Review

WOM Reviews – Borknagar / Mavorim / Abkehr / Spectral Dance

WOM Reviews – Borknagar / Mavorim / Abkehr / Spectral Dance

Borknagar – “Borknagar”

1996 / 2021 – Century Media

Vinte e cinco anos de uma pequena pérola do black metal que muitas vezes é esquecida. Talvez pela mutação que a banda foi tendo ao longo da sua carreira e da sua abordagem/aproximação ao progressivo e folk. Aproximação que aqui já se notava, a vontade de fazer algo diferente, mais para além do simples black metal, graças a muitos temas instrumentais. O facto de Garm evidenciar logo um dote vocal impressionante, principalmente quando canta com voz limpa, o facto de termos Ivar Bjørnson dos Enslaved nas teclas, enfim, muitas razões para ficar curioso. Esses dois mundos, essa identidade ainda muito embrionária é possível agora apreciar com maior clareza. Mas não é só um produto apetecível para quem não conhecia. Mesmo quem já tem, esta reedição masterizada vem carregada de bónus. Um disco extra cheio deles, com temas registados ao “vivo” (em estúdio), misturas alternativas, ensaios. Tudo cheio de interesse e garantindo também a melhor forma de comemorar vinte e cinco anos.

9/10
Fernando Ferreira

Mavorim – “Non Omnis Moriar”

2021 – Purity Through Fire

Quando se mergulha nesta viagem que é “Non Omnis Moriar”, desde o início que se percebe que será algo muito especial. Uma aura que surge logo na intro atípica. “Prolog” parece a banda sonora de um filme de terror italiano ali entre a passagem da década de setenta para a de oitenta. Quando a mesma passa, vem aquilo que realmente interessa, black metal de acordo com a segunda vaga escandinava e onde as melodias são memoráveis. Para quem não percebe o fascínio com os riffs em tremolo picking, talvez este seja o ponto onde possa mergulhar para se converter. A ajudar a atmosfera temos por vezes uns teclados mas os mesmos são bastante discretos. Temos também algumas ocasionais incursões pelo folk sem que nunca se perca o foco do black metal ou que se dilua a sua intensidade. Na realidade, na minha opinião é precisamente esta dinâmica que ainda lhe dá mais poder. Um álbum que se houve de repetida e sem enjoar.

8.5/10
Fernando Ferreira

Abkehr – “In Blut”

2021 – Vendetta

Alemanha, país de bom Black Metal: Nagelfar e Graupel são dois dos nomes que me vêm à memória, sendo que a aos segundos a banda em análise é associada (associação por sonoridade, segundo o Metal-Archives). “In Blut” é o terceiro trabalho deste duo formado em 2015. Black Metal de cariz negro e denso, aterrador e, aqui e ali, com linhas melódicas arrastadas e quase DSBM, sem vez alguma ceder ao que o sub-género “exige”. Um pouco à semelhança dos nomes acima mencionados, estes alemães apresentam um som rico em camadas, em mudanças de ritmo e pouco previsível. Pequenos solos, riffs rápidos e acutilantes, ambientes mórbidos e claustrofóbicos. É-nos apresentada toda uma panóplia de situações. Aliás, são essas mudanças, quebras, “cortes”, chamem-lhes o que mais vos agradar, que dá esta riqueza ao som da banda. A banda apresenta 4 temas, cada um acima da marca dos 5 minutos, temas esses em que se nota um crescendo claro, onde as vocalizações, angustiantes e sofridas, nos arrastam… como caminhar um corredor privado de luz, repleto de sujidade e odores nauseabundos. Se a intenção era “enojar” o ouvinte, tal foi conseguido! O duo consegue criar essa imagem mental, associando-a a uma banda-sonora digno desta. Onde entra o DSBM? Quiçá não entre, e eu tenha sido levado a erro, mas ainda assim há todo um sentimento de desespero e sofrimento… mas nada de DSBM. Uma boa proposta, especialmente para aqueles que querem que o Black Metal vá um pouco mais além das (quase herméticas) estruturas de sempre, mas que se mantenha Black Metal.

7/10
Daniel Pinheiro

Spectral Dance – “Crusaders Of The Void”

2022 – Helldprod

Sabem a sensação de conhecer uma banda sem a conhecer realmente essa mesma banda? Foi algo parecido que senti ao ouvir este álbum de Spectral Dance, que é uma one-man band de Jo Capitalicide, que tem outras cento e quinhentas bandas onde se incluem as recém aclamadas aqui no burgo Ice War e Devil Cross. Com o foco óbvio no black metal – e é óbvio pelo trabalho gráfico, este quarto trabalho (porra, quarto já e eu nunca ouvi falar disto. Sem stress, pode ser distracção mas a verdade é que o moço é prolifero. Black metal com muito doom à mistura e sem esquecer aquele feeling mais épico do heavy metal dá uma boa e interessante mistura. Não é dos projectos mais interessantes do amigo Jo mas sem dúvida que está a caminho disso.

7/10
Fernando Ferreira

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