Review

WOM Reviews – Black Cilice / Ergholae Somptator / Gryftigæn / Vulture Lord

Black Cilice – “Tomb Emanations”

2021 – Iron Bonehead Productions

Sempre encarei os Black Cilice como estando num nível diferente da maioria dos actos de Black Metal em bruto; Black Cilice joga num campeonato próprio, usando a linguagem do Futebol. Que a verdade seja dita, Black Cilice faz a vida numa fase diferente da criação. Esta é a minha perspectiva, e é o que ela é. O facto de o cérebro por detrás dela ser português faz dela um acto de elogio obrigatório! Black Cilice tem estado a decorrer desde 2009, e já lançou, até agora, 25 lançamentos (Demos, EPS, Splits, Full-lengths, e Compilações). “Tomb Emanations” é o seu último lançamento após um álbum que não agradou a todos… Black Cilice tem essa capacidade: a sua música não é definitivamente para todos. Alguns actos que tenta, e tenta; alguns actos que acaba por desfrutar de um certo número de lançamentos; Black Cilice é aquele tipo de música que levou as premissas de um género, mais longe. As suas paredes de som, vozes enterradas sob a destruição organizada e planeada, aquelas melodias que são tão melancólicas e um clássico dos anos 90, mas frias como tudo. A capacidade criativa deste homem é imensa, e estas 2 canções mostram-na perfeitamente. Ele tem um sentido de melodia, de ambição, que poucos têm, e cada uma das suas construções é um passo em frente no seu crescimento artístico. Esse primeiro riff, sobre a primeira música, é maravilhoso! De certa forma, não são necessárias muitas palavras, ou mesmo capazes de escrever no papel. Black Cilice é uma criatura complexa, uma entidade muito bem pensada, e surpreende-me como ele pode permanecer tão honesto e fantástico. Reacção fanboyish?! Atrevo-me a dizer que não, mas admito que tenho este sentimento de orgulho pelo trabalho do homem. Penso que todos na comunidade Black Metal estão conscientes da Black Cilice, por isso não são necessárias mais palavras: ele fê-lo novamente. Não posso esperar pelo seu próximo lançamento.

9/10
Daniel Pinheiro


Ergholae Somptator – “Mille Vertiges Fondent Sur Les Âmes Vides”

2021 – Code666

A capa é simples, bem mais simples do que é o som. O duo francês volta à carga com um segundo álbum que surge um ano e meio após a estreia. Um álbum que prova que o black metal francês tem mesmo qualquer coisa que é única. Podemos lhe chamar factor esquisitice, ou simplesmente chamá-lo de peculiar, mas o que é certo é que é algo que se destaca de todos os outros. Os riffs de guitarra são intrincados e juntam-se a uma bateria que preenche o resto do espaço, em conjunto com as vocalizações, claro. Longe de ser algo minimalista – como supõe o facto de ser um duo (até porque tiveram um músico de sessão a tocar grande parte do baixo que se ouve aqui – este é um trabalho rico que prova, mais uma vez, como o black metal pode ir, com sucesso e sem deturpar o seu propósito, bem além do que aquilo que é suposto estar limitado pelo molde.

8.5/10
Fernando Ferreira


Gryftigæn – “Fehunðyrdauðr”

2022 – Inferna Profundus

Segundo álbum desta banda chilena que mostra como estamos cada vez mais a viver numa aldeia global. Apesar de ainda podermos contar com alguma espécie de regionalismo no tipo de som, quando temos uma banda do Chile a fazer black metal de acordo com a vertente escandinava é que nos apercebemos que estamos mais ligados que nunca. E esta vai mesmo para os fãs do black metal mais raw mas ao mesmo tempo mais ambiental. A produção é definida q.b. mas a dose de reverb nas vozes e na produção em geral faz com que a atmosfera seja o que mais se destaca. Uma atmosfera a lembrar algumas das propostas do final da década de noventa, mas com um nível bem superior na qualidade. É a melodia (macabra) que nos agarra, a melodia que a atmosfera assenta e se mostra mais eficaz que riffs ou qualquer elemento em separado. Para 2022 começar de forma bem fria, recomenda-se este álbum.

8/10
Fernando Ferreira


Vulture Lord – “Desecration Rites”

2022 – Odium 

Desta feita rumamos a Honefoss, Viken, Noruega, para analisarmos o mais recente desta máquina de Black / Thrash, de nome Vulture Lord. 18 anos passaram desde a edição do último – e primeiro – álbum da banda, “Profane Prayer”. Desde então, o sobejamente conhecido músico, Trondr Nefas (Beastcraft, Urgehal, entre outras), morreu, e a banda levou a cabo algumas mudanças de line-up, mas nada que retire poder e agressividade a este tanque de guerra norueguês, calma! O trabalho deste quarteto facilmente agradará a fãs de Aura Noir e Witchery, por exemplo. Temos um Thrash possante e assente em riffs dilacerante, ao qual se adicionaram vocalizações características de Black Metal, compondo um trabalho fortíssimo! Um pouco como o Thrash Metal em geral (opinião pessoal ahah), também este híbrido corre o risco de se arrastar para um marasmo, independentemente da sua qualidade, atenção! “Beneficial Martyrdoom” é um bom exemplo de uma banda a apresentar algo diferente do que o género em que se insere, “oferece”. Depois, e saídos desse marasmo, temos estes momentos energéticos e distintos! É Thrash, é Black Metal, mas esta malha é de imensa qualidade, onde os momentos mais lentos e complexos aportam um brilho especial à malha. Gostei bastante. Ouço que esta base isntrumental segue para a malha seguinte, “Burining the Kingdom of God”… sim senhor. Atenção! Estas duas malhas não divergem do todo do trabalho, mas destaco-as face à maioria. São cerca de 38 minutos de um Black Thrash que segue as linhas distintivas do género, mas que apresenta apontamentos distintos. Fãs de Thrash Metal, e de Black Metal, isto é para vós!

7/10
Daniel Pinheiro


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