WOM Reviews – Burning Witches / Hammer King / Black Flare / Gasoline Guns / Adrian Benegas / Anahata / Rebellion / Ballsqueezer
Burning Witches / Hammer King / Black Flare / Gasoline Guns / Adrian Benegas / Anahata / Rebellion / Ballsqueezer
Burning Witches – “The Witch Of The North”
2021 – Nuclear Blast
Depois de três demos na primeira década do milénio, os Fastian Pact apresentam um álbum que parece que até é mais antigo, vindo da década de noventa. Aquele black metal ligeiramente melódico ainda que algo cru. Tem um encanto muito próprio. Encanto do passado mas que é válido tanto agora como o seria na altura. Talvez este seja um trabalho que está voltado para o passado, não existem dúvidas em relação a isso… no entanto, não deixa de ser inegavelmente cativante e eficaz. Uma boa surpresa a provar que por vezes as expectativas crescem e são correspondidas.
9/10
Fernando Ferreira
Hammer King – “Hammer King”
2021 – Napalm
Tenho a tendência (ingénua, eu sei) de pensar que quando uma banda lança um trabalho auto-intitulado, deve ser especial. Nem sempre é o caso e nem sempre as bandas têm o discernimento para decidir se esse trabalho será aquele que é forte o suficiente para não ter título. No caso dos Hammer King, tal nem deve andar muito longe da verdade. Quarto álbum onde a fusão entre o power e heavy metal é feita de forma magistral. Sem grandes lugares comuns – alguns não são sequer para evitar – e com um foco em fazer grandes temas, os alemães demonstram ter um pedigree mais americano do que europeu e isso também é algo refrescante. Este estilo de som pode não ser popular hoje em dia como era duas décadas atrás mas este rei do martelo está-se a borrifar para isso. A sua única preocupação é mesmo dar aos seus súbditos heavy metal de qualidade. E isso é precisamente o que faz.
9/10
Fernando Ferreira
Black Flare – “Black Flare”
2021 – Firecum Records
Enormes expectativas para esta estreia discográfica dos Black Flare um projecto com membros de Simbiose (Luís na bateria e Nuno na guitarra) e Toxikull (Antim no baixo e voz). Há partida até parecia uma união improvável, afinal os Toxikull tocam speed metal enquanto os Simbiose são referência incontornável do grind/crust nacional. Mais improvável seria ver que este trabalho auto-intitulado é um grande heavy metal segundo a matriz mais tradicional do género. Com uns laivos de doom (muitos poucos) o power trio (mete power nisso) foi beber à influências mais clássicas do género a apresenta um álbum que se tivesse sido lançado em 1979, seria um álbum de culto. Não querendo dizer que é retro. Apenas é uma interpretação do que se pode entender como heavy metal. Simples, cheio de feeling, seguro ritmicamente, guitarra fantástica e uma voz marcante. Está aqui o início de uma carreira que urge ver crescer.
9/10
Fernando Ferreira
Gasoline Guns – “Motor Cult”
2021 – Mythrone Promotion
Gasoline Guns, um nome que indica logo ao que vem, ajudado claro pela capa e pelo título. Aquele feeling southern rock/metal misturado com a rebeldia dos incontornáveis Motörhead. Também com títulos como “Bourbon Burns” e “Wheels Of Rust”, nem poderia ser de outra forma. A produção poderosa acenta como uma luva aqui e ainda acrescenta mais peso e groove ao groove natural que já tem – e não, groove não é algo mau. Principalmente quando surge com solos inspirados como aquele que se pode ouvir na “This Road Is a Snake”. Um álbum para ouvir na estrada ou num bar ou simplesmente em casa, quando o calor (que já se sente) aperta e obriga a ter uma gelada na mão. Segundo álbum cheio de qualidade.
8/10
Fernando Ferreira
Adrian Benegas – “Diamonds In The Dark”
2021 – Edição de Autor
Não sabia bem o que esperar deste trabalho, principalmente por não estarmos perante uma banda no sentido mais tradicional da palavra e sim de um músico, portanto as hipóteses até eram bastante vastas. Este EP traz-nos um hard’n’heavy pouco convencional, ligeiramente orquestral mas sem soar a déjà vú. Melodias marcantes, uma voz fantástica e um verdadeiro talento como compositor, “Diamonds In The Dark”, sendo um EP, soa como um aperitivo de um álbum que tem tudo para interessar aos amantes da música pesada.
8/10
Fernando Ferreira
Anahata – “Auspicious Atavism”
2021 – Edição de Autor
Estreia deste projecto que junta músicos canadianos e australianos – as maravilhas da tecnologia ao serviço do metal – e que traz um bom e variado feeling de heavy/power metal, ajudado em muito pela fantástica voz de Ioan Tetlow, cujo timbre bem característico – e ideal para a variante mais épica das sonoridades tradicionais. Um trabalho bem dinâmico e variado (ouvir diferentes moods em temas como “Strength Through Steel” e “Son Of Fate” como prova disso mesmo) e que consegue deixar uma excelente primeira impressão sobre o projecto. Não se prevê que o mesmo possa ir para os palcos, ainda para mais numa altura destas mas há um espaço para progressão muito interessante em relação ao futuro.
8/10
Fernando Ferreira
Rebellion – “We Are The People”
2021 – Massacre Records
Desde o último álbum de originais dos alemães Rebellion que pudemos assistir a uma revolução no seu alinhamento, com a saída primeiro do guitarrista Oliver Geibig e depois do outro guitarrista Stephan Karut que acompanhou o baterista Tommy Telkemeier. Para os lugares vagos vieram Martin Giemza, Fabrizio Costnatino e Sven Tost, respectivamente. Não podemos dizer que tenhamos tido uma revolução no som da banda onde o heavy/power metal musculado continua a ser o principal foco mas este é um álbum mais exigente, menos vistoso. Será também de louvar este arriscar. O conceito é mais abrangente, focando vários temas, várias eras, tendo como ponto comum a história da democracia ou da falta dela. Custou a entrar e sente-se como um álbum de transição mas ainda assim, os fãs deverão gostar.
7/10
Fernando Ferreira
Ballsqueezer – “Old Scotch Ale”
2021 – Edição de Autor
Sinais de alerta. Assim que fui investigar mais sobre esta banda eslovaca, encontrei diversos sinais vermelhos. Primeiro, com a carreira discográfica da banda a começar em 2013, este é já o seu décimo terceiro álbum, o que dá uma média estupidamente alta de álbuns por ano. O facto das capas serem algo infantis e de termos uma média abaixo da meia hora por álbum também não ajuda. Pelo título, até esperava folk ou power metal (a descrição da banda no Metal Archives é mesmo essa, power metal), mas não esperava o que se pode encontrar aqui. Depois de uma abertura acústica com “Bodom Lake”, temos boas surpresas metálicas e dá para perceber a toada humorística mas em termos musicais, há bons momentos metálicos que prendem a atenção. Mas tenho que relembrar, as expectativas eram bastante más, portanto terão de ter isso em consideração. Este álbum vale sobretudo pelos bons leads – que por vezes até são alegres demais – e por me ter conseguido surpreender. Os mais exigentes poderão pensar diferente, mas o efeito em mim foi positivo o suficiente para me aventurar no resto da sua discografia.
6.5/10
Fernando Ferreira