 2021. E até tenho alguma vergonha em admitir porque a banda já anda por aí há bastante tempo, há mais de uma década para ser preciso. Tocam um metal progressivo cheio de influências da música do Médio Oriente, que dá um aspecto fantástico e até chega a acrescentar alguma agressividade a cada uma das músicas. Esta junção de mundos até poderá soar um pouco caótica por vezes mas depois de entrarmos no espírito do estilo da banda, não se vai querer outra coisa. O que também provaca é querermos voltar a ele muitas e muitas mais vezes, algo que acontece sem esforço. E deverá acontecer para que possa melhor ser absorvido, este é daqueles que é necessário mesmo interiorizar bem para ter uma experiência mais completa.

8.5/10
Fernando Ferreira

Cryptex – “Good Morning, How Did You Live?”

2011/2021 – Edição de Autor

Já fez anos que este álbum foi lançado e para comemorar a ocasião, aqui está ele outra vez reapresentado em vinil, numa edição extremamente limitada em vinil e remasterizada, havendo ainda espaço para uma faixa extra. Para muitos, como eu, será o primeiro contacto com a banda mas a fórmula de rock progressivo teatral da banda é bastante cativante. Este álbum tem aquele feeling dos musicais antigos, transportado para um universo rock, algo que já não se vê há bastante – talvez o último a fazer algo assim tenha sido o Meat Loaf ou, num universo diferente, os Trans-Siberian Orchestra. É refrescante, é catchy e é ideal para quem não se importa de ver o seu rock entrar por caminhos mais acessíveis. Para mim foi uma boa surpresa.

8/10 
Fernando Ferreira

Neal Morse – “Jesus Christ The Exorcist (Live At Morsefest 2018)”

2020 – Frontiers Music

Já aqui disse algumas vezes que os álbuns ao vivo que tocam na íntegra têm um interesse muito reduzido, a não ser para quem queira estasr presente no dito espectáculo. Para ter em casa e ouvir o que normalmente não foge (infelizmente) ao que está em disco, será natural por se optar primeiro para esse. Claro que falando de progressivo e de Neal Morse, há considerações a ter em conta. E fora isso, a importância destes álbuns é também de realçar a importância de ouvir um álbum por inteiro. Tal como um filme, tal como um livro. Claro que podemos ter passagens e cenas que nos falem mais ao coração, mas terá de haver uma apreciação global pelo trabalho e o trabalho, original, certamente merece essa valorização. Para os fãs do compositor e cantor, esta será certamente um pacote obrigatório – duplo CD e bluray – com mais de duas boas horas de música. Mesmo sem acrescentar muito ao álbum original.

7/10
Fernando Ferreira

Chaos Over Cosmos – “The Silver Lining Between The Stars”

2021 – Edição de Autor

Este é um projecto ao qual temos prestado alguma atenção embora o último contacto não se possa comparar com o(s) primeiro(s). Ainda assim, por alguma razão estranha, o anterior álbum, lançado em 2020 e de seu título “The Ultimate Multiverse” passou-nos ao lado. 2020 a ser 2020. De qualquer forma estamos aqui agora e é bom apreciar a evolução positiva por um lado em relação a “II”, nomeadamente na produção que longe de soar orgânica está mais sólida e forte. Mas o factor orgânico é mesmo aquele que me causa mais impacto. Causa impacto pela sua inexistência. E nem é o som da bateria – que é programada – é mesmo a forma como as guitarras ritmo soam sintetizadas. Quando se dá um foco enorme a uma precisão rítmica, parece que ficamos perante música regurgitada por um computador. Mais uma vez, não há nada de errado com isso, mas tendo em conta a atmosfera e ambiência bem conseguida, seria excelente encontrar algum factor orgânico principalmente nas guitarradas. Não deixa de ser impressionante e bem acima do já referido EP de 2020, e não deixa de trazer muita curiosidade em relação ao anterior álbum. Infelizmente não corresponde a todo o seu (imenso) potencial.

7/10
Fernando Ferreira

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